BIG BANG BEING

3 de junho de 2013

Compartilhe:
BIG BANG BEING - Ideia Sustentável

Por Roseli Gonçalves

Com preâmbulo de Erwin Laszlo, o livro BIG BANG BEING foi concebido a partir da pesquisa de doutorado de Isabel Rimanoczy, cujo foco era investigar o que impulsiona líderes sustentáveis a fazer algo que contraria os preceitos do “business as usual”.

Para este fim, entrevistou 16 líderes de corporações norte-americanas que vêm fazendo a diferença não por meio de empreendimentos filantrópicos, mas sim, de projetos que são parte da estratégia dos negócios.

A autora tinha indagações também não muito usuais. Seu interesse estava mais nas trajetórias transformacionais destes líderes e nos fatores que os levaram a “dar a guinada” rumo à sustentabilidade do que em estórias sobre negócios e conquistas profissionais.

Sua intenção era de identificar os conhecimentos, as habilidades, experiências, atitudes ou mentalidades que haviam guiado essas pessoas e que poderiam servir como fonte de inspiração para a formação de uma nova geração de líderes.

As entrevistas também abriram as portas não só para uma reflexão sobre quais os fatores que, de certa forma, ainda mantêm travado o nosso desenvolvimento rumo à sustentabilidade, mas também para alternativas,  afim de transformá-los de fatores de emperramento a molas propulsoras do desenvolvimento sustentável. Sua conclusão é de que as possibilidades para fazer a diferença encontram-se na própria essência de cada um de nós. É algo individual e isso tem a ver com “gente”. E esta transformação é tão radical e importante, que a chamou de BIG BANG BEING, ou seja, um ser que tem origem a partir de uma grande explosão.

Em sua busca dos “indivíduos por trás das iniciativas”, Rimanoczy estava certa de que iria encontrar algo que pode ser replicado, contribuindo, assim, para o desenvolvimento das futuras gerações de líderes. Logo nas primeiras entrevistas, ficou claro que todos essas lideranças tiveram uma trajetória pessoal especial que as conduziu a uma nova percepção do mundo. Uma experiência de profunda introspecção e de reflexão, uma evolução espiritual.

Não no sentido místico, mas no de encontrar o canal para seu desenvolvimento como seres humanos em harmonia com o seu entorno.

A autora parte do princípio de que esta experiência foi a pedra angular para a mudança de mentalidade desses líderes, para a sua conscientização de que tudo na natureza está conectado e de que cada ação individual tem implicações em todo o resto. Essa tomada de consciência passou então a permear todas as suas decisões, a nível profissional e pessoal, possibilitando a mudança do padrão fazer (atividade, estar ocupado), ter (propriedades materiais) e ser (alguém) para um foco em ser, saber o que deve ser feito (ação útil/com um propósito) e ter (equilíbrio e paz interiores).

Para fundamentar sua tese de que a mudança de mentalidade passa por essa experiência espiritual, bem como pela conscientização da conectividade e interdependência dela decorrida, Rimanoczy apoia-se em vários autores, de antigos filósofos gregos e asiáticos a teólogos, sociólogos e escritores contemporâneos. Citando Laszlo, a autora afirma que “quando tomamos consciência destas conexões, o pensamento humano é elevado do nível egocêntrico ultrapassado à tão urgentemente necessária dimensão centrada na comunidade, na ecologia e no planeta.”

O fato de que, dos dezesseis líderes entrevistados, somente três são mulheres, despertou-me, a princípio, certo desconforto. Porém, consultando estatísiticas recentes sobre o assunto, tive que reconhecer que Rimanoczy não poderia ter utilizado uma amostra muito diferente para este trabalho. Segundo um estudo realizado pela consultoria McKinsey, a reperesentação feminina em cargos de diretoria em empresas norte-americanas em 2010 era de apenas 15%. A Noruega é o país onde as mulheres têm a maior representação, com 32%. Na Alemanha de Angela Merkel, o percentual cai para 13%, e no Brasil de Dilma Roussef, apenas 7% dos cargos de diretoria são ocupados por mulheres. Isto me leva a concluir que o caminho a percorrer ainda é bastante longo. Mas prefiro me deixar contagiar pela mensagem otimista de Rimanoczy, de que a mudança de mentalidade rumo ao BIG BANG BEING é uma tarefa individual, para todos. E todos nós estamos aptos, preparados e equipados para alcançá-la ou para fluir em sua direção.

Informações adicionais:

Na primeira parte, com o título de “Explorando o Iceberg”, Rimanoczy discute, em três capítulos, o que moveu os líderes entrevistados a abraçar a causa da sustentabilidade, contrariando suas culturas corporativas e trocando o mantra preconizado por Milton Friedman – de que o propósito do negócio é o negócio – pela conscientização da responsabilidade social das empresas e a busca do “lucro com propósito”. A autora indentifica cinco modelos distintos de liderança que tiveram um papel-chave na trajetória de desenvolvimento destes líderes: inspirar, comunicar, engajar, implementar e disseminar.

