Uma consultoria, uma revista, duas décadas de conhecimento

Uma consultoria, uma revista, duas décadas de conhecimento


Por Fábio Congiu

A consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade completa 20 anos, em 2013. Pioneira, acompanha de perto o desenvolvimento do tema da sustentabilidade, nacional e internacionalmente, desde a sua fundação. Assim, identifica tendências, antecipa cenários e produz conhecimento com o objetivo de criar estratégias para organizações que almejam mudar missão, visão e formas de agir, de modo a se alinharem com os novos valores do século XXI. São duas décadas de trabalho, desafios, conquistas e, principalmente, aprendizados.

“A Ideia passou pela saudável tarefa de se reinventar por quatro vezes, com mudanças de linha de ação: Gestão de Terceiro Setor, Investimento Social Privado, Responsabilidade Social e, enfim, Sustentabilidade Empresarial. Manteve sempre a comunicação como ponto de partida, a consultoria estratégica como serviço, e a educação e a gestão do conhecimento como eixos centrais. Isso ensinou um bocado de coisas sobre trabalho, relações, grandes temas profissionais e pessoais”, afirma Ricardo Voltolini, fundador e diretor-presidente da empresa, no artigo comemorativo 20 coisas que aprendi em 20 anos, publicado no site da empresa (www.ideiasustentavel.com.br), em abril deste ano.

Ao longo desse período, Ideia Sustentável desenvolveu uma metodologia que resultou em importantes estudos, pesquisas, cursos, treinamentos e workshops, entre outros produtos. Trata-se do Observatório de Tendências, por meio do qual a empresa monitora organizações globais produtoras de conteúdo e mantém-se à frente das discussões sobre sustentabilidade para oferecer serviços sempre atualizados em três linhas: Consultoria, Educação e Conteúdos.

Na primeira, converte sua expertise em ferramentas simples para ajudar líderes, executivos e colaboradores a tomar as melhores decisões e iniciativas rumo à sustentabilidade empresarial; na segunda, oferece palestras, seminários e workshops, baseados tanto em produtos do seu portfólio como nas necessidades específicas do contratante; na terceira, por fim, desenvolve relatórios de sustentabilidade, estudos de caso, pesquisas, publicações institucionais e, principalmente, a revista Ideia Sustentável, reconhecido meio de disseminação da inteligência produzida pela consultoria.

Criada em 2005, a revista excede a condição de canal de informação: é uma fonte de conhecimento para gestores interessados em inserir a sustentabilidade na gestão e na cultura empresarial. Com periodicidade trimestral, chega a um público de 10 mil líderes em todo o Brasil. Em 2010, foi premiada como Veículo Especializado do Ano em Sustentabilidade (Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade) e, em 2009, reconhecida na Categoria Ouro pelo V Prêmio ANATEC de Mídia Segmentada. Seus artigos e reportagens, também disponíveis no portal, formam um acervo de mais de 2.600 páginas.

Na publicação circulam conteúdos captados pelo radar da consultoria, ou seja, a revista decorre do conhecimento produzido na empresa. Por esse motivo, serve como fonte de pesquisa e treinamento: lideranças, gestores e especialistas utilizam, nos desafios do trabalho, os materiais de Ideia Sustentável; departamentos de Recursos Humanos inspiram-se nos conteúdos para aplicar treinamentos; acadêmicos colhem informações e recomendam aos alunos.

Em 2013, a revista inicia seu nono ano de circulação. Começou como Idéiasocial (“Grafada assim mesmo, como uma palavra forte”, conforme explica o primeiro editorial); passou, antes da reforma ortográfica, para Idéia Socioambiental (“Mudamos para continuar sendo o que sempre nos propusemos a ser: uma revista de ideias que olha à frente”); e firmou-se como Ideia Sustentável (“Um passo coerente com a própria evolução do conceito de sustentabilidade”).

“Nossa história coincidiu com um momento muito rico deste país, um tempo de mudanças de paradigmas nos campos político, econômico, social e ambiental”, escreveu Voltolini em artigo. E, para fazer um passeio por tudo que a consultoria viveu, assistiu, promoveu, ensinou e aprendeu, ao longo desses 20 anos, o leitor confere, a partir de agora, um balanço geral dos melhores conteúdos já publicados nas diversas seções da revista.

