Liderança é tema difícil de explicar, mas fácil de entender. Especialmente quando se está diante dos problemas causados por sua ausência ou escassez numa empresa.
Em sustentabilidade, a liderança corresponde a uma variável fundamental de sucesso, talvez a mais decisiva entre elas. Isso ficou claro quando, dois anos atrás, após uma longa investigação com executivos de 30 empresas, constatei que a sustentabilidade avançara mais em companhias onde era vista como oportunidade e não risco, estava inserida na estratégia de negócio, havia uma preocupação de envolver públicos de interesse e comunicar-lhes o valor das iniciativas e – mais importante de tudo – existia um líder sentado na cadeira de presidente, pessoalmente envolvido com o tema e com o desafio de incorporá-lo à cultura organizacional. Não por conveniência, mas por convicção.
Foi exatamente a vontade de compreender como pensa e age esse tipo de líder que me levou a escrever Conversas com Líderes Sustentáveis (Senac-SP, 2011). A experiência de entrevistar 10 presidentes consagrados no tema, vistos como notáveis no mercado, permitiu-me concluir que eles fazem a diferença porque se diferenciam dos líderes convencionais em cinco aspectos.
Eles creem, de verdade – e não para constar – nos valores que definem o conceito de sustentabilidade, como o respeito ao outro, ao meio ambiente e à diversidade, o apreço pelo diálogo, pela ética nas relações e pela transparência. Mais do que isso, praticam esses valores nos seus atos, escolhas e decisões de negócio. Zelosos, sabem que a coerência entre o que dizem e fazem é condição básica para gerar credibilidade e obter o compromisso necessário à inevitável mudança de sistemas, modelos e estratégias.
Nas empresas que dirigem, o chamado triple bottom line é mais do que um mantra corporativo entoado para agradar colaboradores, clientes e investidores. Antes disso, acreditam para valer na noção que dá suporte ao “triplo resultado”, a de interdependência entre os sistemas produtivo, social e ambiental. E são movidos por uma consciência de que essas três dimensões constituem não pedaços separados, mas elementos de uma visão mais ampla, essencialmente sistêmica, segundo a qual não se admite a ideia do lucro legítimo com prejuízos ao planeta e à sociedade.
Coragem e persistência são outros dois atributos desses líderes. Coragem para fazer mudanças em modelos mentais moldados na velha economia que resistem à ideia da sustentabilidade por razões filosóficas, mercadológicas ou operacionais. E persistência para conduzir as transformações inevitáveis, mostrando os benefícios concretos da sustentabilidade para o negócio e para a prosperidade da empresa nesses tempos de aquecimento global e consciência da finitude dos recursos naturais.
Esses líderes são, sobretudo, bons comunicadores da “causa” e hábeis mestres na arte de construir sinergias e ambiente favorável para a inovação advinda das bordas da empresa. Humildes no melhor sentido da palavra, cientes de que, dados os desafios empresariais desse século, a capacidade de escuta mede mais a estatura de um líder do que a do discurso, eles entendem que líderes para a sustentabilidade equivalem a uma espécie de recurso renovável numa organização. E que seu papel é garantir que se renovem.
Artigo originalmente publicado na revista Carta Capital (ed. 675, de 02-12-2011)
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