O ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, em conjunto com o pai da “WWW”, Tim Berners-Lee, participaram de mais de uma hora de debate sobre o futuro da internet na Campus Party, maior evento de tecnologia do mundo. Ambos afirmaram que a internet precisa ser defendida e protegida de todas as maneiras, principalmente dos governos.
Al Gore subiu ao palco minutos depois das 13h, desculpou-se por falar somente em inglês e cumprimentou “os velhos amigos” com mesmos ideias, como a senadora Marina Silva, presente na palestra. Ela também disse se sentir honrado por dividir o painel com um homem importante para a revolução digital pela qual o mundo passa atualmente, Tim Berners-Lee, e se mostrou solidário às vítimas das chuvas no sudeste do País, que já mataram mais de 600 pessoas. “O mundo entende a enorme dor que o Brasil está passando”, disse. Essa não é a primeira vez de Al Gore no maior encontro geek do planeta. Há dez anos ele participou da Campus Party Valência, na Espanha.
Segundo Al Gore, é necessário trabalhar para mostrar às pessoas que a web é uma ferramenta incrível e as possibilidades de mudança social que ela proporciona são infinitas. Mas, para isso, é preciso assegurar que ela continue livre. “Divertir-se na internet é bom, mas considerando o potencial da ferramenta, que conecta o usuário a todo mundo e oferece uma nova dimensão de conexão entre as pessoas, é preciso usá-la para o bem do mundo e ter certeza de que ela se manterá aberta e acessível a todos”, disse o ex-vice-presidente.
O discurso de Tim Berners-Lee, seguiu o mesmo tom. Para o pai da web, que disse estar emocionado de partipar de um evento tão grandioso, além de lutar por uma web livre a aberta, os usuários devem exigir do governo que os dados de interesse da população sejam divulgados. Para que isso seja possível, os cidadãos precisam usar a rede de forma consciente, estar atendo ao que está acontecendo nela e, principalmente, protestar. “Em um primeiro momento, o usuário deve usar as próprias ferramentas da web, como Twitter e blogs. Se as pessoas não ouvirem, vá para as ruas, de forma pacífica”, disse.
Tim reafirmou a importância de que dados de interesse social sejam disponibilizados na internet. Ele exemplificou com uma situação no Reino Unido, durante um almoço com o então primeiro ministro, Gordon Brown, em 2009. “Gordon me perguntou o que de mais fascinante a internet poderia fazer. Eu respondi: “colocar dados na rede”. Ele me devolveu a resposta com um ‘ok'”. Desde então, Tim Berners-Lee tem se tornado um fiel lutador da causa da liberdade de dados e do acesso aos cidadãos.
Quando perguntados se há limites para o vazamento de dados, a voz unânime no palco era que sim. Al Gore lembrou o caso WikiLeaks e falou que não se trata de um problema da internet, mas sim de uma ação contra a lei. “A lei é importante e precisa ser respeitada. Estamos falando aqui de outro tipo de liberdade”, esclareceu.”É preciso lutar pela publicação de dados que sejam necessários para a vida das pessoas, como áreas de risco em épocas de chuva, lugares mais violentos da cidade, locais com alto índice de alagamentos. O governo possui esses dados. E temos que lutar para que todos saibam”, encerrou Berners-Lee.
Na plateia estavam, entre outros, a senadora Marina Silva e Jon Maddog Hall, presidente da Linux International e um dos destaques do evento.
Campus Party Brasil 2011
Nascida na Europa, em 1997, a Campus Party é um dos maiores eventos de tecnologia, entretenimento e cultura digital do mundo que, em 2011, chega a sua quarta edição brasileira. Além do Brasil, são tradicionais os encontros realizados na Espanha, na Colômbia e no México. A Campus Party Brasil acontece de 17 a 23 de janeiro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP).
Para este ano, são esperados mais de 6,8 mil participantes – ou campuseiros – sendo que dentre esses, mais de 4,5 mil ficam acampados no local. Além de atividades como oficinas e exposições, a Campus Party Brasil 2011 terá inúmeras palestras. Entre os confirmados, estão o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, Tim Berners-Lee, pai da “WWW”, e John Maddog Hall, presidente da Linux International, e muitos outros.
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