Dossiê Verde: Plataforma Liderança Sustentável, da Inspiração à Educação

Dossiê Verde: Plataforma Liderança Sustentável, da Inspiração à Educação

Em 2011, a Plataforma Liderança Sustentável lançou as suas bases. E fez, ao longo de seis meses, exatamente o que havia se proposto a fazer: com base nos achados do livro Conversas com Líderes Sustentáveis, de Ricardo Voltolini, andou por várias cidades brasileiras e promoveu uma disseminação das ideias sobre liderança para a sustentabilidade, visando identificar, inspirar e conectar jovens líderes. Para essas tarefas, apoiou-se em cinco animados encontros regionais e num portal, com estudos, pesquisas, opinião e depoimentos – os vídeos de palestras dos presidentes entrevistados no livro circularam livremente nas redes sociais, em eventos temáticos, comitês de sustentabilidade e aulas sobre sustentabilidade em escolas de negócio, transformando-se numa espécie de marca registrada da Plataforma.

Para 2012, a fase inspiracional deve continuar firme e forte – até porque 36 cidades, dezenas de universidades, organizações e empresas de todo o país manifestaram interesse em receber o encontro da Plataforma. Mas uma segunda etapa, de natureza educacional, começará a nascer no segundo semestre, como resultado coerente do projeto original e também das demandas percebidas na interação, ao longo de 2011, com empresas, escolas de negócio e federações de indústrias.

Enquanto a fase inspiracional procura oferecer respostas aos “porquês”, estimulando reflexões a partir das histórias de líderes que já fizeram ou estão fazendo a diferença nas melhores e maiores empresas brasileiras, a etapa educacional tratará de apontar caminhos para os “comos”. O primeiro movimento tem a ver com como as empresas mais destacadas no tema da sustentabilidade estão envolvendo e educando líderes de negócios para os desafios da economia verde. É uma abordagem que, além de estar na proposta original da Plataforma, reforça o debate que será feito na Rio+20 em torno da construção de uma economia mais sustentável.

Este será, portanto, o “tema” do principal encontro da Plataforma Liderança Sustentável, no dia 14 de agosto de 2012. Nessa data, usando a mesma dinâmica de palestras curtas e inspiradoras, presidentes de 10 empresas relatarão suas experiências, que serão gravadas em vídeo e registradas em livro. Na sequência, sempre com o apoio do SESI, outras cinco cidades deverão receber encontros realizados sob o mesmo formato de 2011, sempre com a participação de, pelo menos, um presidente inspirador e um líder local. “O formato se mostrou bem-sucedido para a nossa missão de gerir conhecimento em liderança para a sustentabilidade. E vamos seguir nele”, afirma Ricardo Voltolini.

“Uma das coisas que aprendemos rodando o Brasil é que a demanda é muito grande, superior à nossa capacidade física. Para atendê-la, vamos lançar mão da estratégia de disponibilizar os conhecimentos no Portal, na forma de kit básico e vídeo, para que qualquer indivíduo, em qualquer lugar do país, possa iniciar movimentos para a discussão da liderança em sustentabilidade ou a educação de líderes em sua empresa”, complementa Voltolini, idealizador do projeto.


PARTE 1 – OS NÚMEROS

Os números da Plataforma Liderança Sustentável, em 2011, confirmam o seu alcance. Contabilizando veiculações em revistas, jornais, rádios, encontros regionais, palestras, cursos, aulas magnas, entrevistas online e videochats, visualizações de videodepoimentos, publicações online, portal e redes sociais, as mensagens sobre liderança para a sustentabilidade atingiram um público estimado de 3 milhões de pessoas em todo o Brasil e também fora do país. De acordo com metodologia adotada pelo mercado, considerou-se uma amostragem de apenas 10% do público potencial dos veículos impressos e online.

