Artigos – A imprensa precisa olhar mais para o social

Artigos – A imprensa precisa olhar mais para o social

Melhorou um pouco, mas a imprensa precisa falar mais sobre temas sociais. Somos um país com realidades distintas. Ao mesmo tempo que temos abundância em alimentação, educação e saúde para uns, temos o absurdo de ver todos os dias nas esquinas das grandes cidades crianças e adolescentes entregues aocrack , à falta de políticas públicas que ofereçam possibilidades de inserção. Assim temos seguido por muito tempo ao longo de anos e décadas: excluindo e oferecendo poucas possibilidades de inserção. Raramente a mídia registra as ações que vão ao contrário deste cenário cinza que nos rodeia cotidianamente.
Nem sempre há espaço ou se ressalta em manchetes as ações cidadãs e solidárias, muitas vezes solitárias que ONGs desenvolvem por este Brasil afora. Um exemplo claro: qual o grande jornal de circulação nacional que lançou um caderno para destacar as ações sociais, que são realizadas em nosso país? Qual grande rede comercial de televisão ou de rádio que já se dispôs a criar um programa que mostre os resultados das ações de cidadania que são responsáveis por este país não ter explodido ainda em uma guerra social sem fim? Iniciativas como a da Folha de S.Paulo com o Caderno Equilíbrio ou mesmo o “Estadão” com oVida & que abrem espaço e discutem questões ligadas à saúde e bem estar, podem se transformar em embriões para futuros cadernos que informem sobre empresas e ações sociais! A lógica do lucro, da vantagem sempre, do egoísmo, do capital em detrimento das pessoas segue pautando a vida, a imprensa, as grandes empresas, os globalizados conglomerados milionários e também as ações das pessoas que, vez ou outra, até se esquecem que são pessoas.
Não sou contra o lucro e me movo também por dinheiro, mas sigo preferindo gostar e trabalhar pelas pessoas. Este talvez seja o grande desafio do século 21: gente vir na frente! Gente ser respeitada. Gente ser ouvida. Gente ser trabalhada. Gente ser inserida. Trabalhos consolidados como os da AndiAdital eRepórter Social, que desenvolvem ações jornalísticas voltadas para que os profissionais de comunicação passem a se preocupar mais e dar espaço para os temas relacionados ao social, têm conseguido auxiliar a mídia e melhorar a abordagem do social na imprensa. Destaco ainda, publicações como as revistas Filantropia, Brasil Responsável, Conexão Social, Possível e esta Idéiasocial, nas quais o social é o foco. Podemos ter mais, ou precisamos de mais pautas na mídia que mostrem ações onde as pessoas são agentes de transformação e mudança.
Informação não é só poder: é transformação. Informamos para transformar, para ajudar a vida das pessoas a ser menos pesada, menos competitiva, menos complexa, menos ruim, menos fútil, menos medíocre. Todos os dias a vida nos convida a construir caminhos e alternativas para um mundo melhor. As ações que muita gente conhece e que nem sempre são manchetes de jornal, nos mostram sim que é possível, aliás, que é absolutamente necessário fazer algo mais.
*Roseli Tardelli, jornalista, apresentadora, produtora cultural e fundadora da Agência de Notícias da Aids

Inscreva-se em nossa newsletter e
receba tudo em primeira mão

Conteúdos relacionados

Entre em contato
1
Posso ajudar?