Mergulhar para compreender

As Reportagens Especiais de Ideia Sustentável trazem pautas aprofundadas que levam o leitor a refletir sobre as questões mais atuais e relevantes da sustentabilidade. Muitas vezes, baseiam-se em estudos e são verdadeiros manuais de instruções para quem busca modos de inserir o tema na gestão dos negócios. Nesse sentido, três reportagens merecem destaque.

A primeira intitula-se 10 desafios da gestão sustentável nas empresas, (IS26). Refere-se aos movimentos que uma organização deve promover para avançar rumo a atividades mais coerentes com os valores do novo século. A consultoria levantou os 10 obstáculos a serem vencidos: encarar os grandes temas; concentrar-se no core business; entregar valor ao cliente; pensar o todo e não a parte (inovar); inserir a sustentabilidade na estratégia; sustentar o discurso na prática; comunicar primeiro aos funcionários; engajar stakeholders; romper com a inércia; e envolver e formar líderes. A partir daí, foram entrevistados dois especialistas sobre cada um dos desafios para elaborar a matéria. Um trabalho complexo, mas didático; resumido, mas completo.

A segunda produção digna de destaque é 8 tendências de sustentabilidade (IS21). Publicada em setembro de 2010, a reportagem compilou ou principais resultados de um estudo encomendado pela Natura – que, gentilmente, autorizou o compartilhamento dessa investigação com o leitor. Consiste em um panorama do futuro para empresas atentas à necessidade de incorporar as preocupações socioambientais ao cotidiano dos negócios. A consultoria selecionou os movimentos identificados pelas principais organizações produtoras de conhecimento em sustentabilidade, aprofundou-os e os transformou em reportagem. São eles: Transparência Radical, Água, Emissões de GEE, Desmaterialização, Precificação dos Serviços Ambientais, Orgânicos e Naturais, Biomimetismo e Biodiversidade. Somente a penúltima ainda não se confirmou, no Brasil, com força proporcional às demais; estas, por sua vez, não podem ser ignoradas por nenhuma organização que queira garantir um lugar na nova economia. Inclusive, as pequenas e médias.

Por isso as PME estamparam a capa de IS27. Cada vez mais presentes nos trabalhos da consultoria, constituíram o foco de Pequenas empresas pensando grande, matéria que faz um giro por esse segmento e apresenta os principais desafios e oportunidades da sustentabilidade para quem lida concretamente com as limitações de custos e despesas. A reportagem aponta exemplos de pequenas e médias empresas que acreditaram no potencial do tema e tiveram sucesso na empreitada. Elas compartilharam com os leitores de Ideia Sustentável aprendizados, novos conceitos e perspectivas.

Impossível não relembrar aqui, também, a primeira reportagem especial da revista. Um exército de formigas operárias a serviço do país trazia um estudo inédito do IBGE que traçava o cenário do terceiro setor no Brasil, foco inicial da consultoria. A reportagem interpreta os dados do relatório e sua releitura incita à questão: será que muita coisa mudou do começo dos anos 2000 para cá?

Certamente, nesse período, a percepção sobre ética e gestão evoluiu. E Ideia Sustentável, disseminadora de ambos os temas nas organizações brasileiras, participou amplamente desse debate. Pauta do segundo número da revista, Ética nos negócios – o embate entre duas morais, a altruísta e a egoísta baseia-se nas opiniões de dois representantes de entidades empresariais da época (Alberto Perazzo, da Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social, e Emerson Kapaz, do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) e de um acadêmico (Robert Henry Srour, sociólogo e professor de pós-graduação da Faculdade de Economia e Administração da USP) para desenhar um quadro sobre uma das principais preocupações da consultoria (a ética), tal qual se tornou, hoje, a questão da liderança sustentável, capa do primeiro número da revista como Ideia Socioambiental (IS09).

Inspirada no exemplo de liderança de Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz, em 1993), a matéria procurava uma personalidade que, em âmbito global, tivesse abraçado a causa do desenvolvimento sustentável. Em Quem são os Mandelas da sustentabilidade?, a revista constatou que o posto estava vago. Por isso, 19 entrevistados foram ouvidos para elaborar uma síntese das características necessárias a esse líder, o líder sustentável. Princípios, coerência, envolvimento e visão holística foram alguns dos traços apontados na reportagem, cuja repercussão suscitou o insight de Ricardo Voltolini para escrever o livro Conversas com Líderes Sustentáveis.