71 eventos conectaram líderes em todo o Brasil

850. Esse foi o número de líderes empresariais atingidos diretamente nos seis encontros regionais (São Paulo, Brasília, Vitória, Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro). A eles coube disseminar em suas empresas e redes os conteúdos apreendidos sobre liderança para a sustentabilidade. Outros 500 líderes de diferentes países do mundo tiveram acesso às ideias do projeto em encontro internacional do Seminário Internacional do Lead (Leadership for Environment and Development), programa de formação de líderes do qual Ideia Sustentável participou em outubro de 2011.

66 encontros presenciais foi o número de eventos – palestras, workshops, aulas magnas e grupos de trabalho – realizados ao longo de 2011, em empresas, associações classistas, universidades, escolas de negócio e federações de comércio e indústria. Essa demanda segue firme e consistente em 2012. Até o fechamento deste Dossiê Verde, já foram realizados, em 2012, cinco encontros desse tipo, três em São Paulo e dois em Belo Horizonte.

Como resultado desse esforço, o movimento alcançou diretamente 7.200 pessoas, em diversas cidades brasileiras. Considerado o fato de que a maioria dos participantes representava, mais do que a si mesmos, empresas e organizações específicas, e a participação nos eventos técnicos tinha o objetivo de aprender para repassar, os conhecimentos adquiridos foram multiplicados em diferentes redes profissionais, o que impactou indiretamente um público estimado em 21.600 pessoas (multiplicação de três pessoas por participante).

Estratégia dos videodepoimentos ajuda a disseminar, mais rápido, as ideias da Plataforma

18 mil. Esse foi o número de visualizações (até 28/02/2012) dos 23 videodepoimentos disponíveis no portal Plataforma Liderança Sustentável, que concentra ainda estudos, matérias e artigos de opinião. Além das oito palestras gravadas (Fábio Barbosa, Guilherme Leal, Paulo Nigro, José Luciano Penido, Luiz Ernesto Gemignani, Miguel Krigsner, Héctor Núñez e Kees Krhuythof) no evento de lançamento do projeto (02/06/2011) e dos dois depoimentos pré-gravados (Franklin Feder e José Luiz Alquéres), foram postados ainda depoimentos de Adalberto Marcondes (Envolverde), Dalberto Adulis (ABDL), Fernando von Zuben (Tetra Pak), Malu Pinto (Santander), Marcus Nakagawa (Associação dos Profissionais de Sustentabilidade) e Ricardo Young (Conselho do Ethos).

A média diária do conjunto de vídeos é de 100 views. Um feito importante se considerarmos que se trata de um projeto para público específico baseado no registro de palestras com 15 minutos. Atendendo a solicitações feitas por professores e coordenadores de universidades e escolas de negócio, os vídeos foram gravados e reproduzidos em situações de educação executiva, aulas de MBAs, cursos, grupos de trabalho, comitês de sustentabilidade – compondo uma dinâmica de disseminação relevante e também impossível de mensurar e controlar.

Matérias específicas em 10 jornais, quatro revistas e três rádios atingiram um público estimado em mais de 500 mil pessoas. Apenas as entrevistas e videochats em outros10 veículos impactaram 3 mil indivíduos. E as publicações em 81 veículos online chegaram a um público potencial de 508 mil pessoas.

Nas redes sociais, com todo gás. Apoio de formadores de opinião da área foi decisivo

O mais importante trabalho de disseminação se deu nas redes sociais. A elas é possível atribuir boa parte do sucesso do projeto. Foram quatro meses de campanhas, que se apoiaram nas ferramentas de Facebook e Twitter.

No Facebook, os 437 posts tiveram 4.415 likes e foram compartilhados 651 vezes, levando a mensagem da liderança para a sustentabilidade a um universo de 386,7 mil pessoas. Já no Twitter, registraram-se 900 tweets e 376 retweets, que alcançaram 625 mil pessoas. Somadas as duas redes sociais, os 1.337 posts (até dezembro/2011) atingiram estimativamente 1,01 milhão de pessoas.

