Jorge Soto | Braskem: Ativismo e a liderança empresarial, um papel necessário

29 de novembro de 2019

Compartilhe:
Jorge Soto | Braskem: Ativismo e a liderança empresarial, um papel necessário - Ideia Sustentável

Graças ao propósito da Braskem de “melhorar a vida das pessoas, criando as soluções sustentáveis da química e do plástico”, posso acompanhar de perto, ou de dentro, os principais eventos que discutem o presente e futuro da humanidade e do nosso planeta, associados à agenda do desenvolvimento sustentável.

Recentemente, em agosto deste ano, um deles aconteceu em Salvador: a Semana do Clima da América Latina e do Caribe. Desde a Rio+20, em 2012, não acontecia um evento relevante do multilateralismo no Brasil associado ao assunto. No mês passado, em setembro, foi a vez da Semana do Clima de Nova Iorque, com participação global.

Nesses eventos, é comum ver as mesmas pessoas do meio empresarial. Fica a sensação de evolução muito lenta ou até de pregação para os convertidos. Por outro lado, alguns fatos surpreendem. Por exemplo:

Esses números mostram que cada vez mais empresas entendem que a situação socioambiental nas regiões onde operam, ou no mundo, precisa do seu próprio engajamento. Por outro lado, essas mesmas empresas sentem que o ambiente político do momento não está dando mensagens claras. Uma pesquisa com mil CEOs de empresas integrantes do Pacto Global de 99 países, entre eles o CEO da Braskem, deixa clara essa apreensão. Essa pesquisa é realizada a cada três anos.

Em 2016, 78% dos CEOs viam oportunidades em contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (os chamados 17 ODS) por meio de seus negócios. Já agora, em 2019, apenas 21% dos CEOs entendem que os negócios estão contribuindo de forma relevante para o alcance dos ODS. Ao mesmo tempo, 63% afirmam que a incerteza política nos mercados é o ponto global mais crítico para as estratégias competitivas das suas empresas. Segundo este relatório, os líderes entendem que devem fortalecer seu papel e ao mesmo tempo esperam que governos e outras partes interessadas façam sua parte. Os três principais pontos levantados por esses líderes foram:

Caberia, talvez, perguntar: por que esses líderes veem a importância desse engajamento? Acho que as motivações são diversas, mas deixem-me voltar à questão do propósito empresarial (como o da Braskem, por exemplo). Parece que o repensar do papel empresarial está se tornando uma tendência. Parece que a máxima de que “não há como ter uma empresa de sucesso em uma sociedade falida” está cada vez mais clara. Um dos sinais desta tendência é o crescimento das “empresas B”. As chamadas B Corp. já são 131 no Brasil e 610 no mundo. Um dos pré-requisitos para uma empresa ser considerada uma empresa B é que redefina seu propósito no seu próprio estatuto. Ou seja, não é uma mudança simples.

Uma outra motivação pode ser simplesmente que os negócios dessas empresas estão associados à evolução do próprio desenvolvimento de forma sustentável. Isso também é verdade na Braskem. Investimos no desenvolvimento de uma linha de produtos que utilizam matéria-prima renovável, sendo esta possivelmente a química do futuro. Recentemente, lançamos um outro negócio que visa produzir polímeros a partir da reciclagem de resíduos plásticos. Há cinco anos, apoiamos startups que usam química ou plásticos e entregam algum impacto socioambiental positivo por meio da nossa iniciativa chamada Braskem Labs. É claro que nós na Braskem e todas as mais de 70 startups que apoiamos querem que seus negócios deem certo.

Quando olho para o Brasil, com uma matriz energética das mais limpas do mundo, com uma produtividade de biomassa também das maiores do mundo, me pergunto: se este país não olhar para todos os seus desafios socioambientais e os do mundo pela ótica da oportunidade em vez da de ameaça, quem mais olhará?

Pois pasmem: recente trabalho da indústria química europeia definiu a visão do setor para 2050 exaltando que os europeus podem “liderar a transição do setor oferecendo soluções [sustentáveis] para os desafios globais”. Apenas para comparar os dois fatores que citei: o percentual de energia renovável no Brasil em 2018 foi de 45,3%, enquanto o da Europa, em 2017, foi 13,6%; a produção de etanol no Brasil é mais de quatro vezes mais produtiva em energia renovável que a da Europa. E eles serão o futuro da química sustentável? Será que nós perderemos a oportunidade que nos é tão mais próxima? Será que o Brasil está sempre fadado a ser o país do futuro? Espero que não.

A Braskem é a maior produtora mundial de biopolímeros. Tenho certeza que podemos mais. Para tal, as empresas líderes devem continuar a investir e a se arriscar, mas seus líderes também precisam continuar a falar a respeito para que outros atores se engajem junto. Seria isso um “ativismo empresarial” ou simplesmente o exercício adequado do papel dos líderes?

Descubra como podemos ajudar sua empresa a ser parte da solução, não do problema.

A Ideia Sustentável constrói respostas técnicas eficientes e oferece soluções com a melhor relação de custo-benefício do mercado, baseadas em 25 anos de experiência em Sustentabilidade e ESG.

    Entre em contato
    1
    Posso ajudar?