Estudo NEXT – Especial MPE – Tendência 7: Diversidade

Estudo NEXT – Especial MPE – Tendência 7: Diversidade

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Tendência 7: Diversidade

Mercados diversos

A pequena empresa como ferramenta para a promoção da diversidade: micro e pequenas têm vocação inclusiva. A maioria delas nasce a partir da pulsão empreendedora de um indivíduo ligado aos chamados grupos de minoria. São as maiores geradoras de empregos, trabalho e renda, promovendo o desenvolvimento local de comunidades

 

Análises feitas com base em documentos internacionais e opiniões de especialistas ouvidos neste estudo do NEXT convergem para a conclusão de que as MPE representam uma importante ferramenta para a promoção da diversidade. São três os argumentos que justificam esta Tendência 7: origem, geração de empregos e oportunidades, e finalidade. E todos eles estão invariavelmente ligados à vocação inclusiva das micro e pequenas empresas.

O primeiro tem a ver com a origem. Cerca de 29% dessas empresas nascem no Brasil por necessidade de sobrevivência (em 2002, eram 62%). São, como afirma Flávia Moraes (ver Palavra de Especialista), “originárias de uma cabeça empreendedora impulsionada pela desigualdade social e pela falta de oportunidades”. Constituem, assim, um campo de atuação profissional para indivíduos pertencentes às chamadas minorias (o conceito está relacionado mais a noção de poder e influência na sociedade do que, óbvio, à quantidade de pessoas), que ou não se enquadram ou não querem se enquadrar no sistema produtivo convencional, seja porque, em virtude de baixa escolaridade ou barreiras de natureza cultural, não conseguem acessar as melhores oportunidade de empregos, seja porque não aceitam salários menores ou condições de trabalho incompatíveis com as suas convicções.

Segundo levantamento do IBGE, de 2013, pessoas de cor preta ou parda (de acordo com os critérios oficiais de classificação adotados pelo instituto) ganham, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento dos trabalhadores de cor branca. As coisas não são muito diferentes para as mulheres, maioria da população brasileira: elas ganham, em média, o equivalente a 73,6% do rendimento médio recebido por homens, independentemente de terem a mesma formação escolar. Esses dados talvez expliquem, em alguma medida, o fato de que 57% das MPE serem criadas, segundo o IBGE (2011) por pessoas que se declaram negras ou pardas; é o mesmo percentual das micro e pequenas empresas abertas por mulheres.

De acordo com o Global Entreprerneurship Monitor (GEM), de 2013, as mulheres à frente de MPE são mais felizes e ganham mais em comparação com aquelas que não são empreendedoras. Um dado interessante nessa pesquisa sobre felicidade é que, além do maior ganho financeiro e da flexibilidade de conciliar a atividade profissional com a pessoal, a maior satisfação advém de poder trabalhar com o que gostam. Isso é bastante determinante. Normalmente, dedicam-se a atividades relacionadas a uma causa, o que tem mobilizado cada vez mais líderes em todo o mundo (ver Tendência 6). “Montar um negócio próprio permite ter ‘asas para voar’, abre um espaço onde ‘o diferente não é diferente porque é só’ e proporciona oportunidades para quem encontrou uma nova forma de se realizar. Resgata, enfim, pessoas que têm uma chama interna e estão ‘perdidas’ no processo. E, em seu próprio espaço, ele é olhado pelo que faz e não pelo que é”, diz Homero Santos, diretor da Fractalis Renovação Empresarial.

O segundo argumento diz respeito à capacidade de gerar oportunidades de emprego e renda para diferentes públicos (jovens, mulheres, negros, pessoas com deficiência), o que, na ponta, significa maior inclusão no mercado de trabalho. Por serem quase sempre empresas muito ligadas a uma determinada localidade, contratam preferencialmente pessoas de uma comunidade, contribuindo para o desenvolvimento local. Segundo pesquisa do Sebrae, em parceria com o Dieese, o número de vagas nesse segmento elevou-se em 70%, entre os anos de 2002 e 2012, passando de 9,5 milhões de postos de trabalho para 16,2 milhões. As MPE representam mais da metade do total de empregos e cerca de 40% do bolo salarial no Brasil. O mesmo estudo mostra que, no período de uma década, os salários pagos pelas MPE observaram um aumento real – descontada a inflação – de 33%, contra os 22% oferecidos pelas médias e grandes empresas. O funcionário de uma micro e pequena empresa ainda ganha, em média, 38% menos do que o de uma média ou grande empresa, mas essa diferença era de 44%. E vem caindo, ano a ano.

Maior capacidade de geração de emprego não garante, claro, que as MPE estejam respeitando, na hora de contratar, princípios de diversidade de classe social, gênero, etnia, idade, opção sexual e pessoas com deficiência. Mas, dada a dimensão do setor, e a sua relação intrínseca com as minorias, aumenta muito as chances de promover a diversidade. Também não garante que elas gerenciem o tema de modo mais adequado, pela simples razão de que talvez diversidade ainda não se configure como um “tema” de gestão, embora seja intuitivamente praticada como um valor por muitas das MPE. Não é diferente do que ocorre – vale dizer – com as médias e grandes. Parece ainda não haver uma consciência clara, entre as empresas,  sobre os benefícios concretos da diversidade para os resultados do negócio (criatividade na busca de soluções, por exemplo), quadro que certamente começou a mudar com  a ascensão de um novo tipo de empreendedor, o de oportunidade, mais escolarizado e, portanto, mais atento às tendências de gestão. Segundo o GEM, o número de empreendedores por oportunidade – isto é, aqueles que abrem o negócio não porque não têm outra alternativa – mais do que dobrou, saltando de 38% para 71%, em dez anos.

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