Nomes importantes despontaram na pesquisa da reportagem, como Fábio Barbosa (então ABN Anro Real), Guilherme Peirão Leal (Natura), José Luciano Penido (à época, Votorantin) e Franklin Feder (Alcoa) – que, mais tarde, passaram a integrar a Plataforma Liderança Sustentável (veja mais no box).

Exemplos de protagonistas de transformações, aliás, nunca faltaram na história da revista. Ensinando a ser a mudança (IS15), por exemplo, é uma reportagem especial sobre programas de desenvolvimento de competências para a sustentabilidade completamente inovadores, os quais estariam, depois, entre as inspirações da Plataforma Liderança Sustentável, principal projeto da consultoria atualmente. ELIAS, Team Academy e The Natural Step foram alguns deles. No primeiro, destaca-se o desenvolvimento de quatro capacidades: ouvir e dialogar, empatia (interpretar o mundo a partir da visão do outro), open-will (vontade aberta) e prototipar (transformar os resultados de aprendizados em resultados práticos). No segundo, chama atenção o incentivo aos alunos para aprender fazendo, baseados em princípios aparentemente antagônicos de liberdade e responsabilidade. E, no terceiro, a busca pelo consenso em vez da verdade absoluta.

Essas e tantas outras reportagens são fruto da atenção e da curiosidade da consultoria Ideia Sustentável. O tempo passou, mas as leituras permanecem atuais. O mesmo pode ser dito de suas entrevistas especiais.

Desfile de grandes pensadores

Os principais teóricos, empreendedores e líderes ligados de alguma forma à sustentabilidade no Brasil e no mundo frequentam as páginas da Entrevista Especial de Ideia Sustentável. Eles compartilham saberes, práticas, aprendizados e, principalmente, inspiram ações.

Entre os grandes pensadores entrevistados, destacam-se Otto Scharmer, Fritjof Capra, Lester Brown, John P. Milton, Barrett Brown e Massimo Di Felice. O primeiro deles, o “pai da Teoria U”, está nas páginas de IS32, uma edição especial sobre educação para a sustentabilidade – hoje, uma das principais linhas de serviços da consultoria. Otto Sacharmer, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), discutiu o conceito, a atual crise da liderança e a reinvenção necessária às escolas de negócio para formar profissionais conectados com os valores dos novos tempos. O principal desafio, segundo ele, é promover na sociedade uma mudança da visão “egossistêmica” para a ação “ecossistêmica”.

Ideia afinada com a do “guru dos gurus”, John P. Milton, para quem o melhor caminho é o da reconexão com a natureza. Milton, que influenciou o pensamento de nomes como Peter Senge e Joseph Jaworski, disse: “Quando se vive de modo a receber diretamente o que se precisa, não há necessidade de comprar um monte de coisas para ser feliz. Uma pessoa torna-se consumista quando está infeliz e tenta obter objetos externos para suprir essa falta. Já a felicidade é natural.” Experiências com empresas nada sustentáveis, troca de valores entre Oriente e Ocidente e a ascensão de princípios e lideranças femininos para o desenvolvimento da sociedade também estiveram entre os temas discutidos por Milton em IS28.

Outra contribuição teórica relevante está em IS27. Um dos principais nomes da Teoria Integral, criada pelo filósofo americano Ken Wilber, Barrett Brown defendeu a urgência do desenvolvimento da sensibilidade nas lideranças – para ele, é imprescindível aliar o lado intuitivo ao lógico, tese também defendida pela consultoria Ideia Sustentável. O estudioso discorreu sobre a concepção do modelo dos quatro quadrantes e analisou empresas – como a brasileira Natura – que o têm utilizado para colocar a mão na massa e transformar a cultura organizacional.

Partir para a ação, aliás, é o objetivo do estudioso italiano Massimo Di Felice (IS31) e do e-coLAB (Laboratório Internacional de Pesquisa e Inovação em Arquiteturas Interativas Digitais para a Sustentabilidade). Como? Pela construção de estruturas de rede nas mídias online que possibilitem harmonizar saberes acadêmicos, da sociedade civil, de instituições públicas e de empresas para fazer com que esses atores, juntos, produzam inovações sustentáveis.

