Apontamentos sustentáveis para 2009

Apontamentos sustentáveis para 2009

Boa medida para o ano que se inicia é anotar, na agenda, além dos compromissos de praxe, idéias e reflexões que podem ser úteis do ponto de vista pessoal e profissional. Na semana passada, esta coluna publicou insigths de alguns dos mais importantes especialistas em sustentabilidade do mundo, entrevistados por Idéia Socioambiental, para esta página da Gazeta Mercantil, ao longo de 2008. No sentido de contribuir para um ano mais sustentável, apresentamos mais um conjunto de idéias inteligentes e  provocativas sobre um modelo de desenvolvimento, uma economia e um mundo mais sustentáveis. Leia, recorte e cole em sua agenda. Para pensar, refletir e agir.
De catástrofe em catástrofe

“Temo que, como em outros momentos da história, diante de possíveis crises anunciadas, as medidas necessárias sejam adotadas apenas quando houver uma catástrofe. Pode ser uma catástrofe ambiental. Ou econômica, dessas que acabam punindo os mais pobres, com aumento de preços decorrentes da escassez de matrizes energéticas ou recursos naturais. Elas podem vir juntas. O mais grave das mudanças climáticas é que potencialmente elas pioram os outros problemas da humanidade.”
Mohan Munasinghe, vice-presidente do painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas
Lição de Stern

“A lição deixada pela turbulência financeira do mundo também vale para a ameaça do aquecimento global. Quanto mais ignorarmos os riscos, mais graves serão as conseqüências.”
Nicholas Stern, autor do relatório Stern (2006) que trata dos impactos econômicos das alterações do clima.
Demanda por produtos sustentáveis

“A consciência global sobre a insustentabilidade de algumas práticas corporativas está crescendo rapidamente. Há muito mais conhecimento hoje do que dez anos atrás. Nossos filhos estão aprendendo e aprenderão nas escolas tudo sobre a importância de ser sustentável. As maiores crises globais – mudanças climáticas, extinção de espécies marinhas, desmatamento de florestas e risco no fornecimento pleno de água – estão associadas ao tema da sustentabilidade. Quanto mais pessoas aprenderem sobre isso, mais demandarão produtos sustentáveis. As companhias que não liderarem esse tema serão menos lucrativas”
Michael Conroy, autor do livro “Branded: how the certification is transforming global corporations”
Mercado sustentável
“Saber identificar quando os clientes estão dispostos a optar por produtos mais sustentáveis é o grande desafio para as empresas. No entanto, simplesmente esperar que essa condição de mercado se desenvolva pode resultar em perda de oportunidades.”
Elizabet Laville, diretora e fundadora da consultoria francesa Utopies.
Inovação não é só a novidade
“A inovação normalmente está associada ao novo. No entanto, essa filosofia não faz muito sentido do ponto de vista da racionalidade do planeta. Isso porque há produtos que podem perfeitamente servir por muito tempo sem prejuízo nenhum, mas o consumidor é estimulado, induzido e muitas vezes até condicionado pela propaganda a adquirir novidades.”
Henrique Rattner, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
O valor econômico da sustentabilidade
“Um equívoco comum é achar que o período de retorno para investimentos em sustentabilidade é maior do que a média usual de dois ou três anos. Com a aplicação de ferramentas de ecoeficiência, por exemplo, a recuperação do investimento ocorre em um ano ou até menos. Os benefícios de produtividade, por sua vez, podem gerar recursos ao longo dos anos se os trabalhadores acreditarem que a companhia é mesmo séria em relação à sustentabilidade.”
Bob Willard, autor do livro “The Sustainabillity advantage”
Alianças intersetoriais, valor em alta

“Hoje organizações como o Greenpeace trabalham ao lado de companhias, companhias atuam junto com organizações da sociedade civil e estas fazem parcerias com governos para melhor servir os cidadãos. Precisamos insistir para que todas as instituições trabalhem em conjunto para promover o bem estar comum. Este é um valor a ser cultivado.”
Robert Dunn, criador da Business for Social Responsibility e hoje presidente do Instituto Synergos.
Economia das energias renováveis

“Existe um campo emergente de postos de trabalho no segmento das energias renováveis. Precisaremos de um enorme contingente de carpinteiros, encanadores e eletricistas para instalar aquecedores e células solares. No lugar de geólogos de petróleo, precisaremos de geólogos geotérmicos, mineralogistas e arquitetos solares. Temos aí uma grande oportunidade para expandir a economia. Os potenciais são enormes. Basta que os governos dos países e as suas empresas tenham a capacidade de enxergar mais adiante.”
Lester Brown, presidente do Earth Policy Institute e autor, entre outros, do livro “Plan B 3.0: mobilizing to sabe civilization”
Capitalismo criativo
“A lista das maiores corporações do mundo daqui a 20 anos vai incluir muitas empresas de que ainda não ouvimos falar. Serão companhias que cresceram com a concepção de oferecer produtos e, ao mesmo tempo, proporcionar o desenvolvimento de comunidades com respeito ao meio ambiente. Isso é capitalismo, na sua melhor forma.”
Stuart Hart, professor da escola de negócios Cornell`s Johnson e criador, junto com C.K Prahalad, do conceito de negócios na base da pirâmide.
Matéria publicada no jornal Gazeta Mercantil em 31/12/2008.

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