Ousar é preciso

setembro de 2011

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Ousar é preciso - Ideia Sustentável

Inovação em sustentabilidade, boas práticas e maior atenção das empresas para os impactos ambientais causados por seus modelos convencionais de negócios, cujos lucros e metas financeiras ainda figuram como principais norteadores. Esses foram alguns dos assuntos tratados por Andrew Winston, especialista em negócios sustentáveis, em sua rápida passagem por São Paulo.

Autor de dois livros – O Verde que Vale Ouro e Green Recovery (ainda sem tradução no Brasil) – Winston ressaltou a necessidade de maior engajamento corporativo no combate à redução das emissões de carbono, bem como de encarar os desafios dos novos tempos, começando pela mudança de cultura e comportamento das organizações e seus stakeholders.

Bem-humorado e otimista, Winston defende que as lideranças empresariais precisam ser “hereges”, no sentido de questionar novas possibilidades de produtos e serviços que demandem menos gasto e menor impacto. “O líder tem de ser criativo e fazer perguntas como: ‘Será que é possível utilizar um pedaço de papel higiênico por mais de 30 vezes?’. Por mais absurdo que isso possa parecer, o CEO – ou mesmo o presidente – precisa estimular esse tipo de questionamento na busca por melhores práticas e redução de custos”, diz o consultor.

Para Winston, outra grande tendência em sustentabilidade corporativa é o incentivo à criação do Chief Sustainability Officer (CSO), cargo que tem como missão o desenvolvimento de estratégias e políticas mais sustentáveis. Apesar de tratar-se de uma função ainda com pouca visibilidade no mercado global, ela exige um conhecimento apurado dos setores e processos da empresa, por isso deve-se escolher os candidatos “a dedo”. “O desafio das corporações é reconhecer e indicar, internamente, alguém que esteja inteirado das atividades”, alerta.

O especialista também tem notado avanços a partir do engajamento das empresas com seus stakeholders, que resultam em ações mais sustentáveis e transparentes. A Xerox é um exemplo. Após estudar a grande quantidade de impressoras de um de seus clientes, a empresa decidiu calcular e reduzir o número das máquinas, distribuindo-as em pontos estratégicos. Hoje, embora utilize menos os serviços da Xerox, o cliente consome menos energia. “Causar a queda de vendas dos próprios produtos não é uma tarefa fácil: precisa-se de muita coragem e desprendimento. No entanto, além de diminuir a pegada ecológica, atitudes como essa ganham a confiança dos clientes.” Outra tendência nesse campo é  apostar no uso das redes sociais como ferramenta de fidelização e transparência com todos os públicos de interesse.

Para enfrentar os desafios da sustentabilidade, o consultor insiste que as empresas precisam “enxugar custos, ser criativas, espertas e engajadas” para a criação de um “valor verde”. E costuma citar uma frase para incentivar aqueles que ainda têm dúvidas – ou medo – de ousar em seus negócios nessa direção: “Se não formos nós, então quem? Se não for agora, então quando?”.

Para saber mais

Andrew Winston esteve em São Paulo, no dia 30 de agosto, a convite da Kimberly-Clark, empresa norte-americana de produtos de higiene pessoal e doméstica. Na ocasião, a empresa lançou o selo “Por um Brasil Mais Verde”, comunicando que toda a sua cadeia produtiva utiliza processos para reduzir os impactos no meio ambiente.

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