Entrevista Luciano Gurgel 2024

outubro de 2024

Compartilhe:
Entrevista Luciano Gurgel 2024 - Ideia Sustentável

Negócios sustentáveis, soluções para rentabilidade socioambiental

 

O dilema de Luciano Gurgel é semelhante ao de muita gente. Ele, no entanto, se propôs a mudar o rumo de sua atuação profissional e dedicar-se a contribuir com soluções para questões que aprendeu a conhecer bem em 17 anos de mercado financeiro. Seu trânsito profissional passou pela Yunos e pela Artemisia, para agora dedicar-se a oferecer soluções corporativas de relevante impacto Socioambiental.

 

Ao passo que os desafios socioambientais tornam-se mais urgentes, muitas empresas e investidores fazem o movimento de reconhecer que o lucro não pode ser o único objetivo. Um novo modelo de negócios é necessário para a adaptação à nova realidade. Para falar sobre o tema, o entrevistado é o economista, nascido no bairro do Cambuci, na capital paulista, Luciano Gurgel.

Luciano contava com uma vivência de mais de 17 anos no mercado financeiro, quando decidiu fazer uma transição profissional e começou a colaborar com a Yunus Social Business. Logo depois, passou pela Artemisia e, atualmente, é CEO da Ibirá Negócios Sociais, organização dedicada a usar as ferramentas do mundo dos negócios e dos investimentos para resolver problemas sociais e ambientais.

 

Ideia Sustentável: A Superliga ESG, assim como outras organizações das quais você participou, é um coletivo. Trata-se de pessoas que, de alguma forma, ascenderam ao topo da pirâmide do pensamento socioeconômico, não necessariamente ao topo da pirâmide econômica, mas do pensamento socioeconômico. Qual é a importância de um espaço como esse, onde pessoas extremamente capacitadas e experientes podem trocar ideias e discutir os mais diversos temas?

Luciano Gurgel: Eu costumo dizer o seguinte: nós talvez estejamos migrando. O fundador do Fórum Econômico Mundial traz-nos uma provocação: “Nós talvez estejamos migrando de um capitalismo de shareholders para um capitalismo de stakeholders“. Isso significa, de forma muito simples, que antes se acreditava que o único direcionamento possível para as empresas era maximizar o lucro a ser distribuído aos acionistas. Isso foi verdade por muito tempo. Certamente, muitas empresas ainda operam com essa mentalidade, mas, à medida que começamos a perceber que os problemas sociais e ambientais também recaem sobre essas empresas – que têm acionistas, consumidores, colaboradores, clientes e fornecedores –, o círculo ao redor delas passa a demandar o engajamento civil na solução desses problemas.

Esse engajamento da esfera cidadã manifesta-se de diversas formas no dia a dia, refletindo-se nas várias etapas de nossas interações com essas entidades. Acredito que esse ativismo, no bom sentido, que nada mais é do que a compreensão do cidadão de que tem que se engajar para ser parte da solução, e não apenas deixar de ser parte do problema, é fundamental.

 

IS: Outro ponto muito interessante, que é a incapacidade, ou a falta de interesse, dos grandes players financeiros para atuar em um sistema de baixa rentabilidade. Mas não é justamente daí que talvez venham as soluções para o que deveremos ser?

LG: Você tocou na expressão baixa rentabilidade, duas palavrinhas que ouço diariamente quando estou conversando com o investidor e gestores, bancos, empresas. Eu costumo dizer: a forma de pensar dos gestores de recursos, sejam eles bancos ou investidores, na tomada de decisão ainda é baseada na fronteira eficiente do Marcos Marcovich, um economista que tem uma teoria bem complexa, bem profunda. O elemento dessa teoria, que talvez seja o mais conhecido para nós, é o seguinte: nunca ponha todos os ovos na mesma cesta. Ele diz, de forma mais abrangente, o seguinte: você tem alocação de recursos para vários períodos da sua vida, para cada propósito, então aquele dinheiro de mais curto prazo, que você pode precisar para uma emergência de saúde, para uma situação de desemprego, você não pode correr risco com esse dinheiro.

Ele está falando de risco e retorno, e o que falta, aqui para nós, é esse momento de transição sobre o qual você falou. Talvez esse binômio risco-retorno esteja virando um trinômio: risco-retorno-impacto, porque toda decisão de investimento tem um impacto positivo ou negativo. Quando eu invisto dinheiro em ações de uma companhia de bebida alcoólica, ou numa companhia de geração de energia termoelétrica, ou numa indústria tabagista, tudo isso tem impacto. Estes são custos sociais. Temos o costume de achar que o lucro é privado e o custo é público. A transição é que nessa conta comece a ser incluído o custo intergeracional de mitigar problemas. E os negócios sociais estão exatamente nesse campo.

 

IS: Outra questão desse sistema é que, toda vez que uma pequena empresa desenvolve um produto ou modelo de negócio que, de alguma forma, é escalável, em algum momento ela acaba sendo absorvida por uma grande empresa. Como podemos eliminar esse risco para que as pequenas empresas consigam superar esse momento e possam se tornar empresas independentes e escaláveis?

LG: Não é uma resposta fácil, não existe uma fórmula desse risco que você comentou. No campo de impacto, o que fazemos é tentar perceber o perfil do empreendedor, porque existem casos em que o empreendedor funda uma empresa e tem a pretensão da venda depois de um período; e há outro perfil que quer causar um impacto social e, para além de ficar rico, o que eles querem é deixar o nome na história.

Peter Diamandis, fundador da Singularity University, nos Estados Unidos, tem uma frase muito interessante: “A forma mais fácil de se tornar bilionário é vender algo de um dólar para um bilhão de pessoas”. Talvez as iniciativas que consigam chegar a esse ponto mais rapidamente sejam aquelas que oferecem soluções para problemas sociais e ambientais.

No dia em que descobrirmos a cura para a malária, a cura para a dengue, ou formas baratas de tratamento de água e esgoto, e resolvermos problemas sociais e ambientais, haverá um caminho rápido para se erguer um empreendimento de sucesso. O que nos anima é o perfil de empreendedores que, cada vez mais, têm se destacado por sua dedicação em resolver, de fato, esses problemas.

 

Descubra como podemos ajudar sua empresa a ser parte da solução, não do problema.

A Ideia Sustentável constrói respostas técnicas eficientes e oferece soluções com a melhor relação de custo-benefício do mercado, baseadas em 25 anos de experiência em Sustentabilidade e ESG.

    Entre em contato
    1
    Posso ajudar?