Gestão de valores – Espiritualidade corporativa contra os males do mundo

Gestão de valores – Espiritualidade corporativa contra os males do mundo

Vivemos em uma época de transformações fundamentais nunca antes vistas na História. Fazem parte desses novos ventos as mudanças políticas, econômicas, tecnológicas, culturais e climáticas. Tal furacão arrasta indivíduos, organizações e até mesmo países, num processo constante de redefinição, reajuste e reposicionamento de ideais e práticas vigentes. “Salve-se quem puder” é a nova regra do jogo.
No nível corporativo, muitas das empresas que figuravam – orgulhosamente – há uma ou duas décadas na lista das maiores e melhores da revista Fortune não sobreviveram às tormentas da época atual, e milhões de pessoas engrossaram as filas do desemprego. No nível individual, os profissionais têm sido obrigados a desenvolver novas e cada vez mais complexas competências para conseguir manter seus empregos – algo que não teríamos imaginado há vinte anos.
A louca corrida em busca da sobrevivência das empresas e de países durante esse tempo deixou evidências vergonhosas, registradas por meio de guerras, conflitos, uma biosfera seriamente ameaçada e o número cada vez maior de pessoas humilhadas pelo desemprego e pela exclusão econômica.
Em um estudo sobre 21 civilizações extintas, um grande historiador inglês do século 20, Arnold Toynbee, descobriu dois fatores em comum a todas elas: a concentração de riqueza e propriedade nas mãos de poucos e a incapacidade de fazer mudanças necessárias em tempo antes de sua extinção. O mesmo acontece conosco hoje. O mundo está doente e precisa de líderes corajosos e sábios.
Parece incrível que, 80 anos depois das implicações da física quântica terem estilhaçado o pensamento clássico, muitos ainda acreditem que o universo de objetos e pessoas seja um sistema linear e estático, feito de pequenos blocos sólidos que podem ser observados e, portanto, controlados de uma maneira perfeitamente previsível. A falha básica do velho paradigma está em achar que, ao compreender as coisas, podemos impor-lhes ordem. O menor tremor de terra há de demolir essa ilusão.
Menosprezamos hoje em dia o poder da vontade humana. A crise mundial não é só uma questão de aprender a conservar recursos e não poluir mais. É o espírito humano que precisa ser reaceso. Quando o trabalho é movido por um propósito imbuído de paixão, os atos, os atores e o palco ganham uma nova vida.
A prática consciente da espiritualidade não é uma resposta simplista para os inumeráveis problemas do mundo. Porém, é a dimensão capaz de mudar nossos padrões mentais. Como Einstein nos advertiu, não é possível resolver os problemas com a mesma mentalidade com que os criamos. Podemos observar esse fenômeno na maioria das organizações, desde uma microempresa, com apenas um funcionário, até repartições públicas com centenas de milhares de colaboradores.
Nada de essencial muda se os mesmos padrões mentais (os mesmos egos com as mesmas visões de mundo) persistem em tentar controlar as coisas.
Uma sociedade complexa exige uma maneira mais consciente, profunda e significativa de compreender as situações e resolver problemas, para contribuir positivamente , por exemplo, com o meio ambiente. Empresas mais espiritualizadas, dirigidas por pessoas verdadeiramente responsáveis em criar futuros, indivíduos e grupos mais sustentáveis, constituem o imperativo número um neste mundo incerto e ambíguo do começo do milênio.
Ken O’Donnell é autor de diversos livros, consultor, coordenador para América do Sul da Organização Brahma Kumaris e presidente do conselho do Instituto Vivendo Valores.

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