A preocupação de não ficar apenas no campo das ideias, mas, sim, de agir, caminha com Ideia Sustentável desde o início, quando o foco da consultoria ainda era o terceiro setor. Então diretor executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) do Rio de Janeiro, André Urani (falecido no ano passado) foi o primeiro entrevistado especial da revista e, na conversa, não só tentou esclarecer inúmeras contradições a respeito da realidade social do Brasil como compartilhou suas impressões sobre a situação dos mais pobres, vítimas de um “imaginário distorcido” – que dificulta reformas institucionais em seu favor – e em constante dificuldade de articulação para expor suas demandas aos políticos. “Se a desigualdade de renda fosse compatível com a renda per capta no Brasil, o número de pobres seria 60% menor”, sentenciou.

Pobreza e miséria – além das questões ambientais – também marcaram a conversa com o “repórter da gênese”, Sebastião Salgado (IS06). O fotógrafo, que dedicou parte de sua vida a denunciar condições subumanas de existência, lançava, em 2006, seu Projeto Gênesis (o livro acaba de sair pela editora Taschen do Brasil), para retratar locais praticamente intocados pelo homem. “Fizemos uma grande pesquisa e vimos que 46% das áreas do planeta estão praticamente intocadas. O ser humano já destruiu mais da metade, mas 46% ainda estão aí, como no dia da gênesis! É preciso preservar hoje para poder sobreviver amanhã”, declarou.

Já a entrevista com Lester Brown (IS14) consolidava a complexidade da inter-relação entre os drivers social e ambiental. Quando difundia no Brasil o conteúdo de seu livro Plan B 3.0: Mobilizing to Save Civilization, em 2008, o pensador conversou com a revista sobre a urgência da opção por um desenvolvimento seguro, baseado na taxação da queima de combustíveis fósseis e no incentivo à produção e uso de energias renováveis. Com obras traduzidas para mais de 40 idiomas, Brown defende pelos quatro cantos do planeta que “as corporações precisam reconhecer que também são responsáveis pela manutenção da vida na Terra”. Durante o papo, sentenciou: “Se quisermos ter uma chance de salvar a civilização, teremos de cortar algo em torno de 80% das emissões de carbono, até 2020. Se todos não tomarmos parte no futuro, fracassaremos.”

Além de apresentar as ideias de Brown ao Brasil, por meio da revista, no ano seguinte Ideia Sustentável também foi responsável pela versão brasileira atualizada de Plano B 4.0, tendo traduzido, coordenado e coproduzido a edição.

A Renascença verde é mais uma entrevista histórica de Ideia Sustentável. O físico e escritor austríaco Fritjof Capra compartilhou com os leitores sua visão pessoal de que Leonardo da Vinci foi uma espécie de precursor da sustentabilidade, devido ao fato de ter proposto uma síntese muito peculiar entre arte, ciência e tecnologia. Confrontado com a temática da consultoria, cada vez mais focada no papel das empresas, o principal teórico do pensamento sistêmico foi direto ao ponto: “As companhias precisam reavaliar seus processos de produção e serviços para determinar quais deles são ecologicamente destrutivos e que, por isso, devem ser substituídos.”

Estudos aprofundados
Quando Ideia Sustentável chegou à 14ª edição, iniciou uma série de grandes estudos que muito contribuiu para consolidar a empresa como referência no tema da sustentabilidade corporativa. Dossiê Verde apresenta balanços profundos e analíticos sobre temas em evolução, com dados quantitativos e qualitativos, indicadores, gráficos e tendências.

Ao mesmo tempo, os conteúdos resultantes do trabalho da consultoria alimentam a produção dos Dossiês. Laboratório de líderes (IS29) é um exemplo. Decorrente do livro escrito por Voltolini, o texto reúne uma grande quantidade de informações sobre o tema, identificando e analisando os mais importantes requisitos no processo de formação de gestores para os novos tempos: treinamento, comunicação, colaboração, voluntariado, indicadores de sucesso e tecnologia.

Na mesma linha de educação, liderança e sustentabilidade, Escolas de líderes sustentáveis (IS31) apresentou ideias e práticas de 10 grandes empresas que têm se destacado no tema, no Brasil, a partir de entrevistas com seus presidentes. Além de descrever quem são eles, como agem e pensam, o estudo aponta caminhos para a formação desses novos líderes tanto dentro – com programas internos – quanto fora das empresas – parcerias com universidades e escolas de negócios.

Pela complexidade e profundidade dos estudos publicados na seção, eles constituem materiais consistentes e de leitura atemporal. Nota-se, pelos mais antigos, como Greenwashing no Brasil e Rótulos, selos e certificações verdes, que continuam entre os conteúdos mais lidos do portal Ideia Sustentável, repercutindo amplamente nas redes sociais.

