Lixo eletrônico

20 de outubro de 2009

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A combinação de fatores como a produção de eletrônicos em alta escala, o consumo desenfreado e a obsolência, seja programada ou não, de equipamentos tecnológicos são responsáveis pelo crescimento exponencial da sucata eletroeletrônica. No esforço de dar um destino útil a estes materiais, tanto o setor público quanto o privado têm estabelecido programas para o tratamento deste tipo de resíduo.
Uma das saídas encontrada pelas empresas para o tratamento do lixo eletrônico foi a exportação. De acordo com o estudo Resíduos Eletrônicos no Brasil, publicado no site lixoeletronico.org, a exportação do chamado e-waste teve um crescimento considerável nos últimos anos. Da mesma forma, a saída de resíduos dos países desenvolvidos para o terceiro mundo aumentou de forma considerável, em um movimento nem sempre favorável.
Ainda segundo o relatório, a exportação dos resíduos eletroeletrônicos aos países não membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) sob a emenda da Convenção de Basiléia – que permite a exportação de equipamentos em funcionamento para reutilização. No entanto, esse tipo de operação ocorreu, em sua maioria, de forma ilegal devido ao abuso por parte dos exportadores, que misturam os equipamentos em funcionamento com outros sem condições de uso.
O estudo Resíduos Eletrônicos no Brasil revela que uma cidade como São Paulo produz uma média de 1kg/dia de lixo por habitante. Dos 5507 municípios brasileiros, somente 192, situados principalmente nas regiões sudeste e sul, realizam a coleta seletiva. Os materiais pesados, característicos deste gênero de resíduo, podem ser classificados como perigosos à saúde pública, pois possuem efeito acumulativo e podem provocar diversas doenças.
Público
No setor público, programas como o Projeto Computadores para Inclusão, promovido pelo Governo Federal, incorporam o time de iniciativas que atuam no sentido de trabalhar responsável e estrategicamente a questão dos resíduos eletrônicos. O programa, além de possuir a vantagem ambiental, por recolher equipamentos eletrônicos utilizados, ele recondiciona os aparelhos e os distribui para iniciativas de inclusão digital de todo o Brasil.
Exceto Acre, Amazonas e Roraima, todos os estados brasileiros já possuem sede do programa, sendo São Paulo o maior beneficiado, com 59 projetos de inclusão beneficiados pela coleta e recondicionamento dos aparelhos. O programa já doou 6.327 computadores a 502 iniciativas de inclusão digital de todo o país entre escolas públicas, bibliotecas e telecentros. Nos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRCs) trabalham atualmente 410 jovens que estão aprendendo na prática a testar, consertar, limpar, configurar e embalar os equipamentos.

Privado
Do outro lado da cadeia, o setor privado também investe na desmaterialização do lixo eletrônico, reinserindo a matéria-prima destes equipamentos na cadeia para a produção de novos produtos. A fabricante de computadores Itautec foi pioneira na elaboração de um programa de reciclagem dos produtos. Além de computadores, a Itautec desmonta e encaminha para a reciclagem as partes de caixas eletrônicos e qualquer outro equipamento que produz.
Com uma unidade no interior de São Paulo destinada apenas para este processo, recebe produtos tantos de clientes corporativos que estão renovando os seus parques quanto de consumidores que entram em contato com a empresa interessados em terem os seus computadores obsoletos reciclados. As adequações realizadas nas instalações da fábrica em Jundiaí, iniciadas em 2006, demandaram investimentos da ordem de R$ 3 milhões.
Segundo João Carlos Redondo, gerente de sustentabilidade da empresa, foi a partir da constatação de que os resíduos eletroeletrônicos gerados em suas fábricas eram vendidos como sucata nos estados que se encontrava, abastecendo o mercado ilegal. Assim, era necessário destruir estes produtos de forma sustentável, identificando os seus componentes. “O projeto nasceu com a meta de levar 0% de nossos produtos para aterros sanitários. Para este ano, temos um índice de 85% da produção sendo reciclada”, afirma.
No ano passado, a empresa destinou para reciclagem 469,97 toneladas de materiais oriundos do processamento de equipamentos eletro-eletrônicos. Esse total é composto por 22,76 toneladas de placas, 180,54 t de metal, 148,10 t plástico e 141,33 t de e-waste, que incluem cabos, borra de solda etc. Para parâmetro de comparação, um mutirão realizado pela CETESB em outubro do ano passado estimava arrecadar 10 toneladas de lixo eletrônico em postos espalhados por cidades de todo o estado de São Paulo. Para garantir que todos os componentes sejam reciclados, a Itautec exporta as placas de computadores para parceiros em Cingapura e na Bélgica, porque no Brasil não há empresas que façam esse tipo de serviço.
Além dos equipamentos, que a Itautec recebe de clientes, a empresa mantém uma política de práticas de sustentabilidade que contempla ações como o uso consciente da água, aproveitamento de energia natural e reaproveitamento de embalagens de fornecedores. No próprio centro de reciclagem, há uma área de destinação de papelão, isopor e outros resíduos recorrentes da fábrica.
Em 2008 a empresa atingiu o índice de 93% de produtos fabricados em linha com a diretriz européia RoHS (Restriction of Hazardous Substances ou Restrição de Substâncias Nocivas) que assegura que estas máquinas não contenham metais pesados. Os 7% restantes são de produtos cuja fabricação está sendo descontinuada, à medida que são substituídos por novos lançamentos. A previsão da empresa é de até o final deste ano, este índice seja de apenas 2% dos produtos fabricados.

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