Em jantar na noite desta quinta-feira (11), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) anunciou os oito projetos vencedores do 3º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade, realizado em parceria com a Fundação Dom Cabral. As iniciativas campeãs são das cidades de São Paulo (SP), Indaiatuba (SP), Praia Grande (SP), Goiânia (GO) e Uberaba (MG).
A terceira edição do Prêmio teve como foco a inovação. Entre os vencedores estão ideias como a fabricação de ração para cachorros e gatos com restos de pescados jogados, atualmente, em canais que levam ao mar em Santos; substituição de recipiente plástico para germinação de sementes por embalagem biodegradável produzida com fibras da cana-de-açúcar e cascas de café e arroz; e até programa de descarte de medicamentos com máquina coletora que rastreia, por código de barra, a medicação até o destino final para comprovar sua incineração.
O 3º Prêmio Fecomercio de Sustentabilidade mobilizou mais de mil pessoas e recebeu 247 projetos, vindos das cinco regiões do Brasil. As inscrições foram distribuídas em oito categorias: microempresa, pequena/média empresa, grande empresa, indústria, entidade empresarial, órgão público, professor e estudante. Os vencedores receberam um título de capitalização ou previdência no valor de R$ 15 mil.
A avaliação dos projetos foi realizada por especialistas na área socioambiental e baseada nos critérios de inovação, relevância para o negócio, amplitude, resultado e nível de atendimento a um ou mais itens que compõem os 16 Princípios do Varejo Responsável, estabelecidos pelo Centro de Desenvolvimento da Sustentabilidade no Varejo da Fundação Dom Cabral, parceira na realização do Prêmio.
Projetos vencedores
Microempresa: Projeto Tubetes Biodegradáveis de Germinação e Plantio a partir de resíduos industriais e urbanos de fontes renováveis
Bio&Green, São Paulo – SP
A empresa Bio&Green viu no reaproveitamento de fibras de coco, sisal, bagaço de cana-de-açúcar, curauá, juta e cascas de café e arroz o caminho para a produção de espumas biodegradáveis que substituem os tubetes plásticos utilizados na germinação de sementes para o plantio. O projeto prevê metodologia para produção em grande escala. Apesar dos materiais plásticos durarem por cinco anos, seu processo de decomposição ultrapassa os 500 anos e eles podem ser facilmente contaminados no ambiente rural, o que acarreta prejuízo ao crescimento das plantas, caso ele não seja devidamente esterilizado antes do reuso. O tubete desenvolvido pela Bio&Green se decompõem em 60 dias, possui alta resistência até o plantio e pode, em algumas culturas, descartar a necessidade de controle de contaminantes depois do plantio. Outro benefício de sua produção, se adotada em escala industrial, é a oportunidade de contribuir com o emprego e a renda de comunidades que têm a matéria-prima dos resíduos como base de sua economia local.
Pequena/Média Empresa: Projeto Descarte Consciente
Brasil Health Service (BHS), São Paulo – SP
A empresa de tecnologia na área da saúde BHS desenvolveu um programa de descarte consciente para medicamentos vencidos ou fora de uso. A intenção é diminuir a contaminação do solo e da água pela destinação incorreta desses compostos químicos. Para efetivar a ideia, a BHS estabeleceu parceria com grandes redes farmacêuticas e laboratoriais e instalou postos de coleta em farmácias de todo o Brasil. Os pontos contam com a Ecomed, máquina com tela LCD que registra, por código de barra, os medicamentos colocados em seus compartimentos. O registro permite que a BHS rastreie o produto e saiba se a destinação final foi feita da maneira correta. Cada Ecomed tem capacidade para coletar até 20 kg de medicamentos, bulas e embalagens. O projeto Descarte Consciente está presente em 12 estados e já conta com 347 estações coletoras instaladas.
Grande Empresa: Projeto Construindo um Mundo Melhor
Pontal Engenharia, Goiânia – GO
A partir do programa Construindo um mundo melhor, a Pontal Engenharia adotou princípios de sustentabilidade em todos os aspectos do seu negócio, desde a construção de edifícios com soluções para otimização de recursos até a relação com clientes e funcionários. Grande parte das práticas socioambientais é voltada para atender as necessidades dos colaboradores e de suas famílias como: alfabetização no canteiro de obras, disponibilização de biblioteca, inclusão digital e cursos para as esposas dos funcionários. Além disso, também há plantio de horta nos canteiros de obras, espaço para lazer e jogos, fornecimento de alimentação saudável, doação de materiais de construção para reforma da moradia dos colaboradores, empréstimos sem juros e parcelado e palestras para conscientização de questões ligadas à saúde.