Reflexão para a ação

Ideias e ideais são artigos perenes. Uma conversa com o lendário criador do Grupo Odebrecht, “o doutor Norberto”, em 2006, prova isso. O papo rendeu uma das mais ricas edições da seção Réplicas (IS04).

Verdadeiro pensador do investimento e da responsabilidade social corporativa – à época entre os principais focos de trabalho da consultoria –, Norberto Odebrecht dividiu mais do que ideias com os leitores; compartilhou conhecimento. A matéria apresenta métodos de intervenção inteligentes, tipos de capitais, papéis específicos de cada parte envolvida em uma parceria, protagonismo juvenil e as competências necessárias a quem pretende contribuir diretamente com a sociedade.

Ainda na linha mais voltada à valorização do pilar social, Stuart Hart, hoje um dos mais respeitados consultores em sustentabilidade do mundo, refletiu em Arte de conciliar aspirações do mercado com as das comunidades mais pobres (IS12) sobre o papel das grandes empresas, que, segundo ele, devem atuar nos negócios sociais e inclusivos se quiserem ser sustentáveis. Para tanto, as lideranças precisam estar atentas e dispostas a vencer os céticos. Nesse sentido, Satish Kumar, fundador da Schumacher College, na Inglaterra, contribuiu com sua filosofia, que prega a integração entre meio ambiente, pessoas e espiritualidade. Segundo ele, a característica mais importante para um líder dos tempos atuais é a humildade.

Já o sociólogo italiano Domenico de Masi defendeu que a chave para o novo modelo econômico está na criatividade, em IS30. “No mundo todo, tenta-se criar um novo sistema. O Brasil está em vantagem para isso. É uma democracia que cresce, reduz distâncias sociais e não está em guerra com ninguém”, explicou. De Masi discorreu sobre economia criativa, publicidade e mídia, trabalho e ócio, quebra de paradigmas, entre outros importantes temas da atualidade.

Por meio de pensadores e ideias originais, a seção provoca o público a deixar o lugar comum e fazer a diferença na empresa, na sociedade, no mundo.

Visão de futuro

A seção Tendência destaca-se por trazer estudos e indicadores que mostram os rumos das discussões (e ações) de sustentabilidade. O radar da consultoria indica o sentido, e a revista aprofunda as novidades. Os conteúdos não são oferecidos apenas como dados, mas na forma de textos articulados que procuram apresentar uma análise complexa dos cenários atual e futuro.

Descobrindo o segundo setor e meio, por exemplo, foi a primeira matéria de Tendência publicada na revista e analisava o então crescente movimento de organizações sociais rumo a uma lógica de gestão privada – mudança acompanhada de perto por Ideia Sustentável. O texto aponta os caminhos que levaram o debate ao estágio em questão e dita o tom de qualidade de uma das mais importantes seções da revista.

Com a mesma qualidade de apuração, Inserir ou não a responsabilidade social na propaganda de marca? Eis a questão (IS07) abrangia todos os dilemas técnicos e éticos para oferecer o conteúdo mais completo possível ao leitor. Especialistas e documentos ajudaram a constatar que propagandas podem reforçar crenças e valores de determinada marca, mas não devem divulgar ações como um simples marketing. Além disso, a matéria traz conclusões interessantes da consultoria, como a necessidade de se comunicar “para dentro” os valores que a empresa pretende transmitir à sociedade, devido ao discernimento cada vez maior do consumidor em relação à coerência entre discurso e prática.

A onda da publicação de relatórios de sustentabilidade pelas empresas gerou dois capítulos especiais em IS13. Especialistas foram ouvidos para destacar problemas na produção desses veículos – como a publicidade no lugar da informação – e indicar caminhos para um futuro melhor comunicado. A principal tendência detectada foi a integração de práticas socioambientais às estratégias das organizações, ou seja, superar o uso de medidas pontuais e levar o tema para o core business, movimento sempre presente nos serviços prestados por Ideia Sustentável.

Fabián Echegaray, Ph.D em Ciência Política pela Universidade de Connecticut (EUA), é um fiel analista de tendências da revista. Ele observa nos mínimos detalhes os mais recentes estudos da Market Analysis, instituto de pesquisas especializado em sustentabilidade e responsabilidade social do qual é diretor. São conteúdos ora focados no Brasil ora globais, que mostram o comportamento de consumidores, empresas e instituições diante dos desafios socioambientais. Para discutir essas questões identificadas pela empresa, as páginas da revista sempre contaram com verdadeiras autoridades em seus respectivos temas.

