Negros e pardos representam 54% da população do Brasil, mas ocupam apenas 5% dos cargos executivos do país, aponta o Instituto Ethos de Empresas e Realidade Social, que, com base nestes números, faz uma projeção: caso não haja uma mudança, serão necessários mais 150 anos para o número de executivos brancos, pardos e negros se equiparar. A boa notícia é que muitas empresas já estão agindo para levar mais diversidade ao mercado de trabalho. Parte dessas ações foi mostrada no I Fórum Sim à Igualdade Racial, organizado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), que reuniu representantes de grandes corporações, médias e pequenas empresas, pesquisadores, estudiosos e ativistas ligados à questão racial, na quarta-feira, 26 de outubro, no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro.
Muitas das iniciativas do cenário corporativo brasileiro para combater a desigualdade racial estão relacionadas a um debate mais amplo sobre diversidade. É o que vem acontecendo na Coca-Cola Brasil desde 2012, quando o Comitê Lideranças para o Futuro começou a pensar nas barreiras comuns para futuros líderes da companhia, como questões de gênero, unindo agendas individuais e soluções coletivas. Dentro desse projeto, em 2015, a empresa assinou o pacto “Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial”. Um trabalho afirmativo que, segundo Vanessa Stocco, gerente de Talento e Desenvolvimento da Coca-Cola Brasil, é menos sobre tipo físico e mais sobre como cada indivíduo pode contribuir para a empresa.
“Passamos a revisitar as políticas de recrutamento, desenvolvimento e retenção de pessoas. Em se tratando da questão de raças, a agenda positiva entendia que se 54% do mercado consumidor no Brasil são pessoas negras e pardas e vendemos nossos produtos para todos os consumidores, sem distinção, também não poderíamos ser diferentes dentro de casa”, diz Vanessa, que, no fórum, participou da mesa sobre “Boas práticas, cases de sucesso e próximos desafios na promoção de igualdade racial”.
Na Coca-Cola Brasil, explica a executiva, as ações afirmativas pela igualdade de raça começaram pela revisão do perfil dos candidatos ao Programa de Trainee, que antes precisavam saber inglês, mas, a partir de 2016, passaram a não ter mais a língua como barreira no processo seletivo. Assim, se o jovem selecionado não souber o idioma, terá quatro horas e meia de aulas por semana. Outro programa implantado na empresa é o Jovem Aprendiz, que destina 100% de suas vagas a negros. Foram selecionados 15 jovens que agora estão trabalhando em diferentes áreas. A fim de ampliar o campo de ação para além dos jovens, foram abertas duas posições de gerente sênior especificamente para candidatos negros.
“É o início de uma jornada. Todos deveriam ter as mesmas oportunidades. Ações afirmativas podem nos transformar em uma organização mais inclusiva”, avalia Vanessa.
O I Fórum Sim à Igualdade Racial foi aberto pelo curador do Museu do Amanhã, o físico Luiz Alberto Oliveira. No evento, foi lembrada uma história de desigualdade que, pelas boas práticas apresentadas, pode ser transformada. “Igualdade racial é lei”, disse Luana Génot, diretora executiva do ID_BR, referindo-se ao Estatuto de Igualdade Racial. “A promoção de políticas não discriminatórias faz parte da agenda das Nações Unidas da qual o Brasil é signatário”.
O fórum marcou ainda o lançamento do Selo Sim à Igualdade Racial, que funcionará como um indicador de empresas engajadas na luta contra a desigualdade racial. O ID_BR pretende unir esforços para que, a partir desse primeiro encontro, seja criada uma agenda positiva de ações contra o racismo dentro das empresas interessadas em aprofundar a discussão.
Também participaram do evento representantes de organizações como Google, Rede Globo, White Martins, Instituto Ethos, Locomotiva Instituto de Pesquisa, Sistema B, entre outras.
Texto produzido por Ecoverde Conteúdo Jornalístico
Este texto foi originalmente publicado no site www.cocacolabrasil.com.br e está disponível no link:
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