No período de junho a dezembro de 2011, o portal Plataforma  Liderança Sustentável recebeu mais de 110 mil visitantes. Os números mais uma vez são estimativos e observam os critérios de mensuração normalmente aplicados a redes sociais.

Parcerias feitas com portais especializados em sustentabilidade, administração e gestão ampliaram em muito o espectro de audiência, atingindo um tipo de público que pode ser classificado como de “não convertidos” – isto é, gente que não costuma circular nos eventos de sustentabilidade nem trabalhar diretamente com o tema nas empresas e universidades. Um bom exemplo é o portal Administradores.com.

As campanhas mensais baseadas em vídeos de alguns dos presidentes entrevistados (Fábio Barbosa, Paulo Nigro e Guilherme Leal) revelaram-se decisivas no aumento do número de views dos vídeodepoimentos.

Fase inspiracional deve seguir firme com a solicitação de 36 cidades

Como consequência do trabalho de divulgação em todo o país – e mais especificamente de uma teia de recomendações feitas por especialistas nas redes sociais – a Plataforma Liderança Sustentável recebeu cerca de 36 solicitações formais de cidades interessadas em receber os seus encontros.

Entre elas: Porto Alegre (RS), Caxias do Sul (RS), Bento Gonçalves (RS), Cuiabá (MT), Campinas (SP), São Bernardo do Campo (SP), Manaus (AM), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Recife (PE), Salvador (BA), Londrina (PR) e Goiânia (GO). Parte dessas cidades será atendida ao longo de 2012, em continuidade à fase inspiracional, a começar por Cuiabá (março) e Caxias do Sul (abril).

Já em sua segunda edição, o livro Conversas com Líderes Sustentáveis, base conceitual do trabalho da Plataforma Liderança Sustentável, transformou-se em leitura recomendada em importantes universidade e escolas de negócio brasileiras, como por exemplo, o SENAC e a Fundação Dom Cabral.

Em algumas empresas, como AES Brasil, Odebrecht, Ultragaz, Roche e Saab Coca-Cola, o livro foi distribuído para grupos de executivos com o propósito de fortalecer conhecimentos e princípios ligados às políticas de sustentabilidade. A expectativa é que esse tipo de demanda mais do que dobre em 2012, a julgar pelas solicitações expressas de algumas empresas.

PARTE 2 – OS ENCONTROS REGIONAIS

Primeira parada: Brasília

O primeiro dos cinco encontros regionais da Plataforma Liderança Sustentável ocorreu no dia 24 de agosto de 2011, na sede da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra).

Com o apoio do SESI, principal parceiro articulador, o evento reuniu cerca de 90 executivos locais para discutir como pensam, agem e tomam decisões os líderes sustentáveis. Como se tornaria praxe nos demais encontros, o de Brasília contou com um depoimento inicial do consultor Ricardo Voltolini, autor do livro Conversas com Líderes Sustentáveis, abordando os cinco pontos que distinguem esses líderes dos convencionais: crença e prática nos valores de sustentabilidade, olhar do tema sob a ótica da oportunidade, capacidade de colocar o conceito na estratégia, coragem e resiliência para conduzir mudanças complexas e habilidade de comunicar e criar sinergias em torno dos desafios de sustentabilidade.

Para exemplificar os atributos distintivos, Voltolini utilizou como exemplos os estudos de caso de líderes retratados no livro. Em seguida, falou o líder convidado. Ex-presidente da Light, o engenheiro e urbanista José Luiz Alquéres lembrou algumas das histórias contadas no livro, apresentou suas teses sobre cidades “energívoras” e propôs um debate interessante com os participantes a respeito dos direitos da natureza.

