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“Ser sustentável agora tende a ser o novo normal competitivo. Mudaram as visões de ativo, passivo e retorno. Houve uma revalorização dos componentes de riscos e criação de valor.
Integrar questões ambientais, sociais e de governança à análise de ativos reduz incertezas e incrementa o retorno sobre o capital”, escreveu Ricardo Voltolini, CEO da consultoria Ideia Sustentável e da Plataforma Liderança com Valores, em seu artigo publicado na Época Negócios, em 10 de julho deste ano.
As palavras do executivo são endossadas por dados e discursos de outros CEOs e especialistas, bem como por cases de sucesso, protagonizados por empresas que incorporaram os componentes ligados ao ESG (ambiental, social e governança) e foram além, tomando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como espécie de roadmap para suas ações.
Mas por que esse caminho está no GPS de tantos players? Vale a pena investir na liderança sustentável e entrar na “corrida” pelos ODS, por exemplo? Confira a seguir.
Um propósito para o time chamar de seu e se mobilizar por ele!
Os colaboradores podem se tornar verdadeiros embaixadores da marca, porém, para que esse processo aconteça, é imprescindível que ele não veja a empresa apenas como o lugar onde trabalha, mas sim como um agente de transformação social e ambiental.
Os próprios diretores e donos de empresas acreditam que a agenda ESG influencia positivamente na atração e na retenção de talentos da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), por exemplo, é o que mostra a pesquisa da Talenses Consultoria, em que 53% dos respondentes concordaram com essa afirmação. Ou seja, a corporação deve colocar em prática o seu discurso, sendo um exemplo no que tange a ações em pequena ou grande escala em prol do meio ambiente e de causas sociais, assim como para assegurar a transparência da governança empresarial. Tal postura deve refletir os valores e a visão da organização.
Isso porque o colaborador que se sente parte de “algo maior”, certamente, irá se empenhar mais em suas atividades e irá se envolver de forma genuína com os objetivos da corporação, participando ativamente de iniciativas que resultam em conquistas coletivas.
Dessa forma, o que era apenas trabalho passa a ser um propósito, um valor que vai muito além dos cifrões, e faz os olhos dos colaboradores brilharem. A pesquisa da consultoria McKinsey, realizada em agosto de 2020, somada a uma enquete feita pelo jornal O Estado de S. Paulo com usuários do LinkedIn chancelam essa tendência. 70% dentre 1.021 entrevistados pela consultoria definem seu propósito pessoal por meio do trabalho, enquanto a resposta mais votada na enquete sobre qual aspecto seria fundamental para ser feliz no trabalho foi “encontrar o propósito” (819 pessoas clicaram nela).
Portanto, um time com propósito não se restringe a metas. Ele está disposto a se desenvolver, segundo as demandas para se tornar autoridade na área; ele se engaja em projetos ousados; ele contagia as outras áreas da empresa com seu entusiasmo. Nesse sentido, as boas práticas de ESG são capazes de melhorar profundamente o clima organizacional.
E para o consumidor, a liderança sustentável e o ESG importam?
Apesar dos consumidores ainda terem como prioridades o valor do dinheiro e a segurança na hora de fazer uma compra, os fatores ESG vêm ganhando força, sobretudo após a pandemia deflagrada pela Covid-19. Os dados da pesquisa “Respondendo às tendências do consumidor na nova realidade ESG” (no quadro abaixo), publicada em novembro de 2020 pela KPMG Internacional, revelam essa ascensão.
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Quem está na outra ponta, os executivos e donos de empresas, também enxerga a importância do ESG para impactar não só o consumidor, como todo o mercado. A pesquisa da Talenses Consultoria, já mencionada anteriormente, mostra que 86% acreditam que as ações de ESG são benéficas para o desempenho no mercado; 63% avaliam como um fator que proporciona geração de valor de mercado da empresa; 50% acreditam que gera ganhos na imagem e reputação da empresa.
E talvez seja essa a palavra-chave: reputação, quando o assunto é ESG e consumidores. Afinal, quando uma notícia traz à tona que uma grande empresa (até uma Top Of Mind) cometeu uma falha capaz de desencadear uma tragédia ambiental ou que ela utiliza trabalho escravo, a imagem da mesma fica manchada de forma significativa entre todos os stakeholders, inclusive os consumidores, que deixam de comprar daquela marca e optam
inclusive por uma concorrente.
