Empresa de data center sai na frente no mercado externo ao investir em redução do consumo de água e energia

27 de março de 2023

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O mercado de TI cresce em progressão geométrica no mundo inteiro – o problema é que seus impactos ambientais também crescem na mesma proporção. Os data centers representam, em média, entre 3% e 5% do consumo mundial de energia. Estes centros que abastecem a tecnologia do planeta precisam de energia não apenas para funcionarem 24 horas por dia, mas também para abastecer seu sistema de resfriamento – que, aliás, também usa água demais.

A ODATA, provedora brasileira que fornece infraestrutura de TI na América Latina toda, pensa nisso desde o início de suas atividades. Tanto que conseguiu um feito inédito: abriu uma filial no Chile.

“O nosso negócio tem alto custo energético e alto consumo de água, dependendo da forma como for construído. E o Chile fica numa região alta, com muita escassez hídrica. Por isso, é um dos países da América Latina que tem uma das legislações ambientais e sociais mais restritivas”, explica Carolina Maestri diretora de ESG e EHS da ODATA. “Todo o processo de licenciamento é longo, precisamos de umas 50 aprovações. Mas fomos pioneiros. Outro grande player tentou entrar e não conseguiu”. 

Foi um trabalho extenso em parceria com especialistas chilenos.

“Tivemos um trabalho de engajamento com a comunidade local para entender qual era a situação. E com isso ganhamos uma vantagem competitiva absurda”.

A empresa apostou na técnica de condicionamento de ar em circuito fechado. Na prática, é a excelência na reutilização da água – capta-se o recurso apenas uma vez, e quase nada se perde, apenas uma pequena parte na evaporação. 

Carolina Maestri, diretora de ESG e EHS da ODATA

 

INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS

Essa ligação com a sustentabilidade vem desde cedo. E está de fato no DNA da Odata. Até porque ela foi bancada por um fundo de investimentos chamado Patria Investimentos, que só investe em iniciativas que sigam preceitos internacionais de sustentabilidade. “Eles iniciam seus negócios de duas maneiras: greenfield ou brownfield. Ou seja, ou fortalecem um negócio existente ou tiram do zero. E entenderam que não tinha nenhum player de data center na América Latina que poderiam fortalecer. Havia uma demanda, mas não havia iniciativas”, explica Maestri. “E como premissa, as empresas que recebem os recursos da Patria precisam atender a uma série de diretrizes”.

O primeiro desafio foi o de reduzir os impactos de um data center nas mudanças climáticas. Segundo Maestri, 80% da pegada ecológica da empresa vem do consumo energético. “É o nosso principal contribuinte na emissão de carbono, nossa principal fonte de impacto ambiental”, diz. E, a partir daí, adotaram uma série de estratégias para reduzir o recurso elétrico. 

Logo na primeira planta, em Santana de Parnaíba, próximo à capital paulista, o design de construção seguiu padrões do Leed (sigla em inglês para “Liderança em energia e design ambiental”), um dos mais relevantes certificados verdes do mundo. Além do resfriamento em circuito fechado, como no escritório chileno, apostaram ainda em painéis solares, janelas posicionadas para melhor eficiência no consumo energético e numa técnica chamada Free Cooling. Com esse método, a empresa aproveita a baixa temperatura exterior para resfriar a água usada no Chiller, um grande ar condicionado – o que permite o desligamento de seus compressores e menor custo energético.

Além dessas iniciativas, todos os ambientes contam com sensores de torneiras e iluminação para evitar desperdícios. E cuidam dos resíduos, fazendo o descarte correto do diesel usado nas operações, lâmpadas e materiais eletrônicos.

DEMANDA PELA SUSTENTABILIDADE

Todas essas experiências acompanharam as novas plantas da empresa. Desde 2015, com o início do projeto para fundar a empresa no Brasil, outras seis plantas nasceram: no México, na Colômbia, no Chile (uma segunda está em construção), outras duas no interior paulista, e uma no Rio de Janeiro. 

E essa ascensão só comprova a ideia inicial dos investidores: havia demanda. Ou seja, além da preocupação ambiental, o dinheiro destinado a métodos sustentáveis traz retorno à empresa.

“Nossos clientes têm metas super agressivas de zerar as emissões de carbono em toda a cadeia. Isso gera uma rede. Eles engajam a cadeia deles e a gente, como fornecedor, ajudamos a cumprir suas metas. Se é importante para o cliente, é importante para nós. É estratégico para nossos relacionamentos” 

Não se trata só de angariar novos clientes interessados em mitigar as pegadas ecológicas. Frear as mudanças climáticas interessa diretamente a saúde do funcionamento da indústria de data centers. As altas temperaturas na Europa, no ano passado, comprometeram duas grandes empresas. Duas máquinas virtuais do Google deixaram de funcionar precocemente e duas unidades de refrigeração da Oracle se desligaram automaticamente, como forma de segurança, por trabalharem acima do limite.

Em outras palavras, não tem saída: ou cuidam do meio ambiente, ou nem mesmo as máquinas sobreviverão. 

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