A origem da expressão pink money (“dinheiro rosa”) não é bem documentada, mas especula-se que tenha surgido a partir do crescimento populacional e econômico da comunidade gay em São Francisco, na Califórnia (EUA), na década de 1960. Pink money virou, então, uma gíria referente ao poder aquisitivo dessa população.
Conforme a comunidade de pessoas não heterossexuais (a sigla LGBTQIAP+ ainda estava longe de existir) crescia, ganhava relevância e consumia mais, comerciantes e empresários locais identificaram a necessidade de atender um novo e promissor mercado.
Com o passar do tempo, a expressão pegou e foi ganhando variações e novos usos, como pink market, pink capitalism etc.
Atualmente, o pink money não se restringe ao poder aquisitivo LGBTQIAP+, mas a todo o conjunto de produtos e serviços desenvolvidos para atender essa comunidade. O que era um nicho, hoje é um mercado cada vez mais disputado por empresas que investem pesado em campanhas e em produtos exclusivos para o público não cisgênero e não heteronormativo.
Só que junto com esse crescimento, tem aumentado também a visão crítica por parte de quem gasta seu pink money sem enxergar retorno para a comunidade que representa.
É comum que marcas e empresas que lançam campanhas publicitárias com frases de efeito e estampando a bandeira LGBTQIAP+, não se comprometam com a comunidade.
Nestes casos, configura-se o pinkwashing (assunto para um próximo glossário).
Cada vez mais os negócios estão sendo observados e cobrados para incluir pessoas não heterossexuais e não cisgênero como colaboradores em seus próprios negócios, por exemplo. Ou para investir parte dos lucros obtidos com o pink money em programas e ações que protejam gays, lésbicas, pessoas trans e quaisquer outras excluídas pela sua sexualidade.
Em escala global, o poder de compra da comunidade LGBTQIAP+ está na casa dos 3,7 trilhões de dólares, de acordo com dados de 2019 da consultoria financeira e gestora de ativos LGBT Capital.
O pink money brasileiro, por sua vez, está estimado em cerca de R$ 420 bilhões movimentados anualmente – os dados, de 2021, são da associação empresarial global Out Leadership.
Outro indicador nacional relevante vem do IBGE, em 2017: a renda de casais homoafetivos é, em média, 65% maior do que a de casais heterossexuais.
Para exemplificar essa enxurrada de milhões, a expectativa para a 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de 2023, em São Paulo, era de que entre 3 milhões e 4 milhões de participantes (entre paulistanos e turistas) injetassem R$ 500 milhões na cidade em apenas um fim de semana de junho.
Em 2021, o Reino Unido lançou uma nova cédula literalmente rosa – e homenageando uma personalidade histórica gay. A nota de 50 libras estampa o rosto de Alan Turing, matemático e pioneiro da computação – e até da inteligência artificial.
Para quem nunca ouviu falar deste gênio britânico, ele foi representado no cinema pelo ator Benedict Cumberbatch no filme O Jogo da Imitação, que conta um dos maiores feitos de Turing: interceptar e decifrar códigos nazistas, proeza fundamental para a resistência e vitória dos aliados contra Hitler na Segunda Guerra Mundial.
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