Ex-presidente do Conselho do Banco Santander, hoje presidente do Grupo Abril, Fábio Barbosa não pôde comparecer ao evento em virtude de compromissos profissionais de última hora. Sandro Marques, superintendente de Sustentabilidade do banco, leu uma carta escrita por Barbosa desculpando-se pela ausência e convidando os presentes a refletirem sobre os desafios de gestão da sustentabilidade.

Ao final, os participantes puderam dirigir perguntas a Voltolini, Alquéres e Marques, encaminhando questões importantes como, por exemplo, colocar a sustentabilidade na cultura organizacional, formar líderes, criar ambiente favorável para a inovação ou mesmo superar resistências comuns entre funcionários e colaboradores.

“Foi um enorme prazer receber a Plataforma Liderança Sustentável logo depois do grande lançamento em São Paulo. O encontro no Distrito Federal nos proporcionou reunir importantes lideranças locais para discutir como inserir a sustentabilidade na gestão dos negócios. Aprender com a experiência de outros líderes é sempre mais prático, objetivo e interessante. A Plataforma consegue disseminar conteúdo de excelente qualidade e também oferecer a oportunidade de uma experiência aprofundada de troca de informações”, disse Regiane Santos, gerente de Responsabilidade Social do SESI-DF.

Os dirigentes da Fibra assumiram publicamente, no encontro, o compromisso de pautar a discussão da liderança sustentável em todos os fóruns apropriados da instituição. Sessenta livros foram entregues aos líderes empresariais locais. À tarde, nos intervalos da realização do curso Caminhos e Desafios do Santander, oferecido aos participantes, Voltolini se reuniu com diversos líderes.

Foram vários momentos de reflexão. E de conversas animadas sobre como incorporar os ensinamentos propostos. “O tempo voou desde que a Plataforma veio a Brasília. Muitas coisas mudaram – e para melhor. A passagem desse movimento por aqui foi um marco, comentado ainda hoje. Seu site é uma ferramenta. E um ponto de encontro para a minha atividade empresarial e classista”, relatou, em fevereiro último, Marcio França, um dos diretores da Fibra.

Em Vitória, engajamento garantido

Depois de passar por Brasília, o projeto seguiu viagem à Vitória com o objetivo de identificar, inspirar e conectar jovens lideranças daquela capital. Com o apoio do SESI, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) recebeu, no dia 5 de outubro, cerca de 120 pessoas para o segundo encontro regional da Plataforma Liderança Sustentável. Entre os líderes presentes, representando empresas de pequeno, médio e grande porte, destacaram-se alguns presidentes.

Além da palestra inicial de Ricardo Voltolini, também participou do encontro José Luciano Penido, presidente do Conselho da Fibria. Só que, inusitadamente, por meio de videoconferência. A forte chuva na capital capixaba fechou o aeroporto local, obrigando o executivo a pousar em Belo Horizonte (MG). De lá, com o pronto auxílio tecnológico de um tablet, e sentado à mesa de um restaurante, Penido falou por 30 minutos com uma plateia atenta e interessada.

Em sua palestra, ele lembrou histórias narradas no livro, ressaltando o seu primeiro insight para a importância dos impactos sociais e ambientais do negócio, a tese do “lucro admirado” e também a ideia de que líderes devem ser preparados para liderar com valores e conviver com as adversidades e opiniões contrárias. “Eles nunca vão errar se agirem de acordo com os seus próprios valores”, disse Penido, em entrevista ao final de sua participação.

“A despeito dos problemas meteorológicos, que impossibilitaram a presença física do líder da Fibria, o seu depoimento foi bastante aplaudido, as pessoas entenderam o espírito da Plataforma, participaram efetivamente e assumiram o compromisso de incorporar as lições aprendidas na gestão de seus negócios”, comemorou Voltolini.

No período da tarde, Laura Oltramare e Linda Murasawa, ambas superintendentes executivas de Desenvolvimento Sustentável do banco Santander, coordenaram o programa Caminhos e Desafios, curso que já capacitou cerca de 4.500 profissionais de quase 3.000 organizações. Valores como prática de gestão, engajamento de stakeholders e inserção da sustentabilidade nos negócios foram alguns dos temas trabalhados com os jovens líderes participantes.

