A natureza oculta em megacidades

19 de janeiro de 2012

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A natureza oculta em megacidades - Ideia Sustentável

Floresta urbana

Serviços ambientais prestados pela natureza em grandes cidades beneficiam a qualidade de vida, com efeitos mensuráveis para a saúde das pessoas ou a infraestrutura urbana. Na tese de doutorado “Natureza nas Megacidades”, realizada pela Universidade Bauhaus (Alemanha) em convênio com a FAU-USP (Brasil), o urbanista Jörg Spangenberg faz revelações significativas sobre os benefícios das superfícies verdes em São Paulo, e mais extensamente em megacidades localizadas nas latitudes tropicais.

Equilíbrio climático, conforto térmico, purificação dos recursos naturais, como água, solo e ar, estão entre os benefícios da vegetação urbana, que hoje não poderiam ser substituídos de forma tão eficiente por qualquer outra solução técnica. Spangenberg demonstra, por exemplo, que para cada 1 real investido em plantio e manutenção de áreas verdes na cidade de São Paulo, a Prefeitura deixa de gastar no mínimo 5 reais em saúde, construção de “piscinões” e canalização de córregos. “A natureza trabalha de graça e, sob o aspecto funcional, investir em cidades verdes significa economizar custos, além do aspecto simbólico da natureza que remete às origens do território”, diz o pesquisador.

Seu estudo embasou a criação da organização Floresta Urbana, para difundir a importância do enverdecimento das cidades, especialmente em São Paulo, com uma proposta mais ampla que o simples plantio de árvores. O objetivo é promover a integração entre natureza e cidade, ampliando a valorização do lugar onde vive 80% da população, e fazer uso das superfícies verdes de forma geral, como fachadas, telhados, muros ou jardins suspensos, com envolvimento das pessoas. “A vegetação urbana é negligenciada pelos cidadãos, por governos e pelas estruturas econômicas, quase ninguém a vê, mas ela está lá. A ideia é recuperar a harmonia possível entre esses elementos naturais e as construções, pois um não precisa substituir o outro”, defende Thelma Almeida Santos, coordenadora da Floresta Urbana.

Um importante resultado da tese “Natureza em Megacidades” é a constatação de que a má distribuição do verde está relacionada a contrastes socioambientais, ou seja, quanto menos cobertura vegetal maior a desigualdade social. Em Heliópolis, São Paulo, onde a ONG realizou trabalho de plantio e recuperação da paisagem com a população, os efeitos da urbanização impactam diretamente o conforto térmico e o uso de energia. “Às nove horas de um dia de verão, a temperatura percebida chega a 30ºC, caindo para abaixo de 20ºC com a simulação do sombreamento das árvores, o que refletiria em eficiência energética, purificação da água, do ar, entre outros benefícios”, explica Spangenberg. O mesmo aconteceu com o trabalho de plantio realizado na escola Fusco, no Campo Limpo.

Tais análises embasam o paisagismo urbano, que depende de intervenções planejadas e não da simples recuperação aleatória do verde. Apesar disso, em três anos de existência, a Floresta Urbana concluiu que a contribuição individual para a qualidade ambiental é sempre positiva no balanço geral. Com isso, surgiu o projeto “Então, faço eu!”, inspirado nas caminhadas diárias de Jörg e Thelma e nas conversas com vizinhos. Além de limpar a praça do entorno de onde vivem, o grupo passou a abastecer as árvores com alimentos para as aves, que cresceram em número e variedade, e iniciou a compostagem do lixo orgânico caseiro, depositado num coletor coletivo na área, e que hoje produz terra preta de qualidade.

Heloísa Bio é jornalista.

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