Journées d’études à la Sorbonne 2014 – Uma experimentação de ideias…

Journées d’études à la Sorbonne 2014 – Uma experimentação de ideias…

Por David Canassa

Entre os dias 27/out à 2/nov/14 vários brasileiros e franceses verificaram sob a ótica da “Liderança sustentável para uma nova economia” e com base em palestras de emitentes filósofos e pessoas de destaque no tema, que a manutenção da espécie humana nesse pequeno ponto azul do universo depende de um novo imaginário…

Como imaginário, os professores Edgar Morin, Michel Maffesoli e Massimo Di Felice colocaram o estabelecimento de um novo paradigma na sociedade, onde é exigida uma visão sistêmica, diferente daquela do Iluminismo, que dividiu o conhecimento sob diversas facetas: matemática, astronomia, medicina, geologia e a própria filosofia, cada qual cuidando de seu objeto de estudo. Mais do que isso, separou o homem da natureza.

Essa nova “forma formante” vem da constatação que a realidade não é dividida, é um todo que acontece aqui e agora, com os desafios das limitações ambientais, sociais e econômicas a que estamos sujeitos. Dessa forma, se impõe como uma necessidade a melhor compreensão possível desse todo, pois qualquer possível solução não será mais dada por nenhuma ciência específica, mas de maneira sistêmica e em rede.

Por sistêmico, entende-se uma “nova” forma de compreender tal conhecimento integrado, transdisciplinar, pois assim são os desafios atuais: complexos! Além disso, em rede, haja vista que seja do ponto de vista tecnológico ou dos contatos pessoais, todos estamos ligados em uma rede de causas e efeitos onde cada ação na rede reverbera e atinge aos outros membros de uma estrutura reticular, cujo efeito não pode ser controlado pelo autor da ação.

Essa situação e compreensão levaram algumas empresas a explorar esses desafios, afinal, em uma sociedade que demanda bens e serviços, melhor estará preparado quem se adiantar e compreender esse novo tempo, contextualizado por esses filósofos como um momento de transição entre a modernidade e pós-modernidade.

George Blanc, professor de estratégia lança um desafio às organizações: compreender os potenciais desse mundo complexo pelo prisma de criação de valor com inovação de produtos e processos. Nesse mundo em transformação, quem compreender as conexões entre o modelo financeiro e o estratégico, integrando as visões dos stakeholder e dos shareholders, criará valor diferenciado!

Alguns professores foram por essa seara inovativa: Stéphane Hugon demostrou cases que utilizam tais conceitos e salientou que a colaboração entre clientes e empresas pode ser a tática desse mundo em transição, para entender de fato o que é necessário. Afinal, o que o consumidor utiliza do produto é o produto, e não o que pensaram engenheiros e projetistas em suas telas de computador. A inovação tem que estar “in”. Afinal, não existe “novação” se ela não estiver no cotidiano, no imaginário, no “in” das pessoas…

Michael Puech, lembra de outro aspecto importante em relação as organizações: a credibilidade, que é simplesmente manter discurso e ação correlacionados. Nesses tempos difíceis, onde os riscos ambientais e sociais estão presentes em cada decisão empresarial, manter a coerência é o que possibilita a manutenção dos clientes, principalmente quando crises surgem. Exagerar nas palavras sem a devida ação causa o sufocamento por excesso de regras. Por isso é preciso agir com base na responsabilização dos atores por meio do exemplo e por micro ações condizentes com os desafios atuais, agindo com pragmatismo em relação a sustentabilidade!

Ações implicam em colaboração, que foi a palavra de fechamento do filósofo Edgar Moran. Ele nos lembra que tudo que existe derivou do processo evolutivo onde a colaboração estava presente. Nessa, a “soma” de itens diferentes propicia qualidades maiores do que a das partes. Tal como em uma simples molécula de água, que é formada de hidrogênio e oxigênio, elementos que possuem propriedades muito diferentes das do H2O… Do ponto de vista material, somos filhos das estrelas, da mesma matéria prima original derivada do início do universo. Chegando nos humanos, cada indivíduo possui qualidades próprias que lhe caracterizam como uma singularidade. Entender essa diversidade é imperioso, pois a não compreensão leva a degradação da qualidade de vida na sociedade. Estamos em uma aventura nesse planeta, e toda decisão é uma aposta. As ideias têm poder sobre nós, por isso é necessário conhecimento sobre esses novos desafios, dilemas e contextos, para criarmos novos modelos e ideias, que levarão a sociedade a outros patamares, por meio de uma ecologia de ação.

Nesse sentido, Ricardo Voltolini nos lembra com sua pesquisa que para avançarmos nas organizações, precisamos de líderes. Pessoas com qualidades tais que compreendem os desafios e não se conformam com o “business as usual” e que agem, criando um novo imaginário, transformando a realidade…

Oxalá façamos parte desse movimento!

David Canassa é gerente geral de Sustentabilidade da Votorantim.

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