A segunda parte, chamada “Abaixo da Superfície”, trata das duas dimensões que fundamentaram a forma de como estes líderes defenderam suas iniciativas: a dimensão do Pensar e a dimensão do Ser. Rimanoczy define duas estruturas do Pensar, que levam à mentalidade de sustentabilidade: o pensamento inovador, caracterizado por uma perspectiva de “pensar fora da caixa” na abordagem dos complexos desafios do século 21; e o pensamento sistêmico, com os seus seis componentes da perspectiva sistêmica: ambos/e, interconectividade, visão de longo prazo, fluxos cíclicos, complexidade e cooperação.

Na terciera parte, a autora aborda a questão da morosidade no processo de mudança para a sustentabilidade, apontando para o “Elefante na Sala”, ou seja, os valores e crenças nos quais a nossa visão ocidental do mundo está tão ancorada, impedindo que o processo de mudança para a sustentabilidade caminhe a passos mais largos. Entre esses valores, Rimanoczy cita: crescimento econômico, conquista, controle, riqueza, conforto, independência, competição, conhecimento e velocidade. Na sua opinião, esses valores estariam sendo reforçados pelo desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da mídia e pela globalização. Uma análise sobre a importância de certos valores para a nossa identidade, bem como seu papel nos impactos que têm causado no planeta, leva autora a concluir que “as coisas não têm que ser da forma que elas são”. Assim como o planeta, nós também podemos mudar e começar a deixar uma marca diferente.

“Pensando em Alternativas”, a quarta parte do livro, como o próprio título já diz, aponta as alternativas que temos para converter valores insustentáveis em oportunidades. Rimanoczy agrupa os valores que fazem parte do nosso problema em três categorias distintas: aqueles que devem ser redefinidos e reformulados; aqueles que nos convidam a desenvolver nosso cérebro como um todo; e aqueles que são uma oportunidade para a evolução dos seres humanos a um nível mais elevado de desenvolvimento.

E, finalmente, a quinta parte, chamada “Além do Ponto Crítico”, apresenta-nos uma oportunidade para evoluir como seres humanos, desenvolvendo uma nova forma de pensar e de ser neste planeta. Rimanoczy considera esta transformação tão radical e importante que a chamou de “Big Bang Being”, ou seja, um ser que tem origem a partir de uma grande explosão. Nesta parte, a autora mostra em detalhes como as possibilidades para fazer a diferença encontram-se na própria essência de cada um de nós. É algo individual e isso tem a ver com “gente”.

Credenciais do autor:

Isabel Rimanoczy é bacharel licenciada em Psicologia pela Universidade de Buenos Aires, com MBA pela Universidade de Palermo, doutora em Psicologia da Educação (Universidade de Columbia, Nova Iorque), professora visitante na Universidade de Fordham, onde leciona a disciplina “Developing the Sustainability Mindset” (Desenvolvendo a Lógica da Sustantabilidade). Isabel Rimanoczy é Legacy Coach e consultora para corporações e indivíduos que desejam trazer a alma para o trabalho. É fundadora da organização sem fins lucrativos “Minervas, Women Changing the World”, registrada nos Estados Unidos.

Outras obras:

Rimanoczy, Isabel; Turner, Ernie, (2008). Action Reflection Learning: Solving Real Business Problems by Connecting Learning with Earning. USA, Davies-Black Publishing
Rimanoczy, Isabel; Tamborenea, Mariam; Salviatto, Cibele, (2011). Minervas Circles of Dialogue: Guide to Facilitating Sessions of Creative Dialogue. USA, CreateSpace Independent Publishing Platform

Referência Bibliográfica:

Rimanoczy, Isabel. BIG BANG BEING Developing the Sustainability Mindset. 1. ed., Reino Unido, Greenleaf Publishing Ltd, 2013. 226 p. ISBN 978-1-906093-87-7.

Roseli Gonçalves é graduada em Estatística pela UFRJ, cursou Letras (alemão e línguas românicas) na Universidade de Bremen/Alemanha e é mestre em Gestão Responsável pela Steinbeis University Berlin. Vive e trabalha em Bremen desde 1991.

Descubra como podemos ajudar sua empresa a ser parte da solução, não do problema.

A Ideia Sustentável constrói respostas técnicas eficientes e oferece soluções com a melhor relação de custo-benefício do mercado, baseadas em 25 anos de experiência em Sustentabilidade e ESG.

    Entre em contato
    1
    Posso ajudar?