ARQUITETURA – Vencedora do prêmio CASA COR 2012 apresenta dicas de como realizar ações sustentáveis

11 de julho de 2012

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O setor da construção civil vive um “boom” nas questões sustentáveis e têm motivado discussões sobre o papel e a responsabilidade das pessoas no desenvolvimento e preservação do meio ambiente. Com isso, crescem as ações efetivas por parte de empresas e da sociedade. O objetivo é reduzir a utilização de recursos naturais e reutilizar, conscientizar para o uso racional da água e gerenciar o destino dos resíduos corretamente, preferencialmente para reciclagem.

O novo mercado eco eficiente exige um desenvolvimento contínuo da variedade de novos produtos que devem ser adequados às diferentes realidades de cada país. A arquitetura ecológica ainda é considerada uma novidade, entretanto as aplicações de técnicas sustentáveis na concepção de um projeto são cada vez mais recorrentes.

Em relação, à avaliação de edifícios, o sistema americano LEED é referência em experiências internacionais de sucesso, e já está se tornando conhecido no Brasil. Existe uma diversificação de produtos sustentáveis que podem substituir os convencionais, do alicerce até a concretização da obra ou da decoração.

Uma obra ecologicamente correta se caracteriza pela escolha do local, especificação e  instalação dos materiais e equipamentos adequados, gerenciamento e destinação correta dos resíduos da obra e durante a vida útil da edificação.

O projeto bem planejado e especificado reduz os gastos manutenção e proporcionam um menor impacto no meio ambiente. “Projetar de forma consciente e sustentável, é mais do que uma tendência, é o único futuro possível para nossa profissão”, afirma a arquiteta Adriana Noya.

“Devemos enxergar a vida útil do material como um ciclo retornável, pois os resíduos devem ser aproveitados do começo a um novo início, assim lixo pode virar luxo”, explica.

As empresas recicladoras de entulho transformam o entulho em novos materiais de construção.

A indústria da arquitetura é uma grande fonte geradora de emprego com grande impacto ambiental e social. Para diminuir qualquer agressão na natureza, um ponto importante, é a viabilização de alternativas para a gestão dos resíduos sólidos da construção civil, com soluções que contribuam para redução de custos e preservação.

Os trabalhadores de obras devem ter um treinamento adequado para conscientização sobre a aplicação adequada dos materiais, evitando quebras e perdas, gerando volume desnecessário de entulho e devem ser instruídos sobre a como tratar o entulho de uma construção. As sobras dispostas inadequadamente poluem o solo, degradam paisagens e constituem grave ameaça à saúde coletiva.

Os resíduos devem ser separados, armazenados da forma correta e serem destinados para usinas de reciclagem ou postos de recebimento que vão dar nova utilidade a tudo isto.

Razões para fazer a separação dos resíduos:

· Responsabilidade ambiental, social e econômica;
· Minimizar extração inadequada de recursos naturais;
· Redução de custos;
· Geração de emprego e renda;
· Diminuição da disposição irregular de sobras e da poluição ambiental;
· Melhora da qualidade de vida.

É importante avaliar cada fase do decurso construtivo, desde o planejamento, operação e finalização da construção, além de metodologias de análise de produtos. Por isso, o arquiteto precisa gerenciar a instalação dos materiais, calcular as medidas com precisão e evitar quebras e desperdícios.

“Trabalhamos para criar e projetar ambientes, casas, prédios, bairros, cidades, com nossas construções, reformas e decorações. Podemos transformar o futuro do nosso planeta, dependendo da forma que fazemos cada uma destas atividades, procedimentos, técnicas, equipamentos e materiais escolhidos”, conta Adriana.

Qualquer obra mal planejada e gerenciada pode causar danos ao meio ambiente em maior ou menor proporção, independente de ser um grande empreendimento ou uma pequena reforma.

Espaço ADEGA – CASA COR 2012

“Para projetar o espaço ADEGA na CASA COR 2012, por exemplo, selecionei opções com baixo impacto na natureza e produtos de reuso instalados de forma harmoniosa, criando uma atmosfera de bem-estar e conforto”, informa a profissional.

Composta por piso em bambu prensado que é material de rápida renovação, revestimento nas paredes em filetes de mármore, que reaproveitam aparas de cortes maiores, ar condicionado com selo PROCEL, a mesa água com base feita com papelão reciclado, papel de parede aplicado com cola à base de água, tapete de lã, estantes e bancadas em madeira de demolição, reaproveitadas de pisos de casarões antigos, adegas com consumo energético 30% menor do que outras similares e iluminação em LEDs, que tem baixo gasto energético em substituição a lâmpadas incandescentes e dicroicas que consomem 2.818W, reduzindo para 684 w uma média de 76%.

Além disso, o projeto conta com gerenciamento e destinação do entulho da obra para reciclagem e reuso.  Outro ponto importante é que todo material de divulgação do escritório (cartões e folders) são em papel reciclado.

