Sustentabilidade e gestão de pessoas

Sustentabilidade e gestão de pessoas

A sustentabilidade e a gestão de pessoas

Por Fernanda Pires

O dilema do crescimento diante de uma economia baseada no consumo e os constantes questionamentos sociais em relação ao futuro da sociedade, o papel das empresas e dos indivíduos são fatores determinantes do movimento pelo desenvolvimento sustentável. A discussão sobre o conceito impulsiona as organizações, grandes agentes da economia, a refletirem sobre suas políticas e práticas de gestão e a questionarem-na. Trata-se de um movimento, apesar de crescente, ainda não totalmente institucionalizado na sociedade e nas organizações privadas.

À medida que o conceito se dissemina no contexto sócio-organizacional, as empresas passam por novos estágios de evolução. Ao que parece, trata-se de uma transformação organizacional que dependerá de mais um esforço: o alinhamento das políticas de gestão de pessoas.

Em pesquisa realizada por mim neste ano, para dissertação de mestrado, verifica-se que a gestão de pessoas tem incorporado mudanças em virtude de a empresa adotar uma estratégia de negócios que prioriza a sustentabilidade. Contudo, essas mudanças não ocorrem de maneira homogênea. Entendemos que cada organização promove essa transição à sua maneira, dependendo de seu histórico, sua cultura e seus objetivos de negócio.

É possível afirmar que algumas organizações adotam pequenas adaptações e outras promovem alterações significativas. Como visto nas empresas pesquisadas, tais mudanças podem ocorrer tanto nas políticas de seleção, treinamento, carreira, avaliação de desempenho, remuneração, sucessão e competências individuais quanto nas práticas de retenção, benefícios e gestão do clima interno.

Ainda é possível afirmar que sustentabilidade é um conceito adotado de maneira bem particular e quanto maior sua clareza na estratégia organizacional melhor a compreensão sobre a maneira de integrá-lo à gestão de pessoas.

Nesse sentido, a área de RH exerce diferentes papéis e contribuições, cujos caminhos podem percorrer desde o suporte administrativo de iniciativas e projetos específicos até o protagonismo da mudança organizacional. Além disso, a formação dos líderes empresariais surge como um dos principais desafios, pois estes mostram-se relevantes multiplicadores e mobilizadores da nova estratégia.

A interpretação do conceito, as mudanças nas políticas e práticas, o papel da área de RH e dos líderes organizacionais são relevantes variáveis a serem consideradas no movimento voltado para a sustentabilidade. Vale compreendermos que, por um lado, há empresas com uma intenção deliberada de influenciar a atuação humana a partir das mudanças realizadas nas políticas e práticas de RH.

Por outro, algumas organizações parecem não compreender o potencial da gestão de pessoas nesse sentido, ou mesmo não têm o intuito de alinhar sua estratégia à sustentabilidade de forma sistêmica ou, ainda, não pretendem provocar profundas mudanças de comportamentos.

Assim como o conceito da sustentabilidade tem sido pouco a pouco incorporado às estratégias organizacionais, entende-se que a gestão de pessoas já iniciou um movimento de contribuição com esses objetivos. Nesse sentido, vê-se uma possível evolução na intensidade dessas mudanças para que, de fato, influenciem a internalização do conceito de sustentabilidade pelos indivíduos. Inclusive para além do âmbito organizacional.

Fernanda Pires é graduada em Administração pela UFES, mestre em Gestão de Pessoas pela FEA/USP e consultora da FIA.

Inscreva-se em nossa newsletter e
receba tudo em primeira mão

Conteúdos relacionados

Entre em contato
1
Posso ajudar?