Revista Alliance – As fundações podem praticar acupuntura corporativa?

20 de dezembro de 2007

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A questão sobre se as fundações podem – e deveriam – usar seus investimentos na bolsa de valores para influenciar o comportamento corporativo é frequentemente feita, e não menos nestas páginas. Na Alliance de março, Stephen Pittam, da Joseph Rowntree Charitable Trust, apontou para a decisão da entidade de parar de investir na Reed Elsevier por esta ter organizado exposições para o comércio de armas.
Ainda assim, até a SustainAbility conseguir subsídios da Skoll Foundation, a questão “deveriam-as-fundações-trazer-pressão-financeira” parecia remota.
Nossa função está  mais focada em como influenciar as empresas para dedicar-se a problemas como governança global, mudanças climáticas, redução dos recursos naturais, pobreza e corrupção.
Sem dúvida,  o convite de contribuir com a Alliance fluiu de uma impressão, a qual é apenas em parte verdadeira, de que a SustainAbility sabe como influenciar negócios. Nosso trabalho é continuamente uma pragmática mistura de psiquiatria corporativa – tentando mudar a maneira de pensar ao remexer na psique empresarial – e acupuntura corporativa, em que procuramos (e agulhamos) os pontos de pressão. Durante anos, porém, invejei James Bond: toda vez que ele se encontra no centro de controle do vilão, ele sabe que botão apertar. Eu freqüentemente acabo apertando o que estiver na minha frente.
Então perguntei ao Jed Emerson, um dos nossos membros administrativos, como ele enxerga o potencial do que eu apelidei de ‘dinheiro com atitude’. “No capitalismo”, ele respondeu, “investir é o botão vermelho na sala de controle! O capital é a essência de qualquer empresa, e sua fluência tanto determina quando reflete o que valorizamos. Nós precisamos ter ‘dinheiro com atitude’ nos investimentos pessoais e na comunidade filantrópica desde que, deixado aos seus próprios mecanismos, o capital irá simplesmente procurar seu próprio, comum e mais baixo denominador, de preferência,  econômico.
Se até os investidores predominantes como Goldman Sachs estão oferecendo aos clientes ‘aumentos analíticos’ para ajudar a gerenciar portifólios de investimento com referência a fatores sociais e ambientais, e se novos fundos como o Generation Investment Management (GIM) estão, com sucesso, criando retornos financeiros significativos ao considerar questões extra-financeiras, é difícil acreditar que o dinheiro não se beneficia de atitudes adicionais para ajudar a maximizar o valor total.
Em seguida, perguntei a opinião de Richard Fahey, Chief Operating Officer [cargo próximo ao CEO, ou presidente] da Skoll Foundation e arquiteto do modelo de capital da entidade – que busca maior alinhamento dentre todos os investimentos da fundação.
Ao mesmo tempo em que reconhece a existência de um crescente interesse em fundações usando sua influência financeira, ele sublinha que a base do negócio da Skoll é financiar os gostos da Ceres, Health Care Without Harmand  e SustainAbility, casos em que o propósito principal da organização é transformar a mentalidade do negócio e sua prática. Ele também menciona a empresa de mídia Participant Productions, de Jeff Skoll, a qual co-produziu Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore. O impacto de tais filmes é um dos motivos pelos quais os investimentos da Skoll atraem interesse.
Mas a pressão-chave para uma estratégia mais ativa vem da própria direção da Skoll, a qual abraçou a idéia da fundação alinhar o corpo de investimentos mais próximo de sua missão.
O resultado é “uma estratégia de três partes em votar em substitutos ativamente, publicar os investimentos para o alinhamento da missão, e investir em empresas que buscam oportunidades de negócio alinhadas com as questões da Fundação”.
Fahey nota que enquanto as fundações não podem manter interesse de controle em empresas que visam o lucro, existem outras maneiras de coação. Eles podem apoiar as resoluções dos shareholders de outras pessoas (como a Skoll) ou construir suas próprias. Ele cita o caso da Smithfield Foods, a maior fazenda e processadora de suínos do mundo, para a qual a Fundação Nathan Cummings trouxe uma pressão considerável por conta de questões ambientais.
Ultimamente, o botão principal conecta-se a marcas e reputação corporativa. A Reed Elsevier desistiu das suas atividades de comércio de armas porque sua base de clientes acadêmicos estava ficando agitada. Mas as fundações também deveriam ser informadas. A Skoll usa os índices da Innovest como um guia de investimento. Por meio do Capricorn Investment Group LLC, eles adquiriram uma ação no GIM, focado em sustentabilidade, co-fundado por Al Gore. Finalmente, o time da Skoll convidou diversas fundações de Bay Area para discutir investimentos com estratégias de missões alinhadas com Mindy Lubber, da Ceres, e Lance Lindblom, da Fundação Nathan Cummings. Interessante perceber que tanto a reunião quanto o conteúdo foram publicadas no Wall Street Journal. Então vamos achar aqueles botões e dar-lhes uma apertada experimental.
John Elkington é o fundador e presidente da SustainAbility. Site: www.johnelkington.com. Email: [email protected]

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