Como construir com sustentabilidade e estilo:

A escolha do local
· Terrenos em áreas previamente desenvolvidas, aumentando a preservação de áreas virgens;
· Locais com acesso a transporte público e aos serviços básicos e necessários no dia a dia, evitando deslocamentos desnecessários com automóveis e a consequente emissão de CO2.

Áreas externas
· Preservar áreas verdes;
· Utilizar plantas nativas ou xerófitas no projeto de paisagismo, evitando gasto desnecessário com irrigação;
· Utilizar água da chuva ou reaproveitada para irrigação;
· Utilização de sistemas eficientes de irrigação como gotejamento;
· Facilitar a drenagem da água do solo através do uso de pisos drenantes, ou seja, evitar materiais impermeáveis para a área externa, isto evita que a água da chuva escorra, levando poluição aos mananciais.

Coberturas
· Uso de cores claras, diminuindo o aquecimento na edificação e a necessidade de refrigeração;
· Coberturas verdes (ajardinadas) que ao mesmo tempo ajudam a absorver a água da chuva e evitar que ela escorra, levando poluição aos mananciais  e ajudando a diminuir  o impacto as ilhas urbanas de calor, o calor que se irradia em volta dos aglomerados urbanos, pela reflexão dos raios solares, e faz aumentar o desconforto das pessoas e o consumo com sistemas de refrigeração. Elas ajudam também a manutenção da temperatura na edificação.

Desenho do projeto
· O projeto deve ser feito de forma integrada entre os profissionais de engenharia, e arquitetura para que o projeto seja desenvolvido com todas as especificações adequadas.
Para um melhor resultado no desenvolvimento do projeto o BIM (Building Information Modeling) sistema integrado de softwares é utilizado para calcular com mais precisão e evitar desperdícios;
· Projetar levando em consideração a topografia,  o clima, ventos, incidência solar, entorno, e tirar partido deles para privilegiar o projeto;
· Aproveitar iluminação natural  e vista para o exterior, o máximo possível, isto além de economizar energia, proporciona bem estar aos ocupantes da edificação;
· Janelas em posição adequada, aproveitando a incidência dos ventos e em paredes opostas para permitirem ventilação cruzada, proporcionando uma temperatura mais adequada e renovação do ar;
· Fazer o gerenciamento e destinação correta do entulho da obra, para reuso, reaproveitamento ou reciclagem, diminuindo o depósito em aterros e incineração;
· Fazer um projeto paisagístico pensando na manutenção e consumo de água e energia;
· Escolher equipamentos de refrigeração sem CFC e com gás refrigerante menos agressivo a camada de ozônio.

Durante a construção é importante priorizar:
· Materiais de origem local, evitando a emissão de carbono com transporte e estimulando a economia local;
· Produtos recicláveis e com baixo impacto ambiental, de rápida renovação na natureza, como o bambu, reaproveitáveis ou com componentes reciclados;
· Madeiras com certificação de origem, ou selos que comprovem sua sustentabilidade como FSC conhecidos como os “verdes” (floorscore,  Green Seal,  greenlabel) e outros. Alguns deles já podem ser encontrados no Brasil;
· Janelas inteligentes que vedam melhor, revestimentos de fachada ventilada e vidros que permitam o controle de iluminação e temperatura, aproveitando a luz solar e ao mesmo tempo evitando o aquecimento interno e consequente gasto desnecessário com ar condicionado;
· Sistemas de geração de energia com painéis solares, tirando partido do nosso clima tropical e cores claras na fachada e cobertura, para diminuir o impacto das ilhas urbanas de calor e diminuir o gasto com refrigeração;
· Evitar materiais que emitam COV’s (compostos orgânicos voláteis) para preservar a qualidade do ar;
· Os equipamentos elétricos e eletrônicos que têm selos PROCEL, EnergyStar que oferecem maior eficiência energética;
· Uso de dispositivos de iluminação com baixo gasto energético como os LEDs;
· Equipamentos e dispositivos hidráulicos eficientes, que gastem menos água;
· Materiais adequados a cada uso, proporcionando maior durabilidade e menor gasto com manutenção ou substituições;
· Parceria com fornecedores que tenham atitudes sustentáveis.

Sobre Adriana Noya

Arquiteta e LEED® Green Associate, Sócia do Studio Arquitetura Mais-Adriana Noya. Arquiteta formada em 1990 pela Universidade Federal da Bahia, trabalha com arquitetura, interiores e em Green Design, buscando aliar técnicas sustentáveis a arquitetura e design de interiores. LEED® Green Associate é uma credencial da organização internacional USGBC, U.S. Green Building Council. Contemplada com o prêmio CASA COR 2012 na categoria projeto Mais sustentável.

Mais informações:

Cintia Cordeiro: (11) 3817-7941 | [email protected]

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