Arte e mudanças climáticas

30 de novembro de 2009

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Cultura, cinema, fotografia, grafitte, hip hop… mudanças climáticas? Sim! Está na hora de colocar a questão da sustentabilidade na sua agenda, inclusive, cultural. Uma boa pedida fica por conta da programação especial “Copenhagen é aqui” que se estende até 5 de dezembro.
Com filmes, exposições de fotos, debates e intervenções a Matilha Cultural pretende chamar atenção para a Conferência do Clima (COP 15), que acontece de 7 a 13 de dezembro, em Copenhague, Dinamarca.
A casa abriu as portas em maio de 2009 e a primeira programação aconteceu com o “Setembro verde”, um mês dedicado a obras que despertavam a reflexão para questões socioambientais, como o filme Home, do francês Yans Arthur-Bertrand.
O objetivo principal é trazer a discussão das questões socioambientais para o dia a dia das pessoas, convidando-as a também tomarem parte no processo de revisão de modelos e estilos de vida para uma sociedade mais sustentável.
Em entrevista a Ideia Socioambiental, Rebeca Lerer, coordenadora da Matilha Cultural, fala mais desse desafio e sobre a proposta da casa. Confira a seguir.
Ideia Socioambiental: Como surgiu a ideia de dedicar uma programação específica para a questão das mudanças climáticas, com o enfoque para a COP 15?
Rebeca Lerer: Quem não está vendo o momento histórico que estamos vivendo é porque não quer ver. O nosso modo de vida, a maneira como nossa sociedade está estruturada estão colocados em xeque devido aos impactos causados ao Planeta. A Matilha decidiu criar esse espaço, que é físico, mas também deve estar na cabeça e na agenda das pessoas para se informarem melhor sobre as mudanças climáticas. Isso é importante para entenderem o desafio e saírem da zona de conforto, ao invés de, simplesmente, relegar essa responsabilidade aos líderes de governo que se reunirão na Dinamarca.
I.S: Ainda hoje há muita resistência em discutir a sustentabilidade sob esse ponto de vista mais prático. Muita gente vê como papo de “ecochato” e é resistente a mudança de comportamento. Como quebrar essa barreira e trazer essa discussão para o dia a dia?
R.L: Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Procuramos deixar claro é que vamos ter que passar por uma mudança de comportamento grande. Hoje comemos qualquer fruta a qualquer momento do ano, antes não era assim. É um exemplo simples, mas que revela toda uma cadeia destrutiva por trás. Com alguns conteúdos culturais, podemos estimular essa reflexão de que tipo de vida estamos levando e qual a conseqüência para o planeta e para milhões de pessoas que podem não saber, mas sofrem indiretamente as conseqüências da poluição e das mudanças climáticas. A Matilha está tentando encontrar essa fórmula, o que fazemos é uma ponte entre o pessoal da arte de rua, do hip hop, da periferia com o conteúdo que a sociedade civil está levando para Copenhague.
I.S: Quais são os principais destaques da programação e que tipo de reflexão elas geram?
R.L: As fotos do Greenpeace, por exemplo, explicam que as demandas da sociedade podem gerar o desmatamento. O filme Era da Estupidez mostra porque estamos ultrapassando o ponto sem volta no sistema climático. Esse é um caminho, mas é um processo. A programação também conta com alguns projetos fora da casa, como as atividades que serão realizadas a partir do dia cinco de dezembro, em que acontecerá uma mobilização global para chamar atenção dos líderes que vão se encontrar em Copenhague. Nessas datas, além da programação da casa, vamos fazer vagas vivas, com ocupações das áreas de estacionamento da zona azul, na Vila Buarque [bairro onde a Matilha está instalada]. Vamos ocupar essas vagas com bancos, plantas para tornar a rua que foi tomada pelos carros em área de convivência para as pessoas trocarem ideias na antiga nessa região, que era a antiga boca do lixo em São Paulo. Estamos iniciando um processo de arborização do bairro. Estamos fazendo um abaixo-assinado que será destinado a subprefeitura da Sé e à Secretaria do Verde de São Paulo par providenciar o plantio de árvores e melhorar o microclima da região porque a sensação térmica aqui chega a ser até 5°C mais quente do restante da cidade.
I.S: Há muitas projetos voltados a questões socioambientais, mas, por vezes, essas ações acabam ficando dispersas. Pelo seu caráter multifacetado, você acredita que a questão das mudanças climáticas teria um potencial de convergência desses esforços?
R.L: Diferente das outras crises, dos grandes conflitos, da guerra fria, primeira e segunda guerras mundiais, problemas que mesmo sendo muito complexos, você apertava o botão vermelho, fazia um ligação e acabava a guerra. O que está acontecendo com o clima do planeta está fora do alcance da mão humana. A mão humana está provocando, mas não estamos preparados para lidar com o impacto disso. Não dá para apertar um botão e dizer que o aquecimento global acabou. A gente já disparou o gatilho da natureza que também rege a nossa vida. Então não é uma escolha. É isso que o aquecimento global tira da nossa mão e que não estamos acostumados.
I.S: É uma questão de adaptação para sobrevivência?
R.L: Exatamente, da sobrevivência não da sociedade como ela é hoje, mas da espécie humana. O planeta terra em si vai continuar. A questão não é mais vamos combater a fome ou não? Vamos distribuir a renda ou não? Mas sim vamos sobreviver ou não.
Programação “Copenhagen é aqui”

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