Foi numa gelada noite na cidade polonesa Katowice que representantes de diversos países concluíram, em 15 de dezembro, o chamado “Pacote do Clima de Katowice”, com o “Livro de Regras” para implementação do Acordo de Paris, que entrará em vigor em 2020. O documento, resultado de negociações que atravessaram dias durante a COP 24, estabelece mecanismos importantes para o acompanhamento transparente dos esforços de redução de emissões de gases de efeito estufa por todos os países. Mas apesar do presidente da COP 24, Michal Kurtyka, declarar que as nações poderiam voltar orgulhosas, esperava-se mais.
Grande parte dos debates da COP 24 teve como base o relatório apresentado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) em outubro passado. O estudo aponta a importância de se limitar o aquecimento global em 1,5°C em relação à era pré-industrial e mostra o conhecimento científico a respeito da diferença dos impactos entre esse limite e 2°C, além de alertar que deveríamos alcançar uma sociedade carbono neutra em torno de 2050 para evitar impactos maiores.
Infelizmente não houve espaço político, na COP 24, para ampliar a ambição de forma coletiva. Apenas alguns poucos países anunciaram que já em 2020 irão rever suas metas (incluindo União Europeia, Reino Unido, Alemanha, França, Argentina, México e Canadá). Também se esperava mais quanto ao estabelecimento das regras para os incentivos econômicos à redução de emissões, e não houve acordo para a definição de como será implementado o “Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável” estabelecido no artigo 6 do Acordo de Paris.
Tais pendências deixam clara a importância da atuação de outros atores além dos governos, uma percepção que está cada vez mais forte inclusive no meio empresarial brasileiro. Várias empresas e organizações, como Pacto Global, o CEBDS, o GVCes, a CNI, o Instituto Ethos e a Iniciativa Empresarial pelo Clima (IEC), entre outros, estiveram lá para mostrar, com suas ações e resultados, que seu compromisso de redução das emissões dos gases de efeito estufa deve ser compreendido não apenas como gestão de risco, mas também como busca de oportunidades de negócios. O setor químico, por meio da ABIQUIM e a Braskem, esteve lá mais uma vez. Talvez poucos saibam, mas o Brasil é sede do maior produtor mundial de biopolímeros. As companhias querem ser parte da solução.
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O relatório do IPCC também indica que, para limitarmos o aumento de temperatura a 1,5°C, deveríamos reduzir as emissões globais em 45% até 2030 em relação a 2010. O problema é que o aumento de temperatura já alcançou 1°C e que as emissões continuam subindo. Portanto, este é o momento de governos, empresas e outros setores da sociedade passarem a buscar, com o uso da inovação, como sair do olhar negativo da ameaça para focar o lado positivo das oportunidades.
O Brasil possui uma matriz energética das menos intensivas em carbono fóssil do mundo e é um dos países com maior produtividade de biomassa. Essas características podem potencializar a competitividade brasileira no mercado global e reforçar a posição de liderança do Brasil no movimento pela economia de baixo carbono. O país tem nas mãos a chance de se tornar referência, liderar o movimento para conter as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, fazer sua economia voltar a crescer. Vamos deixar escapar essa oportunidade?
*Publicado originalmente no site da Braskem
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