Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e WalMart lançaram nesta semana, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. O grupo de empresas visa abrir espaço para a construção conjunta de uma agenda positiva sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira.
O tema é fundamental para os negócios mas ainda não entrou na agenda de executivos e governos. Agora tem ganhando alguma repercussão pois, em outubro, a ONU realizará a 10ª Conferência das Partes sobre Biodiversidade, em que assuntos como patrimônio genético, preservação das espécies e ocupação de áreas florestais serão discutidos.
O mundo tornou-se mais consciente a respeito do tema quando o economista Pavan Sukhdev começou a publicar os resultados de um grande estudo que mediu o valor econômico da biodiversidade e dos ecossistemas. A pesquisa intitulada “A economia dos ecossistemas e da biodiversidade” revelou alguns dados alarmantes:
• Atualmente, mais de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão ameaçados;
• Desse total, 35% são mangues e 40% florestas;
• A demanda por recursos naturais excede em 35% a capacidade do planeta Terra;
• Caso o ritmo atual dessa demanda for mantido, em 2030 serão necessárias duas Terras para atendê-la;
• Em 2000 e 2005, a devastação das florestas na América do Sul foi de 4,3 milhões de hectares;
• Do total de hectares devastados, 3,5 milhões foram registrados no Brasil;
• O prejuízo anual com o desmatamento é de US$ 2,5 a 4,5 trilhões de dólares à economia global – o equivalente a jogar no lixo todo o PIB do Japão, o segundo maior do mundo.
Como as empresas tiveram influência decisiva na adoção de metas de redução de carbono, o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade quer repetir a ação, contribuindo para que o governo brasileiro novamente tome a dianteira do mundo no tema, com uma posição clara e avançada.
Foi lançado o rascunho de uma Carta Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, trazendo alguns esboços de propostas, tais como:
-Compromissos voluntários que as empresas assumem, de incorporar nas estratégias de negócio os princípios da Convenção da Diversidade Biológica (CDB); assegurar que as cadeias produtivas façam o mesmo; contribuir para a preservação das comunidades indígenas e tradicionais
Este rascunho também esboça sugestões de propostas que o empresariado pretende discutir com outros empresários e a própria sociedade:
-estabelecer metas claras e objetivas sobre biodiversidade para serem atingidas até 2020
-articular com outros países cooperação global para a valoração dos serviços dos ecossistemas, com o propósito de promover mecanismos econômicos para a conservação e restauração da biodiversidade;
O Movimento promoverá painéis de discussão entre líderes empresariais, formadores de opinião e membros da sociedade civil para a redação definitiva da Carta. Ela será entregue, em setembro, ao governo brasileiro e a todos os candidatos à presidência nas eleições deste ano.
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