Em Belo Horizonte, horizontes ampliados

Em 20 de outubro, a Plataforma Liderança Sustentável chegou a Belo Horizonte (MG).

Integrado ao Seminário Internacional Futuro Sustentável, o terceiro encontro regional reuniu cerca de 130 líderes em torno de um painel denominado Cooperação e Liderança – O que aprender com quem fez ou está fazendo a mudança para a sustentabilidade. As discussões do painel abordaram a necessidade de líderes (políticos, empresários, ambientalistas e demais organizações representativas) com coragem, determinação e capacidade de construir as condições para um desenvolvimento sustentável. Focaram a tese de que líderes sustentáveis são imprescindíveis porque valorizam a cooperação na gestão do negócio. E, por conta disso, dirigem empresas competitivas e, ao mesmo tempo, respeitosas em relação aos recursos naturais e ao desenvolvimento humano.

Participaram do painel, além de Voltolini e José Luciano Penido, da Fibria, um jovem líder local, Flávio Roscoe Nogueira, presidente da Colortextil e do Sindimalhas. Em seu depoimento, Nogueira afirmou ser uma causa pessoal a formação de líderes para a sustentabilidade: “Eventos como este ajudam a difundir os valores do tema. E inspiram os que ainda não tinham pensado no assunto a tomarem uma atitude. Os que já vêm fazendo saem daqui com um repertório melhor de ideias para implantar em suas empresas. Se tiver conseguido sensibilizar duas ou três pessoas, ficarei satisfeito”, disse o empresário.

Já o mineiro Penido, aplaudido de pé pelos participantes, fez questão de ressaltar o inegável valor gerado pela sustentabilidade à carreira e aos negócios: “Ninguém se arrepende de valorizar pessoas e construir o futuro em paralelo com as comunidades em que atua. Os resultados são sempre mais sólidos e consistentes”, concluiu.

Ao final das palestras, Voltolini comandou uma dinâmica “invertida”, de 45 minutos. Em vez de os participantes dirigirem perguntas aos líderes, o consultor os provocou a responder três questões-centrais: (1) Quais são os desafios de sustentabilidade na sua organização? (2) Como a liderança de sua organização pode ajudar no enfrentamento desses desafios? e (3) Que características de liderança sustentável você  acredita possuir? Os convidados fizeram o papel de tutores e conselheiros, comentando as respostas.

“Saio daqui com uma boa angústia, com o desejo de fazer mudanças nas minhas vidas pessoal e profissional. Fiquei muito empolgada ao ver que existem líderes, à frente de grandes empresas brasileiras, fazendo diferença, liderando pelo exemplo e inspirando com atitudes”, afirmou Tarcisia Ramalho, gerente de Responsabilidade Social da Comau, empresa de inovações tecnológicas do Grupo Fiat.

O empresário Sérgio Cavalieri, presidente do Conselho de Administração da ALE e vice-presidente da FIEMG – Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, teve participação bastante ativa na dinâmica. Difusor da ideia de liderar com valores, ele respondeu com muito entusiasmo à pergunta dirigida pelo consultor.

E, ao final dos trabalhos, deu o seu depoimento: “Sustentabilidade se faz todos os dias. Mas um encontro deste nível representa um momento de animação extra, uma motivação adicional. As ideias aqui debatidas atualizam as pessoas sobre o que pode ser feito no campo da sustentabilidade empresarial”, disse.

Em Salvador, dois líderes de grandes empresas da casa

Nem a inusitada tempestade que, no dia 21 de outubro de 2011, desabou sobre Salvador impediu o último encontro regional da Plataforma Liderança Sustentável na Federação das Indústrias da Bahia. Aberto por Wagner Fernandes, superintendente do Sesi no estado, o evento contou com palestra de Ricardo Voltolini, diretor presidente de Ideia Sustentável.

