Entrevista Saori Yano 2024

outubro de 2024

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Entrevista Saori Yano 2024 - Ideia Sustentável

Sustentabilidade além dos negócios

Saori Yano compartilha sua trajetória e visão sobre como a criação de um sistema colaborativo pode impulsionar a sustentabilidade nas empresas. Para ela é importante que haja entre os profissionais que atuam na área de sustentabilidade/ESG uma decidida capacidade de resiliência, de compreender onde se errou e dar a volta por cima. Afinal, é um campo ainda em prospecção. 

 

A colaboração e a criação de um sistema voltado para a sustentabilidade promovem sinergia e uma maior compreensão dos processos envolvidos em uma empresa. Para aprofundar esse tema, convidamos Saori Yano, head de Sustentabilidade para Operações Brasil da Amazon, para compartilhar sua experiência.

Saori começou sua trajetória na indústria automobilística, atuando em licenciamento e gestão ambiental. Desde então, tem se dedicado a promover práticas que não apenas atendam às exigências legais, mas também contribuam para um futuro mais sustentável.

Formada em engenharia civil e administração, ela complementou sua formação com especializações em gestão ambiental e responsabilidade social, construindo uma carreira sólida e relevante na área de sustentabilidade.

 

Ideia Sustentável: Uma das coisas que noto ao conversar com executivos que trabalham de alguma forma ligados à gestão de projetos sociais, seja do lado das empresas ou das organizações sociais, é que as organizações sociais costumam produzir muito mais com menos recursos do que as empresas. Você concorda com isso?

Saori Yano: Concordo, embora eu acredite que a empresa onde atuei já tinha essa visão de otimização de recursos, pela própria cultura dela e tudo mais. Ainda assim, quando olhamos para a ponta, nos projetos acontecendo, percebemos que, muitas vezes, os recursos são limitados. E é justamente quando os recursos são escassos que o brasileiro tem essa capacidade de inovar e criar soluções. A gente acaba dando um jeito de resolver as coisas.

Então, acredito que essa criatividade, essa habilidade de dar a volta por cima, é muito notável quando lidamos com esses projetos e com essas entidades. Muitas vezes, trazíamos isso para dentro da empresa, ressaltando que, às vezes, a limitação de recursos é positiva, pois nos obriga a pensar em soluções fora da caixa. Quando os recursos são abundantes, acabamos perdendo essa capacidade de inovar.

Foi um aprendizado que, inclusive, trouxemos para dentro da montadora em algumas situações, replicando essas soluções. Então, sim, eu concordo com você.

Quando você está ali na ponta e entende as dores, você torna-se mais empático e pode desenvolver a capacidade de colocar-se na perspectiva do outro, e não na sua própria. Muitas vezes, quando a empresa ou a fundação investe em um projeto, ela está preocupada com métricas e resultados. Olhando de forma ampla, você entende que, muitas vezes, não se trata apenas de números.

 

IS: Ao procurar entender o que executivos de alto nível pensam em relação à sociedade e ao futuro, vemos que há grande probabilidade desse pensamento se tornar realidade, visto que eles lidam com grandes volumes de recursos, investimentos, além de terem capacidade de gestão e decisão. Como você tem visto essa relação no universo dos altos executivos do qual você faz parte?

SY: Eu vejo um interesse genuíno maior em aprender. Não sei se posso dizer que todos já dominam esse tema. Acho que a pandemia trouxe ainda mais essa visão para as empresas e para os executivos, mostrando o quanto esse tema é importante. Precisamos manter essa pauta ativa. Alguns já estão navegando melhor, outros nem tanto, mas, sem sombra de dúvidas, o interesse é o ponto crucial. Costumamos dizer que, se não for por amor, será pela dor. No entanto, vejo que o interesse é muito maior hoje em dia, comparado a 25 anos atrás. Não é mais apenas uma questão de legislação; cada empresa, cada profissional, precisa associar isso ao seu propósito para que faça sentido para o negócio.

Principalmente, é importante entender que não se trata apenas do que o cliente espera, porque, se você não trabalha essa pauta, o cliente no futuro não se interessará pelo seu negócio, e a continuidade dele estará em risco.

Além disso, cada vez mais, teremos dificuldade em encontrar pessoas dispostas a trabalhar para nossas empresas se não lidarmos com essa questão. Vejo com mais frequência fóruns abertos para discutir o tema de forma transparente, compartilhando desafios reais. Penso que, no passado, havia essa visão de que só se compartilhava quando fosse uma história de sucesso para contar. Se a empresa estava apenas enfrentando desafios, não queria compartilhar suas dificuldades. Hoje, o que tem ajudado muito é as empresas unirem-se, com o marketing de marca acontecendo com mais frequência em muitos eventos, sejam eles liderados pela Ideia Sustentável ou outras entidades, que realmente conectam empresas interessadas em discutir o tema atualmente.

IS: O tempo é curto. Hoje, temos diversos indicadores de cientistas, das Nações Unidas e uma série de institutos e academias de ciência, que mostram que estamos em um processo que precisa ser revertido, principalmente em relação às mudanças climáticas, mas também em relação à perda de biodiversidade e à economia circular. Você, que conhece o cenário, é otimista quanto a nossa capacidade de reverter o quadro e dar uma freada para a arrumação?

SY: Eu sou otimista, tanto que continuo trabalhando nessa área, porque acredito que posso fazer a diferença nesse processo. Atualmente, na empresa em que trabalho, gosto muito do conceito que ela adota: quanto maior a escala e o sucesso, maior a responsabilidade. É aquela ideia de que, quanto maior o privilégio, mais responsabilidade temos.

Com isso, entendemos que temos pressa. Há coisas que podemos fazer no curto prazo, de forma rápida, e outras que demandam uma estratégia mais elaborada para gerar um impacto maior.

Sim, existem ações que podem ser implementadas rapidamente. Temos muito aquele conceito de decisão One-Way Door ou Two-Way Door. Qual a diferença? Uma via é aquela em que, uma vez tomada a decisão, não há como voltar atrás. A outra via permite tomarmos uma decisão e, se não der certo, podemos revertê-la e recomeçar.

Então, temos esse critério muito claro. Quando a decisão é reversível rapidamente, tomamos a ação no curto prazo, medimos os resultados e replicamos se fizer sentido. Quando é uma decisão de duas vias, conseguimos reverter.

Agora, se é uma situação que não é reversível, como algo que coloque em risco a vida ou a segurança das pessoas, não testamos.

 

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A Ideia Sustentável constrói respostas técnicas eficientes e oferece soluções com a melhor relação de custo-benefício do mercado, baseadas em 25 anos de experiência em Sustentabilidade e ESG.

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