Indústria: Projeto Uma Proposta de Sustentabilidade à Cadeia Produtiva do Carvão – UPEC 250
Ondatec Tecnologia Industrial em Micro-Ondas, Uberaba – MG
A empresa Ondatec, desenvolveu um forno, batizado de Unidade de Produção de Energia e Carvão (UPEC-250), para diminuir a emissão de poluentes, proporcionar mais qualidade de vida aos trabalhadores da indústria do carvão e menos degradação ambiental. Por não emitir gases tóxicos, o forno não expõe os trabalhadores às perigosas condições de trabalho dos fornos de alvenaria, como: convivência com temperaturas elevadas (mais de 50ºC), inalação constante de gases carcinogênicos e inalação de pó de carvão.
Entidades: Projeto Programa de Qualificação de Fornecedores
Associação Brasileira do Varejo Têxtil, São Paulo – SP
Permitir ao varejo certificar e monitorar seus fornecedores sobre as boas práticas de responsabilidade social e relações do trabalho são as metas do Programa de Qualificação de Fornecedores do Varejo, desenvolvido pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). O projeto, iniciado em 2010, visa gerar valor à cadeia varejista no setor de vestuário e erradicar práticas ilegais, como trabalho infantil, forçado ou irregular, a partir da qualificação dos fornecedores. As empresas não certificadas pelo programa ficam impossibilitadas de fornecer para as varejistas que estão associadas ao projeto. Para ser certificado, o fornecedor passa por uma auditoria. O programa é gerenciado por um comitê com representantes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), do Instituto Ethos, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Implantado em todo o Estado de São Paulo, o projeto será aplicado nacionalmente até o final de 2013.
Órgãos Públicos: Projeto de Destinação de Pneus e Projeto de Coleta Seletiva
Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, Indaiatuba – SP
A Prefeitura de Indaiatuba teve duas iniciativas finalistas na premiação. O munícipio desenvolveu um projeto de coleta seletiva com a inclusão no mundo do trabalho de catadores e moradores de rua, que passaram a trabalhar registrados no centro de triagem da cidade. Além disso, o poder municipal também diminuiu o descarte irregular de pneus, após cadastrar as borracharias do município para coletar os materiais diretamente nos estabelecimentos. A coleta dos itens é feita mensalmente e, quinzenalmente, as borracharias recebem a visita de uma equipe do Departamento de Vigilância Epidemiológica para averiguar se os pneus estão adequadamente armazenados e se não há focos de dengue. Os pneus recolhidos são encaminhados à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos para reaproveitamento como combustível alternativo na indústria do cimento, fabricação de solas de sapato, borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos para quadras poliesportivas, entre outros. Desde 2011, quando o projeto começou, mais de 255 toneladas de pneus tiveram destinação adequada na cidade.
Estudante: Projeto Ração Susten
Gabriel Estevam Domingos, Praia Grande – SP
A proposta do estudante de engenharia ambiental consiste na fabricação de uma “ração ecológica” para cães e gatos com as sobras dos pescados descartados pelas peixarias da Baixada Santista. Atualmente, o descarte dos resíduos é inadequado e o grande volume de dejetos causa impactos ambientais nas praias da região. Domingos apresentou em seu estudo metodologia detalhada para a fabricação da ração e comprovação de seu maior teor nutritivo em comparação com os produtos disponíveis no mercado. Além disso, o estudante também pensou em todo o processo, desde a coleta das sobras, capacidade de processamento e precificação. A ideia é vender a ração mais barato do que as marcas tradicionais, já que o principal insumo (as sobras de peixes e camarões) não teria custos.
Professor: Projeto Eco-Eletro
Tereza Cristina Carvalho – professora na Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP
O projeto Eco-Eletro tem como principal objetivo capacitar catadores de cooperativas localizadas na Grande São Paulo para a desmontagem e triagem, rentável e segura, de eletroeletrônicos descartados de forma inadequada. A iniciativa partiu de uma parceria entre o Laboratório de Sustentabilidade do Departamento de Engenharia da Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica da USP e o Instituto Gea. Desde 2011, 62 cooperativas foram contempladas pelo projeto, 182 catadores foram treinados e 17 núcleos de reciclagem de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos foram montados. Para os treinamentos foi elaborado plano pedagógico e material didático adequado ao público (das mais diferentes idades, níveis de instrução e posição dentro das cooperativas). O projeto previne que os catadores desmontem os equipamentos de forma inadequada, permite que conheçam os perigos da manipulação indevida e possam, ao invés de comercializar separado as peças de alguns componentes, vendê-las para reuso.
Sobre a FecomercioSP
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Responsável por administrar, no estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes e congrega 154 sindicatos patronais que respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de 5 milhões de empregos.
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