Artigos – Sustentabilidade não é o mesmo que Responsabilidade Social Corporativa (RSC)

Artigos – Sustentabilidade não é o mesmo que Responsabilidade Social Corporativa (RSC)

Os empreendedores sociais e ambientais com quem trabalhamos são movidos por uma intensa ambição de fazer melhor, tentar algo novo e ver o que acontece ou mesmo superar concorrentes. Mas o que me levou a mudar o foco da minha carreira, em meados da década de 70, do setor governamental para o de negócios, foi a hipótese de que um progresso maior pode ser alcançado pelo acesso à inovação dos mercados.
No entanto, apenas uma década atrás, comecei a me sentir profundamente incomodado. O que via e auxiliava as principais companhias a fazer parecia não preencher as imensas lacunas em relação à disponibilidade global de alimentos, água, energia, saúde, educação e serviços ambientais. O que acontecia na agenda da base da pirâmide era inebriante, mas normalmente os grandes negócios viam-na como mais um projeto.
Então, com o apoio da Skoll Foundation – primeiro na consultoria SustainAbility depois na Volans – comecei a investigar formas de conectar o mundo do empreendedorismo social e dos negócios, desenvolvendo três programas interligados de pesquisa. O primeiro focado no que as centenas de empreendimentos sociais estavam fazendo e o que eles queriam dos negócios convencionais. O segundo investigava o mundo do empreendorismo social, tentando desenvolver agendas similares dentro do negócio de grandes companhias como o Banco Real, Coca Cola e Morgan Stanley. E o último quebrava todas as regras ao propor uma visão da crise global pelos olhos dos economistas – já falecidos – Nikolai Kondratiev e Joseph Schumpeter.
Concluímos que o mundo está entrando em um período de destruição criativa, no qual grandes setores da economia serão esculpidos e indústrias totalmente novas serão criadas, frequentemente emergindo de uma visão à margem da ordem econômica vigente.
É preciso reconhecer que sustentabilidade não é o mesmo que responsabilidade social corporativa. Essa discussão também não pode ser reduzida à busca de um balanço aceitável entre os pilares econômico, ambiental e social. Em vez disso, trata-se de uma tarefa fundamental e intergeracional de encerrar gradualmente os modelos de negócios dos séculos IX e XX e evoluir para novos que se adequem a populações humanas de cerca de 9 bilhões, vivendo em um pequeno planeta que já superou a sua capacidade ecológica.
*John Elkington é executivo-chefe da Volans, cofundador e diretor não executivo da SustainAbility, e coautor de The Power Of Unreasonable People: How Social Entrepreneurs Create Markets That Change the World (Harvard Business Press, 2008)

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