Liderança para a sustentabilidade

9 de dezembro de 2008

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Na última quarta-feira, sob a presidência de Osires Silva,  a ONG Fórum de Líderes deu partida a um importante movimento de think thank, cujo objetivo é o de reunir alguns dos principais líderes empresariais brasileiros em torno do desafio de pensar e construir propostas para o desenvolvimento do País. Mais do que isso, o seleto grupo pretende influenciar os tomadores de decisão das políticas públicas, apresentando caminhos e soluções em áreas como, por exemplo, o agronegócio, a educação, a inovação tecnológica e a gestão pública. Onze temas foram selecionados. A sustentabilidade – como era de se esperar — figura entre eles.
Sob o nome de Liderança em Sustentabilidade, formou-se um grupo de trabalho, a princípio sob o comando do ex-ministro da Indústria e Comércio, Luiz Furlan, que terá, entre outras missões, articular empresários para discutir um novo modelo competitivo, baseado no tripple bottom line. Na primeira reunião, o grupo iniciou o debate a partir da provocação feita pelos cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) sobre a urgência de rever o atual modelo de desenvolvimento comprovadamente insustentável —altamente emissor de carbono, gerador de desigualdades sociais e perdulário no uso de recursos naturais cada vez mais escassos. Entre os participantes, ficou claro que a mudança é a única alternativa possível para um Planeta em desequilíbrio, do qual se extraem 30% a mais de recursos que ele é capaz de repor. Também houve consenso sobre o fato de que as empresas são protagonistas e podem acelerar o processo se contarem com líderes efetivamente engajados.
Aqui vale reforçar uma reflexão já feita nesta coluna em outras ocasiões. Três são as lições que se aprendem conversando com os principais líderes em sustentabilidade empresarial do país.
A primeira pode soar um tanto óbvia, mas é, a rigor, a afirmação do quanto esses sujeitos são especiais: sem a crença inabalável e missionária que os move na incorporação dos temas sociais e ambientais na gestão do negócio — às vezes, contra toda a sorte de forças reativas — muito provavelmente as corporações que dirigem não teriam chegado à posição de referência em sustentabilidade. Logo, ele fizeram e fazem a diferença. Mais do que isso, representam a própria diferença.
A segunda lição, menos óbvia, diz respeito ao fato de que esses líderes são exatamente aquilo que pregam e em quê acreditam. Neles, retórica e ação andam de mãos dadas. A coerência entre o que dizem e o que fazem resulta em um tal nível de credibilidade que, por si, legitima a sua defesa calorosa dos valores sustentáveis. Nas empresas que comandam não há sinais invertidos, mensagens contraditórias e verdades que se mostram frágeis no teste das decisões cotidianas e das relações humanas.
Se crêem em diversidade, transparência, respeito ao outro e ao meio ambiente, procuram criar as condições necessárias para que os diferentes públicos de interesse percebam o impacto positivo desses valores no dia-a-dia da organização. Não são –como se acreditava há uma década – empresários de esquerda, sonhadores ingênuos ou poetas corporativos, embora haja sim algo de poesia em suas crenças e atitudes. São homens de negócio convictos de que não há melhor caminho para a humanidade do que conjugar resultados econômicos, sociais e ambientais. Preocupam-se não apenas em “como fazer”, mas em “como ser”. Acreditam no futuro e sentem imenso prazer em contagiar os outros com a fé que depositam em suas idéias.
Uma terceira lição decorre da percepção de que eles ainda pertencem a uma confraria de poucos membros, constituindo exceções a uma regra que privilegia o desempenho financeiro no curto prazo (bottom line) como único indicador seguro de sucesso empresarial. Os líderes em sustentabilidade têm todos os atributos que definem um bom líder, como, por exemplo, a habilidade de identificar oportunidades e criar soluções novas, a capacidade de construir redes de relacionamento, dialogar, envolver colaboradores e detectar sinergias.
Mas ao seu perfil acrescentam conhecimentos, habilidades e atitudes tipicamente sustentáveis. Como indivíduos diferenciados que são, eles possuem uma visão ampla e de longo prazo do propósito da empresa, compreendem a complexidade do tema, sua transversalidade e suas conexões em toda a cadeia produtiva e sabem tirar proveito do mundo interdependente em que vivemos. Além de considerar os dilemas socioambientais nas estratégias de negócio, eles entendem que a sustentabilidade, mais do que risco, representa um campo de oportunidades para a inovação. E que para inovar é preciso educar e preparar novos líderes sustentáveis — éticos, altruístas, com visão coletivista e elevado senso de justiça. Palavras de um dos integrantes do grupo de trabalho de sustentabilidade do Fórum de Líderes: “As empresas detém o poder econômico e a ciência da gestão. Seus líderes têm a responsabilidade de ajudar a construir sociedades sustentáveis”.
Artigo publicado no jornal Gazeta mercantil em 09/12/2008.

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