Liderança Sustentável – Desafios de um modelo sustentável para o setor elétrico

junho de 2012

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Liderança Sustentável – Desafios de um modelo sustentável para o setor elétrico - Ideia Sustentável

Energia entra para a Rio+20 como um dos principais temas a serem discutidos na conferência global sobre desenvolvimento sustentável. O Brasil é hoje o décimo maior consumidor de energia elétrica do mundo. Estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam um crescimento médio anual da demanda por eletricidade, até 2021, de 4,5%. Saltaremos de um consumo de 472 mil GWh em um ano, registrado em 2011, para 736 mil GWh, em 2021. A indústria continuará sendo responsável por quase metade do consumo total de energia.

Tal crescimento nos impõe pensar de forma mais ampla e dinâmica a expansão da capacidade de geração de energia elétrica. No Brasil, essa expansão depende da diversificação cada vez maior da matriz energética. Nossa principal fonte de energia elétrica são as usinas hidrelétricas, hoje responsáveis por 75% da energia gerada. No Sudeste, que concentra a maior parte do PIB brasileiro, não há mais capacidade hidrelétrica.

A diversificação de nossas fontes, para dar conta de tanto crescimento, é um trunfo importante. Estamos em um país de características regionais variadas e disponibilidade de recursos energéticos que nos permitem modelos de geração igualmente diferenciados. Para que a diversificação da matriz elétrica vire realidade, há ainda que se considerar o cenário de médio e longo prazos no que diz respeito às alterações nos padrões climáticos.

Na região Norte, a expansão dos empreendimentos hidrelétricos tem o desafio de minimizar impactos e estabelecer condições de convivência ambientalmente responsável. No Nordeste do país e no Sul, as condições geográficas potencializam os parques eólicos. A energia solar, com tecnologia ainda por se tornar competitiva em larga escala, também pode ser uma aposta válida.

Várias empresas do setor estão desenvolvendo projetos para testar sua confiabilidade em diferentes regiões brasileiras. Biomassa é outra opção. Essa fonte surge para o Sudeste como investimento responsável. O gás natural, com a perspectiva de substancial expansão de sua disponibilidade, se apresenta como fonte para a geração de energia elétrica mais próxima aos principais centros econômicos e de consumo de energia do Brasil.

A diversificação implica ainda evoluções regulatórias, como a realização de leilões regionais de energia, ou mesmo a realização de leilões de energia por fonte. A adoção de leilões regionais é uma saída interessante para a sociedade em termos de confiabilidade, segurança, eficiência e redução de impactos em toda a cadeia. Seguindo esse formato, é possível aumentar a diversificação das fontes de energia e criar novas possibilidades de localização para instalar empreendimentos de geração.

Também são reduzidos os custos com o transporte da energia em longa distância e as perdas energéticas inerentes ao sistema, contribuindo com a modicidade tarifária e permitindo a geração com menos impactos ao meio ambiente, do qual o setor tanto depende, e mais eficiência no aproveitamento dos recursos utilizados. Ter fontes mais próximas dos consumidores aumenta ainda a confiabilidade do sistema elétrico, garantindo abastecimento proporcional às previsões positivas de desenvolvimento econômico do país.

As discussões na Rio+20 prometem desencadear uma fase transformadora para os negócios de Energia Elétrica, quando a competição setorial irá muito além do preço. Tudo indica que o modelo de negócio que mais se diferenciará será aquele que conseguir combinar a oferta de fontes de energia, crescimento da demanda, custo econômico, impactos ambientais e bem-estar e desenvolvimento social da população.

Na prática, significa atingir um nível de eficiência bem maior do que perseguimos até então. Essa evolução se dará por mudanças progressivas e dinâmicas de modelos, que combinem de forma mais ampla os três aspectos fundamentais para a sustentabilidade – o econômico, o ambiental e o social, ao assegurar equilíbrio sólido entre diversidade, inovação e responsabilidade no uso dos recursos energéticos.

Britaldo Soares é presidente do Grupo AES Brasil.

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