Relação entre transgênicos e câncer reforça valor dos orgânicos

26 de setembro de 2012

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Pela primeira vez desde a introdução de organismos geneticamente modificados (OGM) no sistema agrícola, uma pesquisa publicada pela revista “Food and Chemical Toxicology” demonstrou a relação entre o uso de OGMs, herbicidas e seu potencial impacto na saúde humana.

OGMs ou transgênicos são organismos modificados para resistir a pragas e doenças e, apesar de serem alvo do princípio da precaução, estabelecido pela Convenção de Diversidade Biológica da ONU (1992), já são usados em larga escala no mundo e no Brasil, em lavouras como a de milho, soja e algodão.

A importante revelação da pesquisa está na comprovação de que a mortalidade e a frequência de casos de câncer é maior em roedores alimentados com produtos transgênicos do que com alimentos sem modificação genética. Resumidamente, a pesquisa consistiu na alimentação de 200 ratos por dois anos de três maneiras distintas: apenas com milho OGM, com milho OGM tratado com Roundup (o herbicida mais utilizado no mundo, da Monsanto), e com milho normal com Roundup. A dieta dos ratos teve proporções equivalentes ao do regime alimentar dos Estados Unidos.

Os resultados mostraram uma mortalidade muito mais rápida e maior durante o consumo desses produtos, do que em ratos indicadores (sem OGMs e herbicidas). Além disso, tumores cancerígenos apareceram nos ratos machos 600 dias antes de surgirem nos ratos indicadores, e nos ratos fêmeas apareceram 94 dias antes nos alimentados com transgênicos. Descobriu-se também que 93% dos tumores das fêmeas eram mamários, enquanto a maioria dos machos morreu por problemas hepáticos ou renais.

“Nós educadores ambientais antenados no número de doenças cancerígenas existentes na atualidade, já estávamos desconfiados de que boa parte da responsabilidade sobre esta situação vem da qualidade dos alimentos ofertados, e nesse sentido, esta pesquisa referenda nossas intuições”, diz Mônica Borba, coordenadora do Instituto 5 Elementos – Educação para a sustentabilidade.

Rumo aos orgânicos

O uso de espécies transgênicas orienta-se pela lógica da agricultura convencional, baseada na monocultura, nos altos investimentos e no uso de insumos químicos, além de reforço da concentração de renda e do êxodo rural, já que a produção está basicamente voltada para a exportação e não para atender às necessidades da população e manter os recursos naturais locais. A passagem dessa agricultura para um modelo de base agroecológica é uma realidade cada vez mais próxima do mercado, principalmente quando se sabe que 70% dos alimentos consumidos no Brasil são provenientes da agricultura familiar, com produção diversificada e menor uso de insumos externos.

Em grandes cidades como São Paulo, a demanda do consumidor por orgânicos é crescente e só não há mais espaços de comercialização na cidade porque faltam produtos dessa natureza nas proximidades, a exemplo das feiras do Parque da Água Branca e Parque Burle Marx. O município possui cerca de 400 agricultores familiares em seus limites, 300 concentrados na zona Sul, sendo 30 pequenos produtores orgânicos e 100 agricultores na zona leste e oeste, onde a maioria já produz no sistema orgânico. No extremo Sul, são eles que protegem as nascentes das represas Billings e Guarapiranga, que abastecem a cidade.

A ONG Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade vem desenvolvendo, desde 2009, um trabalho de formação desses agricultores para sua conversão à produção orgânica e a organização em torno da Cooperapas – Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Zona Sul de São Paulo. Até junho de 2013 serão mais 25 agricultores formados pelo curso do Instituto em parceria com o FEMA – Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de São Paulo.

Ao contrário do que se imagina, da produção orgânica como uma alternativa ainda marginal ao sistema alimentar da população, é esse o modelo com sustentabilidade necessária para garantir uma alimentação saudável a longo prazo, já que além da segurança alimentar e da geração de emprego, preserva os recursos naturais essenciais ao sistema agrícola, como solo, água e biodiversidade locais.

[Fonte: Instituto 5 Elementos]

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