Pluralidade de ideias

Como empresa, Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade sempre se preocupou com a pluralidade de reflexões acerca dos temas com os quais trabalha. O mesmo acontece na revista, em especial na seção Opinião, que reúne artigos de especialistas em diversos temas da sustentabilidade corporativa, oferecendo suas reflexões e compondo um amplo painel para que o leitor possa formar suas próprias opiniões.

Logo na estreia da revista, um dos mais importantes nomes da sustentabilidade no país contribuiu com artigo especial. Em Os desafios atuais da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil, Ricardo Young, então presidente executivo do UniEthos, ofereceu uma verdadeira aula para as empresas atentas ao tema direcionarem melhor as suas ações (e também para as que ainda estavam resistentes em acordar para o futuro). “A performance não depende apenas dos serviços prestados, dos produtos vendidos e do lucro auferido, mas também do impacto da organização sobre o bem-estar humano”, defendia. Não em vão, 23 edições depois (IS24), Young seria convocado como entrevistado especial para fazer o balanço da década em relação aos avanços da sustentabilidade empresarial no Brasil e no mundo.

Ray Anderson, fundador e chairman da InterfaceFlor (falecido em 2011), também está entre as grandes personalidades a assinar artigo exclusivo na revista. Em Criando uma cultura de sustentabilidade na empresa (IS12), o renomado líder vale-se do processo de mudança de sua própria organização: do completo desconhecimento a respeito dos impactos ambientais para um exemplo de nível mundial. “Apenas a iniciativa de eliminar resíduos gerou uma economia de US$ 372 milhões, em 13 anos, mais do que suficiente para cobrir todos os investimentos e as despesas incluídas no esforço de implantar a nova visão da Interface”, afirmou Anderson, numa clara provocação à falsa ideia de sustentabilidade como custo em vez de investimento.

Para aumentar a lista de “nomes de peso”, Peter Senge, autor do livro A Quinta Disciplina, best-seller mundial com mais de 60 milhões de cópias vendidas, discorreu sobre uma das principais preocupações de Ideia Sustentável: a educação para a sustentabilidade. Segundo ele, essa formação consiste em criar a consciência de que é preciso querer aprender a conviver, ou seja, respeitar não só o próximo como o próprio mundo.

Também contribuiu com a revista Ladislau Dowbor, professor titular em Economia e Administração da PUC-SP. No artigo Tecnologias sociais, responsabilidade social e racionalidade econômica (IS05), ele refletiu sobre uma forte característica brasileira – a subutilização de recursos – e ressaltou o desperdício de potenciais financeiros e humanos no país, além de propor soluções integradas com a participação de atores civis, empresas e universidades. A presença de um acadêmico na revista já apontava para um dos principais focos de atuação da consultoria atualmente: a inserção do tema na formação educacional dos futuros líderes do país.

Sobre isso, já na nona edição da revista, Ricardo Voltolini escreveu o artigo O desafio de formar líderes sustentáveis. Sob a inspiração das ideias e teorias de Peter Drucker e do empreendedorismo de Zilda Arns, usou sua coluna Pensamento Sustentável para atentar os leitores quanto ao grande movimento em torno da formação de gestores diferenciados, conscientes das preocupações e necessidades do século XXI. Por esse motivo, inclusive, a revista conta com a contribuição regular de Aileen Ionescu-Somers, diretora do Centro Global de Liderança Sustentável (CSL) do IMD, na Suíça – uma das principais escolas de negócios da Europa – e seus artigos repletos de informações atuais e privilegiadas.

Já o jornalista, crítico e professor Sérgio Rizzo comanda a coluna Cinema Sustentável, em que acompanha os avanços da representação da sustentabilidade pela sétima arte. De olho nos grandes temas da consultoria, o articulista escreveu, por exemplo, Lições de liderança em oceano de incertezas (IS09), artigo no qual cita exemplos de personagens/líderes atentos às necessidades dos dias atuais.

Recentemente, outro grande nome da sustentabilidade passou a integrar o time de articulistas de Ideia Sustentável: John Elkington, lendário criador do conceito do triple bottom line. O fundador da Volans escreveu sobre educação e linguagem para IS32, edição especial sobre as escolas que mais têm se destacado ao redor do mundo na adaptação de currículos para a sustentabilidade.