O inverso também acontece. Gigantes do mercado, mesmo quando já estabelecidas como líderes, levantam bandeiras sociais e ambientais por meio de iniciativas propositivas. É o caso da Nike, que já assumiu posicionamentos notáveis em relação a pautas, como racismo e feminismo, e da Apple, cujo compromisso com o meio ambiente é bastante palpável: até
2030, cada aparelho vendido terá impacto zero no clima – isso envolve acabar com as emissões de carbono em toda a sua operação, concluindo a transição de 100% dos fornecedores europeus para energia renovável.
Geração de valor (e de investimentos) proveniente das práticas ESG
Os números falam por si: atualmente, o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) é formado por 46 ações, de 39 empresas e 15 setores. As companhias, juntas, resultam em 1,8 trilhão de reais em valor de mercado. É o equivalente a nada menos do que 38% do total do valor de mercado das companhias com ações negociadas na B3 (Bolsa de Valores Brasileira).
“Temos dados que mostram que o ISE B3, o ICO2 e o IGCT, índices ligados a critérios ESG, têm performado melhor do que o Ibovespa ao longo dos anos. Isso reforça nossa visão de que o bom gerenciamento das companhias e a atenção às práticas ESG geram uma empresa mais eficiente e com bons indicadores”, afirmou Ana Buchaim, diretora de pessoas, comunicação, marketing e sustentabilidade da B3, em entrevista para a matéria da
Exame. Leia na íntegra, clicando aqui.
Um dos cases mais icônicos no que tange à captação de investimentos por meio das práticas de ESG aconteceu em maio deste ano, quando a Natura &Co, multinacional que concentra as marcas Avon, Natura, The Body Shop e Aesop, captou US$ 1 bilhão com a emissão de Sustainability-linked bonds (SLBs) — títulos relacionados a metas de sustentabilidade assumidas pela companhia. Essa foi a maior emissão desse tipo de título realizada por uma empresa na América Latina.
Como praticar a liderança sustentável: tenha insights com cases de sucesso!
O fato é que motivos não faltam para aderir a uma liderança sustentável o quanto antes. Porém, muitos podem se perguntar: “por onde eu começo?”.
Uma das falas de João Paulo Ferreira, Presidente da Natura e CEO da Natura &Co América Latina, durante o programa Roda Viva de maio deste ano, traz quatro elementos basilares da performance da companhia no que diz respeito ao ESG, ou seja, podem guiar uma liderança sustentável:
● Definição de metas e KPIs (Key Performance Indicator) específicos para os fatores de ESG;
● Cultivo dos valores, visão e missão da empresa por meio da informação, educação e conscientização, assegurando que eles cheguem a todas as áreas;
● Foco em inovação e tecnologia para alcançar grandes feitos nessas áreas – já existem softwares exclusivos para a gestão do ESG, a exemplo do WayCarbon;
● Reports internos e externos com a finalidade de divulgar e reforçar o
comprometimento tanto da liderança, quanto da organização com esses temas, projetando esses quatro elementos na reputação e nos resultados globais.
“O que nós aprendemos durante a história da Natura é que sustentabilidade é um tremendo motor de inovação. A gente adora a ideia de transformar desafios socioambientais em oportunidades de negócio. A empresa visa o lucro, resultados sociais e ambientais. Aliás, isso faz parte das metas de todos os executivos da nossa empresa”, explica Ferreira.
A Visão de Sustentabilidade 2030 da empresa, chamado “Compromisso com a Vida”, é orientada por três eixos: combate à crise climática e proteção da Amazônia; direitos humanos e cuidados humanos; e circularidade e redução de resíduos. Essas metas são super sofisticadas, conforme pontua o executivo.
“Por exemplo: a empresa busca atingir a emissão líquida zero de carbonos, além de se tornar neutra. Ou seja, nossos próprios negócios vão sequestrar carbonos até 2030. Isso é muito difícil, nós não sabemos exatamente como vamos fazer. Mas é justamente isso que nos dá incentivos para inovação, é o que nos faz estar sempre à frente da concorrência, da indústria como um todo”, enfatiza o CEO.
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Referências:
Época Negócios
O Estado de S. Paulo
Tecmundo
Exame 1
Exame 2
Apple
Exame Invest
*Artigo escrito por Nathalia Gorga, Analista de Comunicação Externa na Gestão 4.0
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