As competências consideradas fundamentais para o sucesso na carreira corporativa e para os bons resultados de uma empresa devem sofrer transformações em dois ou três anos. No atual mundo dos negócios, essas habilidades mudam de forma cada vez mais rápida, e pessoas e empresas precisam se adaptar o tempo todo.
No entanto, a maioria das equipes de Recursos Humanos não contam com braços nem recursos suficientes para proporcionar esse desenvolvimento. É essa a lacuna que a Witseed, edtech carioca fundada em 2017, quer preencher ao produzir conteúdo para treinamento corporativo.
“Alguns anos atrás, as empresas conseguiam desenvolver um plano de treinamento com prazo de validade maior. Mas, hoje, esse programa não responderá mais ao mercado em pouco tempo”, acredita o CEO Bruno Leonardo, que tem quase 20 anos de experiência em educação corporativa, incluindo uma passagem pelo Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma das mais renomadas escolas de negócios do país. “São necessárias soluções mais rápidas, personalizáveis e em grande escala. Isso, obviamente, envolve tecnologia.”
A plataforma online da Witseed baseia-se no conceito de lifelong learning, voltada para aprendizado contínuo e estudos permanentes, em oposição aos treinamentos específicos em dados momentos da vida e da carreira. Hoje, são 80 conteúdos disponíveis.
“Nossos clientes investem em uma experiência que vai continuamente aprimorar as habilidades de seus funcionários. Incentivamos o engajamento e mostramos a importância de as pessoas terem o desenvolvimento como hábito no dia a dia.”
Para isso, entrega, por streaming, vídeos com pílulas de conhecimento de cerca de 10 minutos, separados por áreas, como RH, serviços compartilhados, capacidade analítica, liderança e soft skills. Por meio de inteligência artificial, cada funcionário recebe sua recomendação de conteúdo.
A Witseed propõe também uma solução para outra dor do mercado, a fraca usabilidade das plataformas de EAD (educação a distância), que, desde o início da pandemia, tem sofrido uma revolução. “Era bastante comum até 2019 você assistir a um programa de entretenimento com ótimo visual, mas, quando ia para a área de educação, tudo era bastante tosco”, lembra Leonardo.
Por isso, a empresa produz o próprio conteúdo, por meio de uma área interna que chama de “cinema”. “Ainda não estamos no nível dos grandes estúdios, mas, de acordo com nossos clientes, oferecemos uma experiência muito mais positiva”, conta o executivo. E, quando Leonardo fala em “clientes”, ele se refere a empresas como Natura, Stellantis, Gerdau, Siemens, Vale e o escritório de advocacia Machado Meyer.
A equipe conta com roterista, diretor de arte, film maker, editores e designers de conteúdo para fazer o processo acontecer.
EDTECH PERMITE QUE EMPRESA TERCEIRIZE TREINAMENTO E MANTENHA O CONTROLE
Outra vantagem, segundo Leonardo, é financeira: o contrato anual com a edtech custa menos do que muitos programas de capacitação criados internamente nas empresas.
“A cultura de investimento em educação ainda está em desenvolvimento no Brasil. Investimos, por exemplo, cerca de um terço do que investem os norte-americanos. Mas muitas empresas já perceberam que contratar novos funcionários sai mais caro do que capacitar quem já faz parte do quadro.”
Quando uma empresa contrata a Witseed, ela se torna parte de um conselho de educação junto de outros clientes. Esse grupo identifica as habilidades e conteúdos prioritários para o processo de desenvolvimento e funciona como uma curadoria em comunidade.
Os próprios executivos são os protagonistas do processo, já que fazem parte do dia a dia de negócios e conhecem, como ninguém, sua realidade. Assim, o diretor de inovação de uma grande empresa, por exemplo, pode agregar conhecimento sobre inovação, enquanto o diretor de transformação digital de outra pode detalhar um case de sucesso.
Conforme os cursos são completados, os gestores têm acesso a um mapeamento completo, com todas as métricas necessárias para avaliar a experiência: dados sobre áreas que mais se desenvolvem, cursos mais demandados e habilidades mais trabalhadas. Com o cruzamento de informações, outros insights e ganhos são identificados.
A Natura, por exemplo, é cliente desde 2018 e descobriu que os funcionários que mais se faziam cursos tinham sua produtividade aumentada, conta Leonardo. Já Mosaic Fertilizantes, ao longo de três anos, obteve uma economia em treinamento e desenvolvimento que passou da casa de R$ 10 milhões. Para a Stellantis, grupo automotivo formado a partir da união da Fiat Chrysler Automobiles com o PSA Group, a economia foi de mais de R$ 2,7 milhões. Outro cliente, da área de telecom, percebeu que o grupo que mais se desenvolvia tinha menor turnover.
“Todas essas informações estão em linha com estudos internacionais que mostram que, quanto mais se investe em capacitação, mais se aumenta lealdade, produtividade e retenção do time”, afirma o CEO.
DESAFIOS PARA AS EMPRESAS É ESTIMULAR O INTERESSE DO FUNCIONÁRIO NO TREINAMENTO
Além de manter o foco nas próprias metas, que envolvem internacionalização e ampliação do volume de áreas de conhecimento abrangidas por seu conteúdo, a Witseed decidiu olhar para os obstáculos encontrados por quem busca o desenvolvimento para seguir em frente. Em dezembro do ano passado, lançou sua primeira pesquisa de maturidade, que envolveu 50 empresas e mais de 600 participantes.
Três pontos foram indicados como principais desafios para o lifelong learning:
O executivo afirma que o formato de conteúdo rápido da Witseed se mostra uma solução eficaz para a primeira queixa. O comprometimento em entregar continuamente novos conteúdos ajuda a estimular o suporte de líderes e áreas relacionadas. Já a questão do reconhecimento depende mais diretamente da própria empresa, mas tem tudo a ver com a missão da edtech.
“Além de todos os parâmetros de sustentabilidade ambiental, econômicos e sociais, hoje qualquer fundo de investimento ou acionista está atento ao quanto se investe em pessoas. As empresas que se preocupam com metas ESG precisam desenvolver seu capital humano para estarem preparadas para os novos desafios.”
Se, antes da pandemia, o principal formato de treinamento era presencial (o executivo estima que até 85% do investimento das empresas era destinado a esse modelo), hoje é impossível não focar em soluções remotas envolvendo cada vez mais tecnologia.
“A pandemia foi um acelerador do processo de transformação da educação para o digital. O futuro vai ser híbrido, e o treinamento presencial vai mudar. Pegaremos o melhor do remoto e do presencial e faremos uma mistura.”
Leonardo explica que o digital deve trazer uma carga maior de conhecimento, com ferramentas e passo a passo. Já o presencial contará com troca e relacionamento entre as pessoas e será o momento de colocar a mão na massa. “Vamos pegar um case, um problema e aplicar o conhecimentos desenvolvido.”
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