A partir da edição 20, Ideia Sustentável passou a publicar, também, artigos de presidentes e representantes da alta liderança das empresas, na seção Liderança Sustentável. Nomes como Fábio Barbosa (Abril S.A.), Paulo Nigro (Tetra Pak), Alessandro Carlucci (Natura), José Luciano Penido (Fibria), Franklin Feder (Alcoa), Andrea Alvares (PepsiCo), Marise Barroso, entre outros, já compartilharam com o leitor suas visões sobre o desafio atual da liderança para os novos tempos.

Contribuições como essas tornam incomparável o acervo da revista – e refletem a credibilidade dos serviços prestados pela consultoria nestes 20 anos.

Dicas para inovar

Antenada com os grandes temas, Ideia Sustentável, já em 2005, tratava da evolução das redes sociais, com o advento das mídias digitais e suas contribuições para o desenvolvimento do país.

Em IS02, por exemplo, a seção Boa Ideia já ressaltava as diversas características ligadas à evolução das redes, como engajamento, voluntariado, comunidade, interdependência, coletividade e horizontalidade, todas disseminadas pela consultoria entre organizações do terceiro setor, inicialmente, e, mais adiante, nas empresas. O que parecia impossível afirmar, há 20 anos, hoje é uma máxima: os atributos identificados, à época, tornaram-se essenciais, hoje, a qualquer empreendimento que busque se firmar no mercado.

Construir redes de mobilização é uma das formas de contribuição para a sustentabilidade das empresas, pois, articuladas, geram resultados mais efetivos. Parte dessa constatação veio do atendimento a grupos empresariais como Odebrecht e Gerdau, que, já em 2009, conectavam-se com as comunidades de seu entorno, capacitando-as para gerar o seu próprio desenvolvimento, por meio do incentivo ao protagonismo juvenil.

Outra boa ideia identificada pelo Observatório de Tendências de Ideia Sustentável que circulou nas páginas da revista foi o estudo Economia Fênix, realizado pela Volans, que apontava novos modelos de negócios emergentes da crise econômica com base na inovação sustentável. Nestas páginas, portanto, boas ideias não faltam!

Aplicação prática

Em 2006, quando saiu a quarta edição de Ideia Sustentável, já havia um consenso entre os especialistas da sustentabilidade: resultados financeiros não garantem que uma empresa esteja no caminho certo. Por isso, o sistema batizado de Balanced Scorecard foi alvo da seção Ferramenta. Esse instrumento de gestão, desenvolvido pelos professores Robert Kaplan e David Norton e já popularizado no mundo empresarial, também poderia ser utilizado pelo terceiro setor – foco da consultoria à época.

Trata-se de um método que define variáveis de controle e metas para conduzir a organização ao desempenho positivo e crescimento seguro. Visa ao equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e não financeiras, indicadores de tendências e ocorrências e entre perspectivas internas e externas. Ideia Sustentável não apenas apresentou a ferramenta entre as organizações sociais como também sintetizou etapas e formas de aplicá-la.

A seção trouxe ainda outra pauta da consultoria: um guia para a formulação de relatórios de sustentabilidade ideais, isto é, sistêmicos na coleta de dados, precisos e objetivos na exposição. A transparência, princípio fundamental de Ideia Sustentável, foi um dos principais pontos abordados na matéria, ditando a qualidade do conteúdo e a relevância de sua produção para o mercado e a sociedade. Quatro especialistas foram ouvidos para a elaboração do texto, cujas ideias estão sintetizadas em O certo e o errado no relatório de sustentabilidade (IS08).

Ciente da representatividade da ISO 26.000, que apontava caminhos para o estabelecimento de padrões de responsabilidade social nas empresas, Ideia Sustentável transformou a novidade em pauta de IS20. Desenvolvida pela International Organization for Standartization, a norma tem como princípios a transparência, o comportamento ético, respeito aos stakeholders, universalidade dos direitos humanos, entre outros. E é um verdadeiro marco da gestão da sustentabilidade corporativa.

Opostos complementares

Um dos preceitos do trabalho de Ideia Sustentável sempre foi a valorização da pluralidade de opiniões a respeito das tendências em sustentabilidade. Além dos artigos de opinião, um bom exemplo dessa tradução, na revista, é a seção Ponto de Vista, na qual especialistas defendem argumentos opostos sobre determinado tema.

