Pesquisas da Poli-USP podem viabilizar o plástico biodegradável

O Departamento de Engenharia Química da Poli-USP (Escola Politécnica da USP), com apoio da FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia), implantará em breve uma planta piloto para se produzir o primeiro plástico efetivamente biodegradável do Brasil.

O produto é resultado do desenvolvimento de um tipo de PLLA – polímero de ácido láctico, obtido a partir da cana-de-açúcar. O plástico biodegradável foi desenvolvido pela Biopol, empresa liderada pelo professor Shinichi Shibata, da Universidade de Ryukyus, no Japão. Segundo o professor Cláudio Oller, da Poli-USP, com a planta piloto será possível concluir os testes em escala reduzida, cujos resultados possibilitarão a produção em escala comercial.

O representante da Biopol no Brasil, Tunehiro Uono, explica que o objetivo da planta piloto é possibilitar que o novo plástico seja produzido comercialmente pelas usinas brasileiras de açúcar e álcool. “A idéia é aproveitar as instalações de uma usina de açúcar e álcool e transformar parte dela em fábrica de PLLA, pois o processo produtivo é bem parecido”, afirma.

No início de maio, os professores Claudio Oller e Elen Aquino Perpetuo, do Departamento de Engenharia Química da EPUSP; Edith Ranzini, diretora de operações da FDTE; e Tunehiro Uono seguirão para a Província de Okinawa no Japão, para conhecer os resultados das pesquisas sobre o novo polímero, cuja patente já foi registrada no Brasil. A FDTE está em fase de negociações para obter os recursos necessários para o desenvolvimento do projeto.

Sustentabilidade

Dados da UNICA – União da Indústria de Cana de Açúcar – obtidos pela Biopol, mostram que no Brasil são processados em torno de 600 milhões de toneladas de cana por ano. “Se apenas 20 milhões desse total forem destinados para a produção de PLLA, será possível obter uma produção de plástico suficiente para abastecer todo o mercado nacional, sem aumentar a área plantada de cana”, afirma Uono.  Além disso, como é um produto de base vegetal, ele se degrada muito rápido, ao contrário do material reciclável. Uono explica que o chamado plástico verde existente no mercado é utilizado na produção de brinquedos e na indústria automobilística. “O produto que vamos obter nesta parceira com a FDTE e a Poli poderá ser direcionado para qualquer setor. O PLLA da cana-de-açúcar pode ser empregado tanto na produção de sacolas plásticas como no setor alimentício e no setor farmacêutico. O intuito é obter esse polímero a preços competitivos. O PLA à base de milho já disponível no mercado está na faixa de três dólares o quilo. “Acreditamos que o plástico de cana-de-açúcar possa ser produzido a menos de um dólar o quilo”, informa Uono.

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