Entrevista Rodrigo Santini 2024

outubro de 2024

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Entrevista Rodrigo Santini 2024 - Ideia Sustentável

A união entre ativismo corporativo e ESG

Um dos talentos de Rodrigo Santini é a percepção dos campos distintos de atuação de organizações da sociedade civil e de empresas. Para ele, essa distinção ajuda os dois campos a elaborar melhor suas estratégias e atuar em sinergia para alcançar objetivos comuns de desenvolvimento com geração de valor e benefícios sociais e ambientais tangíveis.

 

A sinergia entre as empresas e a sociedade civil organizada acontece pela necessidade de construção de uma maneira mais sustentável de se viver. “A sociedade civil é mais um observador e provocador, as empresas têm o poder de fazer mudanças que são essenciais”, afirma Rodrigo Santini, diretor de Impacto e Relações da Mars, empresa voltada para fabricação de chocolates. Com o propósito de ver a transformação do mundo em um espaço mais equitativo, inclusivo e regenerativo, ele compartilha sua experiência e destaca o papel estratégico de transitar entre o ativismo corporativo e o ESG em setores diversos.

 

Ideia Sustentável: Você participa de projetos como a Super Liga ESG e realiza um trabalho de impacto na empresa onde trabalha. Qual o seu papel nessas iniciativas?

Rodrigo Santini: Vejo meu papel como o de conexão, de fazer pontes entre entes diferentes. Fazer escutas e falar como conectamos pessoas, projetos e questões que são distantes. E o segundo ponto é como amarramos isso em uma história, qual a parte dessa história em que cada um pode contribuir. Eu sempre falo que quero ser mais rejunte e menos ponte. As pontes, muitas vezes, contam com protagonismo no processo, já o rejunte não. Questiono como é que eu posso chamar mais pessoas para serem mais rejunte, para conectar pessoas, histórias e fatos, que a princípio parecem não ter a ver, mas que sim, têm muito a ver nessa construção.

 

IS: Você fez uma transição de carreira. Comente o motivo dessa decisão e conte qual foi o seu chamado para a mudança?

RS: Eu sou publicitário de formação. Trabalhei por um bom tempo em agências de marketing tradicional, mas, desde muito cedo, quando estava na faculdade, surgiu essa intenção de trabalhar com impacto social. Comecei a atuar na área no final dos anos 1990, naquela época existia uma sociedade civil que talvez não fosse tão consolidada como hoje. Eu não me identificava com as questões assistenciais, eu queria trabalhar com questões mais estruturais. Então, pensei em primeiro deixar o terceiro setor amadurecer e nesse tempo conhecer a dinâmica das empresas.

 

IS: E esse momento chegou? 

RS: Sim, um dia esse momento chegou e fui para o terceiro setor. E descobri que, na verdade, eu gosto do ambiente empresarial. A maior descoberta foi que não existe um lugar romântico, onde eu só vou fazer a transformação se eu estiver no terceiro setor. Nós podemos fazer a transformação do lugar em que estivermos. A grande questão é ter habilidades nesse processo de empreendedorismo interno. Para fazermos as mudanças precisamos conectar internamente as pessoas na empresa e falar para onde estamos indo e o que estamos construindo. Com isso, na ocasião, eu voltei para a empresa Ben & Jerry’s, onde trabalhei antes, com o lado ativista que desenvolvi em organizações como World Childhood Foundation e Greenpeace.

 

IS: Então conta pra gente sobre a sua experiência no terceiro setor e como isso se relaciona com essa trajetória atual?

RS: É muito salutar esse processo de circular entre espaços, não ser somente uma coisa ou outra. É importante mudar o lado da mesa. Conhecer como a sociedade civil age cria a capacidade de dialogar melhor, olhar com viés de aprendizado e cooperação. As organizações sociais geralmente pensam sistemicamente, enquanto empresas, de um modo geral, pensam menos dessa forma e levam em conta o modus operandi (modo de operação), com os objetivos financeiros no centro da discussão. O terceiro setor está atento aos impactos socioambientais e, quando você tem experiência em organização social, esse olhar passa a ser mais natural. Eu tenho que pensar no pilar financeiro, mas também em como a empresa atende todos os stakeholders.

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