Vale mencionar, aqui, o caso de IS20. Antenada com as necessidades e oportunidades que a redução das emissões de gases de efeito estufa pode representar para as empresas – principal público-alvo da publicação -, Ideia Sustentável lançou a pergunta: “O Brasil já se posiciona como uma potência na transição para uma economia de baixo carbono?” De um lado, os acadêmicos Sérgio Besserman (economista e professor da PUC do Rio de Janeiro) e José Goldemberg (professor da USP e um dos maiores especialistas em energia do país) afirmavam que não. Para eles, além de ações efetivas, ainda faltava ao Brasil a gestão do conhecimento e o planejamento necessários.  De outro lado, Júlio Cardoso (integrante do grupo de trabalho sobre política industrial sustentável da Comissão Europeia) e Peter Madden (executivo da organização britânica Forum for the Future) apostavam no sim. Para eles, a disponibilidade de fontes limpas de energia e uma certa “resiliência climática” contavam pontos em favor do país, já em 2010. Visões distintas, mas complementares. Fundamentais, portanto, para embasar o ponto de vista também do leitor.

Empreendedorismo humano

A seção Faz Diferença (antigo Vida Solidária) surge da necessidade de valorizar as ações daqueles que, com sua determinação pessoal, são capazes de mudar a vida de pessoas e comunidades, contribuindo para transformar o mundo num lugar melhor. Uma forma, também, de inspirar clientes, mobilizar o público e aprender.

Não sem motivo, portanto, Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria, foi o primeiro personagem desta seção. A reportagem, no primeiro número da revista, trazia as lições de solidariedade, respeito ao próximo e criatividade do entrevistado; mas também suas boas práticas de gestão e compromisso ético. O conjunto da obra é um passo a passo para quem almeja o sucesso de quaisquer ações sociais ou mesmo empresariais. “O êxito de uma organização depende mais de planejamento e estruturação do que de verba”, ensinou Nogueira.

Outra doutora – esta, sim, médica de formação! – não poderia, absolutamente, ter ficado de fora. Em A doutora dos mais pobres entre os pobres, Zilda Arns, criadora da Pastoral da Criança, deu uma aula de gestão e tecnologia social. Ela se foi, inesperadamente, no terremoto do Haiti, em 2010, três anos após estampar a capa de IS07. Seu legado, no entanto, permanece sólido e inspirador, como um dos primeiros exemplos de liderança retratados na publicação: com sua capacidade de mobilização, a doutora Zilda organizou uma rede de 270 mil voluntários, moradores das próprias comunidades, que foram capazes de reduzir drasticamente a mortalidade e a desnutrição infantis no Brasil, chegando aonde o governo federal não conseguia chegar.

As ideias da ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, também balançaram o mundo e rechearam oito páginas da revista. Considerada a mãe do conceito de desenvolvimento sustentável, Gro dedicou grande parte da sua vida à defesa de que é possível conciliar progresso com respeito ao meio ambiente. A suavidade e a consistência de suas declarações mantêm o frescor e o poder de inspiração do perfil publicado em IS10. Água, energia, empresas, marcos regulatórios, modelos mentais, enfim, todos os temas (ainda) pertinentes e necessários a uma rica discussão sobre sustentabilidade estão nessas páginas mais do que especiais.

Tanto quanto às dedicadas a Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz de 2006, conhecido como pai do microcrédito. O “banqueiro dos pobres” encontrou uma situação de miséria tão grande em Bangladesh, em 1976, que começou a emprestar dinheiro às pessoas necessitadas. Na época, um financiamento de 27 dólares para 42 mulheres mudou a vida delas e deu origem ao Grameen Bank, uma instituição, hoje, com 8 milhões de clientes investidores. O caçador de utopias (IS11) não apenas trouxe os ensinamentos desse empreendedor que promoveu um dos mais extraordinários processos de redução da pobreza do mundo como também suas perspectivas e seus projetos de espalhar “empresas sociais” pelo planeta.

Foi a experiência de Yunnus, aliás, que inspirou outra personagem da seção Faz Diferença. Com apenas 25 anos de idade, Alessandra França fundou o Banco Pérola, uma instituição de microcrédito dedicada a financiar jovens empreendedores da periferia de Sorocaba, no interior de São Paulo. Depois da reportagem de Ideia Sustentável, em dezembro de 2010, Alessandra “estourou” na mídia. Hoje, o Banco Pérola já contabiliza mais de 1,3 milhão em empréstimos, impulsionando cerca de 350 empreendimentos.

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