Ativismo empresarial foi o tema da edição de 2019 do CEO com Propósito. A PLV reuniu 12 lideranças corporativas para falar sobre o assunto, mas não é de hoje que líderes e empresas têm levantado bandeiras e defendido causas para além dos negócios.
Leia também: Líderes ativistas pelo mundo
Abaixo, em ordem cronológica, exemplos de ativismo empresarial que marcaram a História:
Alpinista renomado, surfista e ecologista, Yvon Chouinard cria a Patagonia, empresa norte-americana especializada em roupas esportivas. Em uma de suas primeiras ações, ele teve a ideia de estimular o consumo consciente de suas peças usando uma polêmica etiqueta com a seguinte frase: “Você realmente precisa disto?”
A inglesa Anita Roddick funda, no Reino Unido, a sua The Body Shop, especializada em cosméticos. Ativista de direitos humanos, ela rapidamente se destaca pregando ideias como as de “lucro ético”, contribuição para a “formação do espírito humano” e atuação com elevado “senso de comunidade”. Foi recebida como uma hippie excêntrica.
Fundada em 1978, em Burlington, Vermont, nos Estados Unidos, pelos amigos Ben Cohen e Jerry Greenfield, a Ben & Jerry’s já era suficientemente conhecida quando assumiu pela primeira vez uma bandeira de interesse público: contra o hormônio para crescimento bovino e seus impactos negativos na agricultura familiar. Daí por diante, empunhou bandeiras como o combate ao racismo e à homofobia, pela educação e os direitos civis, tornando-se um ícone de empresa engajada no mundo.
Fábio Barbosa assume a presidência do Banco Real. Dois anos depois, começa a empunhar uma bandeira pessoal pela construção de empresas mais éticas e mais sensíveis aos impactos ambientais e sociais. Em poucos anos, tornou-se um ícone global da defesa de negócios mais sustentáveis.
Depois de deixar a presidência da Microsoft, Bill Gates e sua mulher, Melinda Gates, criam em Seattle, Washington, nos Estados Unidos, a Fundação que leva os seus nomes. Emblemático e genial executivo, Gates passa a se dedicar a causas humanitárias, como a distribuição de vacinas pelo mundo e a criação de um vaso sanitário inteligente que independe de rede de esgotos.
Guilherme Leal, Pedro Passos e Luiz Seabra, fundadores da Natura, capitaneiam o lançamento da linha Ekos, projeto disruptivo no setor de cosméticos que assumia um compromisso de preservação dos ativos da biodiversidade da Amazônia. Com essa nova linha de produtos, a empresa passa a operar um novo modelo de negócio, mais sustentável, baseado em parcerias com as comunidades para realizar ações de impacto socioambiental na região.
Após venderem uma rede de artigos esportivos nos Estados Unidos, Jay Coen Gilbert, Bart Houlahan e Andrew Kassoy, iniciaram o movimento que resultaria na criação do Sistema B – um selo que distingue empresas com impacto positivo, que cumprem metas sociais, ambientais e de transparência.
Ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Al Gore cria uma palestra, escreve um livro e vira personagem de um filme – Uma Verdade Inconveniente – e se transforma no primeiro militante global a pedir uma ação imediata de empresas e governos para interromper os efeitos danosos das mudanças climáticas sobre o meio ambiente.
Ao assumir a presidência global da Unilever, o holandês Paul Polman passa a ser um dos mais ativos porta-vozes mundiais da inserção da sustentabilidade nos negócios, incluindo, entre suas causas, a questão das mudanças climáticas. Em 2019, ao deixar o comando da empresa, juntou-se com outros dois líderes, Valerie Keller e Jeff Seabright, para criar uma organização denominada Imagine, cuja missão é erradicar a pobreza e a desigualdade e impedir as mudanças climáticas descontroladas.
Percebendo que algumas empresas avançavam mais rapidamente que outras nas questões de sustentabilidade no Brasil, o especialista Ricardo Voltolini começa a investigar os diferenciais das companhias mais céleres. Entre diversas variáveis identificadas, uma era comum a todas elas: a presença de um líder pessoalmente engajado em promover uma nova maneira de fazer negócios, com ética, transparência, respeito à diversidade e cuidado com o meio ambiente. Voltolini registrou as histórias desses executivos no livro Conversas com Líderes Sustentáveis e eles se engajaram na Plataforma Liderança com Valores, um movimento de storytelling no qual compartilham suas crenças e trajetórias e, por meio do registro e divulgação online desses conteúdos, contribuem com a formação de novos líderes com valores pelo país. Em oito anos, a Plataforma integrou mais de 160 CEOs e executivos de grandes empresas no Brasil e seus vídeos já foram vistos por mais de 5 milhões de pessoas.
Tim Cook, CEO da Apple, é o primeiro executivo a se opor a uma lei do Estado de Indiana que permite a comerciantes e prestadores de serviços se recusarem a atender clientes gays. Sob a tese da “liberdade religiosa”, a lei confere ao proprietário de um restaurante o direito de se negar a fornecer serviços a um casal gay, por exemplo, por se sentir ofendido em sua crença religiosa.
Ex-CEO da Bayer no Brasil, Theo van der Loo transformou-se no mais importante defensor da inclusão de profissionais negros nas empresas ao fazer um desabafo em seu LinkedIn, denunciando o preconceito racial sofrido por um amigo em situação de entrevista de emprego. A postagem alcançou milhões de pessoas em todo o mundo. Theo tornou-se um ativista respeitado dessa causa.
Executivo negro, Kenneth Frazier, CEO da Merck, impôs uma primeira derrota política a Donald Trump ao ser o primeiro a deixar o conselho de líderes empresariais do novo presidente norte-americano. Ele tomou essa decisão porque Trump não se manifestou contrariamente às manifestações neonazistas ocorridas em Charlottesville, no estado da Virgínia.
Larry Fink, CEO da BlackRock, maior investidora do mundo (US$ 6,5 trilhões em carteira), escreve primeira carta aberta aos clientes e sociedade pregando a importância de que os negócios incorporem questões sociais, ambientais e de governança e tenham um propósito para além do lucro.
Organização que reúne os CEOs de 181 das principais corporações dos Estados Unidos, a Business Roundtable publica, desde 1978, declarações sobre governança corporativa, nas quais defende a geração de valor para o acionista como a responsabilidade social e a missão de uma empresa. Mas, em agosto de 2019, tudo mudou, com a divulgação do novo propósito desse grupo, cujas organizações integrantes somam juntas mais de 15 milhões de funcionários e faturamento anual de US$ 7 trilhões. A partir de agora, a missão de uma empresa consiste em: entregar serviços ou produtos de valor aos clientes, investir na formação dos funcionários e recompensá-los de maneira justa, estabelecer relações éticas e transparentes com fornecedores, desenvolver comunidades do entorno e gerar resultados de longo prazo para acionistas.
Dica de leitura: Em tempo de CEOs ativistas, desafios socioambientais representam causas, por Ricardo Voltolini
A Ideia Sustentável constrói respostas técnicas eficientes e oferece soluções com a melhor relação de custo-benefício do mercado, baseadas em 25 anos de experiência em Sustentabilidade e ESG.