E também com a participação de Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais e Desenvolvimento Sustentável da Braskem, e Sergio Leão, responsável pelo programa de sustentabilidade da Construtora Norberto Odebrecht – empresas fortemente ligadas ao estado da Bahia.

“A sustentabilidade precisa ser, de fato, o papel indelegável do líder”, declarou Marcelo Lyra após fazer uma análise das modificações no conceito de sustentabilidade ao longo da história e da implementação do tema na gestão dos negócios da Braskem. “O líder é aquele que tem o espírito do tempo”, destacou Sérgio Leão em sua apresentação, lembrando frase do Dr. Norberto Odebrecht, fundador da construtora.

“O que procuramos fazer na Odebrecht é mostrar aos nossos líderes que eles devem ser agentes de mudança para a sustentabilidade. Aprendendo com a experiência. Não existe fórmula fechada. Aprendemos, na prática, fazendo, com os resultados dos casos bem-sucedidos mas também a partir de reflexões sobre caminhos que não deram tão certo”, contou Leão.

“Fóruns como este da Plataforma Liderança Sustentável contribuem muito porque reúnem experiências de diferentes atores e podem fazer chegar mais rápido diálogos importantes ao mundo empresarial”, avaliou. Arlinda Coelho, gerente de Responsabilidade Social da FIEB, se disse emocionada com os depoimentos dos lideres convidados. “Um líder tem que emocionar, pois, assim, ele passa veracidade. Suas ideias são transmitidas com mais ênfase e mobilizam mais pessoas. Sem dúvida, vimos isso muito bem neste evento da Plataforma”, disse.

No Rio de Janeiro, três líderes inspiradores

Realizado no dia 7 de novembro, o encontro na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) contou com 90 participantes.

E, na avaliação de Voltolini, foi dos mais animados.

Além do consultor, contaram suas histórias dois líderes inspiradores: Héctor Núñez, ex-presidente do Walmart no Brasil, e Luiz Ernesto Gemignani, presidente do Conselho de Administração do Grupo Promon.

Em seu depoimento, Núñez compartilhou os principais aprendizados do tempo em que dirigiu o Walmart, transformando essa importante rede global de varejo em protagonista da discussão de sustentabilidade empresarial no Brasil.

“Meu primeiro desafio era envolver 85 mil funcionários, em sua grande maioria pessoas simples, em um grande processo de mudança, integrando-os com os valores da empresa mas também chamando sua atenção para a sustentabilidade em suas vidas pessoais”, lembrou Núñez.

A resposta não poderia ser outra senão educação. Entre outras passagens importantes de sua trajetória, destacadas no livro Conversas com Líderes Sustentáveis, o executivo recordou o famoso “pacto” proposto a organizações da cadeia de fornecedores da empresa de não comercializar produtos que, de alguma forma, prejudicassem a Amazônia.

E ressaltou ainda o projeto Sustentabilidade de Ponta a Ponta, cujo objetivo é desafiar marcas tradicionais a rever a produção de bens de consumo a fim de levar às lojas do Walmart produtos mais sustentáveis. “Um líder deve se cercar de pessoas tão ou mais competentes do que ele. Seu dever é aprender sempre, e não saber tudo”, explicou.

Já Luiz Ernesto Gemignani contou a história da Promon, destacando o quanto a sustentabilidade faz parte dos ideais da empresa – nos anos 1960, a companhia elaborou uma “carta de intenções” que já continha alguns valores hoje enquadrados no campo da sustentabilidade.

“Um desses ideais é entender o lucro não como fim, mas como meio de o Grupo atingir seu propósito social”, ressaltou. Segundo Gemignani, o foco em valores representa base fundamental para se inserir a sustentabilidade na gestão do negócio. Foi justamente a solidez de princípios – enfatizou – que levou a Promon a, por exemplo, abrir mão de clientes cujas ações contrariavam boas condutas socioambientais.

