Revista Alliance – Justiça social e mudanças climáticas

Revista Alliance – Justiça social e mudanças climáticas

No relatório Responding to the Rooftops – (Respondendo aos alertas) Steven Burkeman avalia como as organizações não governamentais e fundações corporativas têm respondido aos alertas da comunidade científica em relação às ameaças do aquecimento global. Para o consultor, a agenda das organizações que promovem a justiça social deve estar alinhadas aos esforços globais de combate ao aquecimento. O título do estudo faz alusão ao discurso de Al Gore, no documentário “Uma verdade inconveniente”, e a necessidade de reconhecer o combate às mudanças climáticas como um imperativo moral.
Geralmente, o ímpeto para o envolvimento de uma fundação na questão do aquecimento global vem dos seus curadores. Muitas fundações simplesmente desconhecem o que outras instituições fazem nessa área. Já existe um consenso ao redor da ideia de que a principal questão relacionada à mudança climática é política, não científica ou tecnológica. Mas as ONGs e fundações não costumam ser ouvidas no que se refere à mudança climática em campos que suas vozes seriam influentes.
A participação das organizações de defesa das causas ambientais parece mais óbvia, mas suas contribuições também são mais previsíveis na busca de soluções para o aquecimento global. As demais organizações, que não têm as mudanças climáticas como foco de sua atuação, podem trazer opiniões inesperadas que devem ser contempladas em discussões como essa.
ONGs que trabalham com idosos, imigrantes, jovens e pobres, por exemplo, precisam discutir sobre os efeitos da mudança climática com seu grupo de beneficiários. As fundações também podem discutir sobre quais são as organizações-chave na mudança social que precisam ser ouvidas nos debates sobre aquecimento global.
Em segundo lugar, existe uma necessidade em influenciar os intelectuais para essas questões, por meio de uma estratégia que conte com um número maior de estímulos do que os oferecidos pelas organizações que já são “figurinhas marcadas”. Um dos meus entrevistados para o relatório “Responding to the Rooftops” destacou que não existe nenhum think-tank sobre políticas públicas na área das mudanças climáticas, reforçando a tese que motivou minha pesquisa: existe muito interesse no tema, mas os interessados estão focados em outras questões. A força desse comentário talvez seja ilustrada pelo fato de que quando as políticas públicas sobre os biocombustíveis mudaram no final dos anos 1990, não houve crítica – ao menos no Reino Unido – que apontava as conseqüências previsíveis em termos de uso da terra e os efeitos no preço dos alimentos para os pobres.
Existe uma tensão inerente nas democracias entre a necessidade de se fazer o que é certo e o risco de punição nas urnas, especialmente, nesse caso, quando o que é certo pode significar que as pessoas tenham que pagar mais, usar menos, ou ainda fazer outras mudanças no estilo de vida que são inicialmente impopulares. Outro entrevistado disse, “essa é uma campanha para termos menos liberdade, para menos abundância; uma campanha contra nós mesmos”. Um papel das fundações é ajudar a construir a pressão pública para criar o espaço político em que é possível para um governo democraticamente responsável tomar atitudes que se tomadas de outra forma, poderiam ser politicamente pejorativas.
O relatório sugere que as fundações precisam continuar transmitindo atribuições por meio de programas de atributos que não sejam tão “fechados”. Programas que permitam ajudar outros que já se encontram ativos no campo e que não sobreviverão sem o tipo de financiamento sem prender a organização e que apenas as fundações podem oferecer. Tributos e iniciativas de fundações também podem ser relevantes em áreas como moradia, transporte, combustível, pobreza e imigração. O trabalho das ONGs nesse campo e em outras áreas podem precisar de ajuda para entender a importância do aquecimento global nas suas experiências e prover fundos para assegurar que o núcleo das suas operações estejam seguros no período crítico – muitos especialistas acreditam que temos apenas até o final de 2016  antes de ultrapassarmos o ponto sem volta da mudança climática (www.onehundredmonths.org).
Mais para frente, é importante usar o dinheiro da Fundação para ajudar a construir comunidades flexíveis que serão fortes suficientes para afastar as conseqüências catastróficas da mudança climática em áreas como saúde e transportes, geração de energia local, operações de estradas e pontes, assim como sua manutenção, suprimento de água e tratamento de esgotos.

Steven Burkeman
é um consultor independente, baseado no Reino Unido, trabalhando principalmente com fundações e organizações de direitos humanos.
Para mais informações baixe o relatório Responding to the Rooftops em http://tinyurl.com/6af64a
 

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