De acordo com o manifesto de estreia de NetZero, innovability (ou “inovabilidade”) “é o território em que a inovação e a sustentabilidade se somam para produzir negócios mais eficientes”.
Para Ricardo Voltolini, CEO e fundador da consultoria Ideia Sustentável, da Plataforma Liderança com Valores e de NetZero, o termo nasce da combinação das palavras inovação e sustentabilidade (em inglês) e quer dizer “inovar para a sustentabilidade”.
E a relevância do conceito está cada vez mais evidente. Como um dos sinais disso, Voltolini aponta para o crescimento global do mercado das greentechs, empresas de tecnologia com foco em sustentabilidade:
“Segundo relatório da consultoria Allied Market Research, o volume de recursos investidos em empresas com foco em inovação para sustentabilidade vai aumentar de US$ 6,8 bilhões (2018) para US$ 44,6 bilhões em 2026.”
Voltolini menciona também que o Brasil, por ser uma potência ambiental, e um credor potencial no mercado de carbono internacional, a ser criado em 2022, deve receber parte significativa deste capital.
Até há pouco tempo, porém, inovação e sustentabilidade caminharam separadas nas estruturas organizacionais das empresas – algo que ainda ocorre na maioria das corporações. Essa desconexão costuma resultar em projetos que geram inovação mas que comprometem a sustentabilidade do negócio ou em iniciativas sustentáveis que não agregam inovação ao que a empresa oferece a clientes e à comunidade.
Com a ascensão das práticas ESG como modelo a ser seguido pelas empresas, desenhar o organograma com departamentos de inovação e de sustentabilidade apartados deixa de fazer sentido. O caminho passa a ser integrá-los e estabelecer uma área de innovability como pilar estratégico.
Nas palavras de Adriano Silva, fundador do Projeto Draft e de NetZero, em entrevista para Exame.com:
“Nenhuma empresa conseguirá crescer, ou mesmo se manter no mercado, se não rever de modo autêntico sua ética de negócios, se não redesenhar de verdade o modo como se relaciona com o ambiente e com as pessoas, e o modo como toca a sua governança como organização (…) E a inovação é fundamental nesse processo de reinvenção das suas práticas. Estamos falando do innovability – a inovação que serve à sustentabilidade.”
O lampejo surgiu, veja só, em uma empresa de energia: a Enel. Em 2014, o CEO Francesco Starace cunhou o termo, sendo o primeiro a combinar as palavras “inovação” e “sustentabilidade” para definir o novo conceito.
Em entrevista à Divercity Magazine, Ernesto Ciorra, diretor de inovabilidade na Enel desde quando o conceito foi criado, explica que disseminar inovação garante a sustentabilidade num mundo cada vez mais dinâmico:
“A sustentabilidade é alcançada por meio da inovação, que é um pré-requisito e uma ferramenta. A inovação não é somente tecnológica, mas sobretudo cultural, porque ser inovador significa estar pronto para a mudança. Essa atitude mental permite que a empresa esteja em sintonia com as mudanças no ambiente externo – e, assim, se torne sustentável.”
Como exemplo, Ciorra conta que a Enel, atenta a seus stakeholders (ONGs, entidades comunitárias, acionistas, investidores, funcionários e clientes), fechou 23 fábricas fósseis para cumprir o compromisso de operar com energias renováveis.
De acordo com o diretor, ainda que a decisão tenha rompido com o antigo modelo de negócios, o resultado foi uma operação mais sustentável e competitiva, dobrando o valor da empresa para € 90 bilhões.
A Enel não só foi pioneira na criação do conceito como é uma das porta-vozes de um movimento conhecido como open innovability, que procura engajar instituições aos princípios de inovabilidade, já que, nas palavras da própria empresa, “não há sustentabilidade sem inovação e a inovação deve sempre ter foco na sustentabilidade.”
Para a Enel, a inovabilidade também é uma maneira de cumprir o compromisso diário da companhia de alcançar alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU):
• ODS 4: Educação de qualidade
• ODS 7: Energia limpa e acessível
• ODS 8: Trabalho decente e crescimento econômico
• ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura
• ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis
• ODS 13: Ação contra a mudança global do clima
A fim de colocar a inovabilidade em prática, o Grupo Enel aposta em abrir todas as áreas da empresa para parcerias com startups, indústrias, pequenas e médias empresas, centros de pesquisas, universidades e plataformas de crowdsourcing.
E já são numerosos os resultados dessa abertura. Desde 2016, por meio da plataforma Open Innovability, a companhia de energia já recebeu mais de 7 mil soluções inovadoras e sustentáveis. Destas, já ativou, local e globalmente, 200 projetos e 124 parcerias envolvendo 500 mil pessoas em mais de 100 países, contribuindo também para o ODS 17 (Parcerias e meios de implementação).
A Ideia Sustentável constrói respostas técnicas eficientes e oferece soluções com a melhor relação de custo-benefício do mercado, baseadas em 25 anos de experiência em Sustentabilidade e ESG.