Andrea Mota | Coca-Cola: Job rotation – como a Coca-Cola Brasil tem criado uma geração de líderes preocupados com a Sustentabilidade

Há 17 anos, eu estava voltando de uma longa temporada em São Paulo para trabalhar no Marketing da Coca-Cola Brasil, o que era um sonho para qualquer pessoa da área. Formada em Publicidade e Propaganda, eu já havia passado por grandes empresas e estava animadíssima para começar a trabalhar como Gerente Regional de Marketing da maior marca do mundo.

Meu primeiro projeto foi desenvolver uma ação promocional em torno da campanha Coca-Cola Vibe Sound, cujo brinde eram 4 mini CDs – isso mesmo, a tecnologia mais avançada da época – em 4 diferentes estilos musicais. A solução proposta foi a criação de 4 garrafas PET coloridas e peroladas, com a pegada e as cores da campanha Vibe Sound: azul, laranja, lilás e vermelho. Me lembro bem que uma pessoa da equipe chegou a ponderar que aquelas garrafas coloridas e peroladas não poderiam ser recicladas, mas aquilo não conectou comigo na época. E a promoção foi adiante. Ainda bem que foi uma ação sazonal e restrita às embalagem de 600 ml, o que reduziu o impacto da questão da não reciclabilidade.

Gosto de contar essa história porque traz muito da minha transformação pessoal e profissional. Por ironia do destino, anos mais tarde, aquela mesma pessoa que não se deu conta do impacto causado pela sua ação promocional viraria Diretora de Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil. Mas como evitar que uma gerente de marketing empolgada não proponha a criação de uma garrafa que não é reciclável? Ou aprove qualquer outra iniciativa que vá contra nossos compromissos com a sustentabilidade?

Os primeiros movimentos que fizemos na Coca-Cola Brasil para tentar colocar a sustentabilidade na cabeça dos executivos e colaboradores foram treinamentos. Também criamos comitês multifuncionais, estabelecemos critérios para inovação pela lente da sustentabilidade, fizemos vivências, trabalhos voluntários. Todas essas ações geravam engajamento, conhecimento, mas ao retornar ao dia a dia de suas funções, muitos dos conceitos eram esquecidos, e o trabalho da equipe de Sustentabilidade continuava à parte do negócio. 

Queríamos e precisávamos de um impacto maior: que as pessoas responsáveis pela decisões de negócio – nas áreas de vendas, marketing e inovação – também cuidassem da Sustentabilidade. Em 2016, nosso atual presidente, que é engenheiro agrônomo por formação e um entusiasta da sustentabilidade, retornou ao Brasil, trazendo um pensamento ousado: se a Sustentabilidade deve ser integrada ao negócio, eu preciso que homens e mulheres de negócio saibam a fundo de Sustentabilidade. E aí é mais do que treinar, é mais do que fazer um curso. 

Quando a gente desenvolve um gestor para ser um grande executivo precisamos fazer com que ele conheça o business a fundo, que passe por muitas áreas e tenha tudo na veia. Então a ideia que o Henrique Braun trouxe foi colocar a área de Relações Corporativas (que aqui engloba Sustentabilidade) no plano de carreira desses futuros líderes da Coca-Cola Brasil. Assim, eles vão, além de entender bem esse tema, aprender a olhar para fora, a ter um diálogo aberto com a sociedade e a repensar as decisões de negócio usando a lente da Sustentabilidade.

Para isso, passam de dois a três anos no comando dessa área, e depois voltam para as suas áreas de origem transformados, como se tivessem o “chip da sustentabilidade instalado”. É arriscado, é ousado, e não é fácil. Mas é assim que temos conseguido integrar Sustentabilidade ao Negócio e criar uma geração de líderes que possuem um olhar mais apurado e mais cuidadoso com relação ao tema, entendendo que as suas decisões podem gerar resultados mais sustentáveis, com impactos positivos tanto financeiramente quanto sob o aspecto socioambiental.

Saiba mais sobre a estratégia de Job Rotation na Coca-Cola na vídeo-palestra de Andrea Mota:

Entre em contato
1
Posso ajudar?