No animado encontro do Rio, até mesmo o urbanista José Luiz Alquéres, ex-presidente da Light, que assistia ao evento da plateia, foi convocado por Luiz Chor, presidente do Conselho Empresarial de Responsabilidade Social do Sistema FIRJAN, a compor a mesa e assumir papel de “conselheiro”, ao lado dos demais presidentes.

“A dinâmica invertida funcionou muito bem com intensa participação dos presentes. E mais intensa ainda foi a participação da trinca de presidentes inspiradores que se dispôs, ao longo de mais de uma hora, a oferecer dicas valiosas, orientar e aconselhar os líderes que foram ao evento.

“O feedback ao final foi de que o encontro proporcionou uma oportunidade única de intercâmbio de informações com quem está fazendo a mudança para a sustentabilidade”, comemorou Voltolini.

Os depoimentos colhidos ao final do encontro atestaram a satisfação dos participantes. “Foi excepcional. Lidero pessoas há décadas. E posso dizer que hoje aprendi muito com esses líderes. Saio daqui com inúmeras reflexões. Se pudesse resumir este encontro da Plataforma, diria que o que distingue os líderes sustentáveis é o profundo respeito ao ser humano”, afirmou o empresário Luiz Chor.

Opinião semelhante teve Leandro Torrres Di Gregório, presidente da Interpro Gerência de Projetos, uma empresa de engenharia que tem trabalhado soluções mais sustentáveis. “Discute-se intensamente ferramentas. Mas pouco se fala em liderança, uma variável decisiva para o sucesso de qualquer processo de sustentabilidade empresarial. A Plataforma mostrou isso muito bem. Hoje pudemos conversar com grandes líderes formadores de novos líderes”, disse.

Di Gregório afirmou sair do encontro com a missão pessoal de tornar-se agente de divulgação dos conteúdos da Plataforma, que considera importantes aliados no esforço de convencer empresas sobre a viabilidade do conceito. Até fez duas sugestões para que o movimento ganhe maior força.

“Um desafio importante é ajudar a criar uma consciência coletiva entre as empresas em torno da ideia de fazer negócios que gerem valor para toda a sociedade. Outro, criar um banco de dados sobre produtos e processos mais sustentáveis para apoiar as empresas que querem mudar.”

Para Claudia Barros Afonso e Silva, do Grupo Águas do Brasil, o contato com a Plataforma se deu em “momento estratégico”, já que ela estava exatamente em um esforço de sensibilização da alta diretoria e de estruturação de diretrizes de sustentabilidade para a organização.

“Os líderes da empresa já decidiram incluir a sustentabilidade no planejamento estratégico. E agora, com as ideias que ouvi hoje aqui, penso que ganhei um reforço para os meus argumentos. Quando líderes desse porte contam suas experiências, eles estão contribuindo para ajudar todos os que se esforçam para sensibilizar presidentes de empresas para a importância do tema”, contou.

Raciocínio semelhante fez Lisângela da Costa Reis, coordenadora de RSE da Eletrobrás/Furnas. “Aprendi muito hoje. O mais inspirador da Plataforma é poder ver, pelos relatos de presidentes consagrados, que enfrentamos os mesmos desafios e resistências que eles enfrentaram. Ajuda muito saber como conseguiram superar”, afirmou.

Na avaliação do executivo Aser Cortines, ex-dirigente da Caixa Econômica Federal, hoje consultor de empresas, o caráter prático e participativo da Plataforma é o que a torna uma iniciativa única no cenário nacional. “Trabalho há 20 anos com sustentabilidade. E acompanho com satisfação a evolução do conceito nas empresas. Conhecer como pensam os líderes brasileiros consagrados no tema, e conviver com suas ideias por algumas horas, é algo que impacta muito as pessoas”, constatou.

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