4º Estudo NEXT – Ferramentas de gestão para sustentabilidade – Desafio 4: Gerar valor compartilhado

4º Estudo NEXT – Ferramentas de gestão para sustentabilidade – Desafio 4: Gerar valor compartilhado

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Tornar tangíveis os capitais ambiental e, especialmente, o social, ainda objeto de muitas discussões, para conjugá-los com o financeiro e demonstrar a capacidade de gerar valor no curto, médio e longo prazos

Bom para a sociedade e para o negócio


Ter uma visão sistêmica ao tomar decisões e priorizar ações que gerem benefícios não apenas no curto, mas também no longo prazo, considerando o que é bom para o negócio e para as partes interessadas, é um dos principais desafios contemporâneos das organizações.

Os resultados de uma pesquisa realizada pela consultoria DOM Strategy Partners, entre março e julho de 2013 corroboram isso. O estudo identificou as 10 inconsistências de sustentabilidade mais comuns nas empresas. Entre as falhas mais recorrentes, estão a prevalência (71%) do viés unidimensional e/ou a ancoragem em apenas uma das três dimensões do Triple Bottom Line (TBL).

E é justamente o equilíbrio entre as dimensões o norte mais seguro e preciso para o planejamento da sustentabilidade corporativa.O peso e a importância atribuídos a cada uma delas são, obviamente, determinados segundo as prioridades de cada companhia e os impactos gerados por suas atividades.

Mas desconsiderar ou conferir menor ênfase a uma dimensão prejudica uma abordagem mais completa, na medida em que a empresa não consegue gerar valor compartilhado para funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, parceiros comerciais, órgãos reguladores, comunidade, entre outros stakeholders. Criar valor compartilhado significa priorizar políticas e práticas que aumentem a competitividade de uma empresa e, ao mesmo tempo, promovam a melhoria das condições econômicas e sociais onde atua.

Justamente para atender às demandas e expectativas de seus stakeholders é que as empresas têm procurado, nos últimos anos, prestar contas não só dos seus resultados econômico-financeiros, mas também do seu desempenho socioambiental.

Diferentes ferramentas de gestão em sustentabilidade como Global Reporting Initiative,  Carbon Disclosure Project, Dow Jones Sustainability Index, SIGMA Sustainability Scorecard, Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) se consolidaram no mundo corporativo, proporcionando às empresas um valioso exercício no sentido de identificar seus impactos e gerir riscos, assim como oportunidades de tornar seus negócios mais competitivos.

Atentas a isso, organizações responsáveis por padrões de relato, ONGs, investidores, empresas, profissionais de contabilidade e reguladores iniciaram um movimento que culminou na criação de um modelo para o relato integrado (RI).

Trata-se do International Integrated Reporting Council Framework (que conecta as informações mais relevantes da organização, correlacionando os resultados, as atividades operacionais, as estratégias de negócio e os diferentes tipos de capitais (humano, financeiro, intelectual, manufaturado, natural e social e de relacionamento). Esse modelo de relato tem o objetivo de projetar o futuro, comunicando aos stakeholders informações estratégicas que permitam uma análise mais precisa no curto, médio e longo prazos.

O ReIato Integrado – com foco estratégico em investidores – é uma tentativa de viabilizar o conceito que Michael Porter e Mark Kramer denominaram de criação de valor compartilhado, desafiando gestores de empresas a pautar suas ações pela noção de que “o que é bom para a sociedade é bom também para o negócio”, não mais o inverso.

Assim, o RI sintetiza a noção do valor compartilhado, na medida em que conjuga informações financeiras e não financeiras para demonstrar a capacidade das corporações de gerar valor ao longo do tempo e seu uso e seus impactos sobre os diferentes capitais.

Segundo estudo da consultoria europeia de comunicação Black Sun e do International Integrated Reporting Council (IIRC), divulgado no ano passado, 97% das organizações afirmam que o RI aprimora a percepção sobre como podem criar (ou destruir) valor. Além disso, 79% atribuem a ele melhorias nos processos decisórios, e 65%, benefícios de longo prazo, colaborando para a maior eficiência da gestão do que é mensurado.

Ao buscar zonas de intersecção cada vez maiores entre os interesses da sociedade e das empresas, um modelo como o RI enseja uma nova forma de pensar lucro e resultados.

O conhecimento sobre a própria empresa, o estabelecimento de uma missão clara e estratégias bem elaboradas abrem caminho para uma gestão efetiva dos desafios ambientais e sociais. A atividade de mensurar impactos sociais, porém, pressupõe um debate em torno de várias questões, entre as quais vale destacar: como medir precisamente a satisfação de funcionários? Como usar métricas para traduzir questões subjetivas? Quais os seus efeitos sobre o negócio?

A tabela, a seguir, demonstra a geração de resultados econômicos e sociais decorrentes da compreensão de valor compartilhado.

Resultados econômicos e sociais  por tipo de valor compartilhado

Como gerar valor compartilhado Resultados do negócio Resultados sociais
 
Redefinir produtos e mercados:
Como focar as necessidades não atendidas leva ao aumento da receita e dos lucros
*Aumento da receita
*Aumento do market share
*Crescimento de mercado
*Redução da pegada de carbono
*Melhoria da educação
Redefinir a produtividade na cadeia de valor:
Como uma gestão melhor das operações internas aumenta a produtividade e reduz riscos
*Melhoria da produtividade
*Redução dos custos logísticos e operacionais
*Fornecimento garantido *Melhoria da qualidade
*Melhoria da lucratividade
*Uso de energia reduzido
*Uso de água reduzido
*Uso de matéria-prima reduzido
*Melhoria das habilidades de trabalho
*Melhoria nos salários dos empregados
Apoiar o desenvolvimento local: Como mudar condições sociais fora da empresa permite um novo crescimento e ganhos de produtividade *Custos reduzidos
*Fornecimento garantido
*Melhoria da infraestrutura de distribuição
*Melhoria da lucratividade
*Melhoria da educação
*Aumento da criação de emprego
*Melhoria na saúde
*Melhoria salarial

Fonte: Michael E. Porter, Greg Hills, Marc Pfitzer, Sonja Patscheke, e Elizabeth Hawkins. Measuring Shared Value How to Unlock Value by Linking Social and Business Results. 2011.

Na tentativa de auxiliar as organizações a medir seus impactos com precisão, os autores Marc J. Epstein e Kristi Yuthas publicaram em 2014 o livro Measuring and Improving Social Impacts: A Guide for Nonprofits, Companies, and Impact Investors (Medindo e Melhorando Impactos Sociais: Um Guia para ONGs, Empresas e Investidores de Impacto), em que propõem um Ciclo de Criação de Impacto Social.

Por meio dele, delimitam um plano inicial para que as organizações possam se estruturar, desenvolver programas mais assertivos de mensuração e relacioná-los com a estratégia e a missão empresarial (saiba mais em Caminho das Pedras).

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