Revista Alliance – Perspectiva do investidor

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Agregando confiança aos investimentos sociais
O mercado de ações continua turbulento ao redor do mundo, o que torna prematura a discussão sobre as lições apreendidas durante a crise financeira que explodiu no ano passado. Certamente uma presença regulatória mais efetiva poderia ter ajudado. Mas o que não mudou desde então é a necessidade de transparência e informação sobre o mercado de investimentos. Após a turbulência sofrida pelo mercado no último ano, ainda não se sabe exatamente o que será necessário para recobrar a confiança dos investidores.
Investimentos sociais não são diferentes de nenhum outro tipo de investimento. Quanto mais transparência e informação promoverem, tanto no setor público quanto no privado, mais segurança os investidores sentirão para aplicar seu dinheiro. O que difere os investimentos sociais dos demais tipos de investimento é a necessidade de mais informação em reportar seu impacto no mercado, e isto não é tão simples. Cada investimento social possui um impacto distinto, e a maneira de mensurá-los varia de ação para ação.
Apesar dos problemas vividos pela economia no ano passado, este é o momento em que a negociação pública de investimentos mais vê a possibilidade de se tornar um modelo de atuação. Agências reguladoras, tais como a Securities and Exchange Commission nos Estados Unidos, exigem que todas as companhias públicas reportem suas informações. Elas passam por um processo de padronização, de forma que os resultados possam ser comparados com facilidade. Os investimentos sociais não têm vantagem por não possuir esse tipo de agência que possibilita ao investidor rapidamente avaliar os impactos de diferentes investimentos sociais.
Entretanto, algumas organizações, tais como Investing for Good no Reino Unido e Social Impact Research nos Estados Unidos, estão começando a aplicar sua própria metodologia e análise de investimentos a fim de informar efetivamente os dados requeridos pelo investidor. O grande problema é a não padronização dos dados. Ainda assim, algumas empresas estão classificando seus investimentos.
Ao preparar nossas próprias análises e classificações, compilamos um compreensível corpo de informações e as utilizamos para classificar cada investimento em três áreas cruciais: confiança, retorno e impacto.
Confiança está relacionada à estabilidade financeira do investimento. Os critérios de pontuação incluem potencial operacional da organização, tais como uma boa gerência, histórico de operações e relevantes fatores de risco. Retorno mensura o feedback financeiro projetado pela companhia. E impacto contabiliza os benefícios sociais e ambientais gerados pelos investimentos, que são medidos e analisados de acordo com os propósitos da companhia, tal qual os de seus stakeholders. Enquanto investigações tradicionais voltariam seus esforços apenas para seus resultados financeiros, nossa metodologia de análise de impacto de investimento se volta para o cenário completo do investimento social.
De forma parecida, a Social Impact Research, uma divisão sem fins lucrativos voltada a causas profundas (Root Cause), realiza seus relatórios do setor privado com modelos equivalentes. Os relatórios analisam informações de suas próprias companhias, além das agências governamentais, de organizações de investimento social, think-thanks, acadêmicos e consultores.
Ainda neste ano, a Fundação Acumen nos Estados Unidos lançará o Portfolio Data Management System, desenvolvido em colaboração com engenheiros do Google. O sistema compilará resultados de suas performances financeiras, operacionais, sociais e ambientais, mas não elencará seus investimentos.
O relatório Nonprofit Marketplace: Bridging the information gap in philanthropy (Mercado sem fins lucrativos: preenchendo a lacuna de informação na filantropia, ainda sem tradução para o português), um relatório escrito pela Hewlett Foundation and McKinsey & Co, conclui que esforços na área de filantropia, descritos como ‘o mercado sem fins lucrativos’, tem muito o que aprender dos mercados tradicionais. O documento reforça que o mercado sem fins lucrativos não cobre um robusto fluxo de oportunidades, informação precisa que é uma marca de mercados de alta-performance, tais como trocas de ações, mercados de commodities ou eBay. “Para preencher esta lacuna, o setor deve capturar, analisar, distribuir, e utilizar as informações em performances das organizações sem fins lucrativos e impactos sociais efetivamente”, alerta a publicação.
Como já dizia Anita Roddick, fundadora do Body Shop: “Não procuro apenas algo em que investir. Quero algo em que possa acreditar.” Os investidores terão algo em que acreditar apenas se tiverem confiança nas informações que acessam.
Maureen Stapleton é uma analista de Investimento Social.
Investors’ perspectives é um boletim produzido em parceria com a Investing for Good. Fundada em 2004, a organização intermedia e gerencia finanças sociais.
www.investingforgood.co.uk

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